Manchas de óleo atingem 99 locais no litoral do Nordeste e origem é petróleo que não é do Brasil, diz Ibama

Tartarugas cobertas de óleos foram encontradas em praias do litoral nordestino — Foto: Instituto Verdeluz/Divulgação

Tartarugas cobertas de óleos foram encontradas em praias do litoral nordestino — Foto: Instituto Verdeluz/Divulgação

26/09/2019 - 14h57

As manchas negras que têm aparecido em praias do Nordeste desde o início de setembro já atingiram 99 locais em 46 municípios de 8 estados, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Uma investigação do órgão aponta que o óleo que está poluindo as praias têm a mesma origem, mas ainda não é possível afirmar de onde ele viria. Segundo a Petrobras, trata-se de óleo cru, que não é produzido no Brasil.

Confira quantos locais foram atingidos em cada estado, segundo o Ibama:

Alagoas: 12 locais

Ceará: 6 locais

Maranhão: 9 locais

Paraíba: 16 locais

Pernambuco: 16 locais

Rio Grande do Norte: 46 locais

Sergipe: 4 locais

Animais afetados

O óleo já atingiu ao menos nove tartarugas e uma ave bobo-pequeno ou furabucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração. Segundo o Ibama, uma das tartarugas foi devolvida ao mar e outra foi encaminhada a um centro de reabilitação. Sete tartarugas foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. A ave também não resistiu ao óleo.

Confira abaixo a lista:

1/9 - 1 tartaruga marinha - Praia de Sabiaguaba, Fortaleza (CE) - morta

4/9 - 2 tartarugas marinhas - Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho (PE) - morta

7/9 - 1 ave bobo pequeno - Praia de Cumbuco, Caucaia (CE) - morta

11/9 - 1 tartaruga marinha - Praia de Jacumã, Ceará-Mirim (RN) - viva

16/9 - 1 tartaruga marinha - Ilha dos Poldos, Aroises (MA) - morta

22/9 - 1 tartaruga marinha - Praia de Itatinga, Alcântara (RN) - viva

22/9 - 1 tartaruga marinha - Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) - morta

23/9 - 1 tartaruga marinha - Praia da Redinha Nova, Extremoz (RN) - viva

24/9 - 1 tartaruga marinha - Jericoacoara, Jijoca de Jericoacoara (RN) - morta

"Um dos pontos que chamam mais a atenção neste caso é a fragilidade do sistema de fiscalização e monitoramento da costa, que está enfraquecido. Isso traz graves consequências e um dos reflexos são as manchas de óleo, que ninguém sabe de onde vem. Se tivéssemos fiscalização marinha, isso não aconteceria", afirma Anna Carolina Lobo, gerente dos programas Marinho e Mata Atlântica do WWF-Brasil.

Nas redes sociais é possível ver moradores compartilhando vídeos e fotos dos bichos cobertos por óleo negro. A recomendação do Ibama é que, nestes casos, a população acione os órgãos ambientais competentes para que os animais sejam avaliados antes de devolvidos ao mar.

Até o momento, não há sinais de que peixes e crustáceos estejam contaminados, de acordo com o Ibama, mas o instituto recomenda que banhistas e pescadores não tenham contato com o óleo.

O Ibama pediu apoio à Petrobras para fazer a limpeza das praias e a empresa afirmou que vai disponibilizar 100 pessoas para o trabalho. O G1 perguntou ao Ibama quando a limpeza deverá começar, e aguarda retorno do órgão.

Situação nos estados

Alagoas

De acordo com o Ibama, foram registrados 12 pontos com manchas de óleo no estado:

Japaratinga - Praia de Japaratinga

Maceió - Pajuçara/Ponta Verde

Natal - Praia do Forte

Passo de Camaragibe - Praia do Carro Quebrado

Marechal Deodoro - Praia do Francês

Barra de São Miguel - Barra de São Miguel

Marechal Deodoro - Lot. Encontro do Mar

Barra de Santo Antônio - Barra de Santo Antônio

Barreirinhas - Praia Canto do Atins

Roteiro - 2 pontos na Praia do Gunga

Paripueira - Paripueira

As manchas nas praias de Jatiúca e Ponta Verde, em Maceióforam identificadas no dia 17 de setembro. Uma substância semelhante apareceu nas praias de Guaxuma e Maragogi, também no litoral alagoano. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, a Marinha e o Ibama foram acionados para analisar a substância e identificar de onde o material veio.

Ceará

De acordo com o Ibama, foram registrados 6 pontos com manchas de óleo no estado:

Aquiraz - Praia da Prainha

Beberibe - Não informado

Cascavel - Não informado

Paracuru - Paracuru

São Gonçalo do Amarante - 2 pontos na Praia de Taíba

Embora não tenha sido registrado pelo Ibama, banhistas relataram ter visto uma substância semelhante no sábado (21) nas praias do Futuro, Porto das Dunas e Sabiguaba, em Fortaleza; Cumbuco, na Região Metropolitana da capital; de Fortim, no Litoral Leste; e Mundaú, no Litoral Oeste. Uma tartaruga e uma ave marinha foram afetadas pelo material (veja vídeo acima).

Segundo a Divisão Técnico-Ambiental do Ibama no Ceará, os municípios que registraram aparecimento da substância devem ser notificados sobre como proceder em relação ao problema.

Maranhão

De acordo com o Ibama, foram registrados 9 pontos com manchas de óleo no estado:

Araioses - Ilha dos Poldos

Barreirinhas - Atins

Ilha Grande - Ilha dos Poldos

Paulino Neves - Praia do Barro Vermelho

Alcântara - Praia de Itatinga, Ilha do Livramento e Praia da Mamuna

Santo Amaro do Maranhão - Travosa e Santo Amaro do Maranhão

No Maranhão, uma tartaruga-marinha foi encontrada morta na segunda (22). O animal foi recolhido na praia de Itatinga, no município de Alcântara, a 30 km de São Luís. Segundo o banhista que encontrou o animal, havia manchas de óleo na areia da praia e a tartaruga estava agitada (veja vídeo acima).

Paraíba

De acordo com o Ibama, foram registrados 16 pontos com manchas de óleo no estado:

Rio Tinto - Barra do Mamanguape, Campina, Lagoa de Praia e Oiteiro

Pitimbu - Praia Bela

Conde - Praia de Jacumã, Tambaba, Praia do Amor e Praia de Gramame

João Pessoa - Tambaú e Cabo Branco

Cabedelo - Intermares, Praia do Poço, Praia de Camboinha, e Praia Formosa

Mataraca - Barra do rio Camaratuba

No início de setembro, houve registro de manchas escuras nas praias do Bessa e de Manaíra, em João Pessoa. Banhistas que passaram pelas localidades, entre eles crianças, ficaram com o material grudado no corpo.

O Ibama tem sobrevoado a costa do litoral paraibano e encontrou pequenos pontos de manchas que atingiram quase todas as praias do estado. O material foi coletado e encaminhado para análise.

Pernambuco

No início de setembro, manchas escuras foram encontradas por banhistas na praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Segundo a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), o material também foi visto nas praias Del Chifre, em Olinda; Candeias, em Jaboatão dos Guararapes; Gamboa, em Ipojuca; Ilha de Cocaia e Paiva, no Cabo de Santo Agostinho; e Carneiros e Tamandaré. Duas tartarugas foram afetadas.

Segundo a CPRH, o aparecimento de manchas não tem relação com o vazamento de óleo na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), registrado dias antes. A substância que vazou não chegou ao mar, segundo a Agência, e tem densidade diferente do piche encontrado nas praias do litoral pernambucano (veja vídeo acima).

Rio Grande do Norte

De acordo com o MMA, as primeiras manchas foram vistas em Natal, na praia da Via Costeira, e Muriú, em Ceará-Mirim, na Grande Natal. Também houve registro de manchas nas praias de Camurupim, em Nísia Floresta; e em Pipa, no município de Tibau do Sul. As áreas mais afetadas até esta terça (24) são as praias de Pirambúzios e Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta, e a foz dos rios Pirangi do Sul e Pium.

Na segunda (23), uma tartaruga da espécie oliva foi encontrada morta e coberta por óleo na praia de Redinha, em Extremoz. O animal apresentava a substância no casco e na mucosa da cavidade oral. Profissionais do Aquário de Natal recolheram a tartaruga e iniciaram o tratamento.

Piauí

A coordenação de emergência do Ibama também encontrou manchas escuras na Ilha dos Poldros, no Delta do Parnaíba. Na área, um surfista encontrou uma tartaruga morta e coberta por óleo (veja vídeo acima).

De acordo com o chefe da Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba, Daniel Castro, as praias do estado não foram atingidas pelas manchas devido à força da correnteza do Rio Parnaíba e das correntezas marítimas da região.

Sergipe

As manchas atingiram pontos na praia de Pirambu e nos municípios de Barra dos Coqueiros e Pacatuba.


  • por
  • Jornal Regional



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