Entenda como o frio pode agravar a pandemia em SC

23/04/2021 - 08h06

A chegada do frio do inverno em Santa Catarina preocupa especialistas e o poder público. O cenário propícia o aumento de doenças respiratórias e a disseminação da Covid-19, em um momento em que a pandemia lotou hospitais e a infecção exige mais tempo de internação.

É uma situação nova na pandemia. No mesmo período de 2020, ainda iniciava a primeira onda de transmissão. Agora o vírus está mais letal e o Estado já conta com cerca de 20 mil casos ativos, segundo o boletim epidemiológico desta quarta-feira (21).

“Com o aumento no inverno, podemos ter a pior onda da Covid-19”, afirmou nesta terça-feira (20) Eduardo Macário, superintendente de Vigilância em Saúde do Estado. Além da queda de casos, é necessário diminuir a pressão nos hospitais.

Há outros aspectos que diferem o cenário deste ano, segundo Fabiana Schuelter Trevisol, professora e epidemiologista da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina). Dentre eles, a maior flexibilização das medidas e o maior descuidado da população.

Por que o frio impulsiona transmissão?

Há três motivos que explicam aumento de casos: as pessoas ficam mais em ambientes fechados, as células de defesa circulam mais lentamente e o vírus tem mais facilidade em aderir ao corpo. “As janelas ficam mais fechadas para manter o calor, e o ar não é renovado”, alerta Trevisol. É necessário ter preocupação redobrada com o arejamento dos ambientes.

As outras duas mudanças ocorrem no nosso organismo: no frio, ocorre o fenômeno da “vasoconstrição” – quando os vasos sanguíneos se contraem, para evitar a perda de calor. O sangue desacelera, dificultando que células de defesa cheguem rapidamente e combatam os vírus. Uma das formas de contornar é mantendo nosso corpo aquecido.

Outra consequência do frio é a produção do muco – a secreção que saí do nariz. O que ajuda a manter o corpo quente é também uma porta de entrada para o vírus, que consegue “grudar” mais facilmente no nosso corpo.

Hospitais lotados e gripe

O frio também aumenta os casos de gripe, que tem sintomas semelhantes que a Covid-19. Apesar de não proteger contra o coronavírus, a vacinação contra a influenza é recomendada para evitar o adoecimento.”Estas doenças também requerem internação”, ressalta Trevisol.

Santa Catarina teve uma queda no número de casos ativos de Covid-19, que reduziram 26% nas duas últimas semanas, segundo o último mapa de risco, divulgado no sábado (17). Mas os hospitais seguem lotados – 80 pacientes aguardavam leito de UTI nesta quarta-feira (21), número que caiu 79% em um mês.

“Por mais que os casos e as internações caiam, as pessoas estão ficando mais tempo em UTI”, segundo Trevisol. Se nos primeiros meses de pandemia os pacientes ficavam, em média, 21 dias internados, hoje a média saltou para 30. Dentre os motivos está a maior gravidade das infecções causadas pela novas cepas.

Queda precisa ser mantida

O superintendente afirma que Santa Catarina já enfrentou três ondas de Covid-19. A primeira ocorreu entre os meses de maio e julho de 2020, quando começou o inverno, enquanto a segunda ocorreu entre os meses de novembro e dezembro.

De acordo com Macário, a atual onda começou em março, sendo a mais grave. Apesar da tendência de queda, ele não descarta um possível prolongamento. “Se tiver aumento brusco na próxima semana, pode ser fatal para o sistema” afirma o superintendente.

Além dos cuidados já citados, é necessário que o Estado avance com mais força na vacinação. “Teríamos que ter pelo menos 65% da população vacinada para começar a controlar a Covid-19”, conforme Trevisol. Até esta quarta-feira (21), 899,5 mil catarinense receberam a primeira dose da vacina. Destes, pouco mais de 377 mil receberam a segunda.

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  • Jornal Regional



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