Apesar da
apresentação do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) na segunda-feira (31),
o texto ainda tem um longo caminho a percorrer dentro do Congresso Nacional
antes de ser aprovado. O primeiro passo é a reinstalação da Comissão Mista do Orçamento
(CMO), etapa imprescindível para a análise do tema. A questão que pode atrasar
a tramitação da PLOA é que um outro assunto precisa ser pautado antes: o
projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O texto, que define o
contorno do que deve conter a LOA, que é mais específica, foi enviado ao
Congresso em abril, mas não foi votado até hoje. O motivo é o mesmo: com a
pandemia do novo coronavírus, a CMO segue suspensa.
Nesse cenário, a
mesa diretora do Congresso Nacional precisa encontrar uma forma de reinstalar a
comissão. O tema já está em discussão no governo e no Congresso, uma vez que a
relatoria já foi entregue ao senador Márcio Bittar (MDB-AC), que também é
relator da PEC do Pacto Federativo. Ele defende a desvinculação das verbas para
educação, ou seja, que o dinheiro destinado a essa área fique livre para que o
governo gaste em outros setores.
“Não há como
congelar a pobreza por três anos enquanto a economia se recupera. Temos que
continuar investindo em infraestrutura senão essas regiões não vão sair da
pobreza nunca”, defendeu o parlamentar.
Pouco espaço para mudanças
O projeto
apresentado pelo governo na segunda-feira gerou repercussão no Congresso por
prever diminuição de receita em diversos setores, como educação e saúde. Também
gerou críticas o fato do salário mínimo ter sido mantido estável, apenas
reajustado de acordo com a inflação. O valor deve passar de R$ 1.045 para R$
1.067. Para o cientista político da consultoria Arko Advice, Cristiano Noronha,
há pouca chance das críticas se converterem em alguma mudança no projeto.
“Como o orçamento
está vinculado a um teto de gastos, é difícil que o Legislativo tenha espaço
para manobrar grandes mudanças. É como a questão do salário mínimo. O Congresso
vai fazer um embate político sobre o assunto? Vai. Mas a possibilidade do
Congresso aumentar o salário mínimo para além disso é quase nenhuma”, analisa.
Noronha ainda
avalia que não há espaço para que a discussão do orçamento seja feita às
pressas. “É na comissão que se discutem os relatórios de cada setor, as emendas
parlamentares, as emendas de bancadas. Além disso, a Câmara já reinstalou o
Conselho de Ética, a CCJ, a Comissão de Finanças e Tributação, por exemplo, tem
funcionando de forma virtual nas comissões mistas sobre a pandemia e sobre a
reforma tributária”, explica.
O PLOA de 2021
prevê que a despesa total chegará a R$ 1,516 trilhão no ano que vem. O valor
equivale a 19,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Desse montante, as despesas
obrigatórias estão projetadas em R$ 1,420 trilhão, ou seja, 93,7% do total.
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