Uma investigação da Polícia Civil de SC, desmontou uma
quadrilha que praticava extorsão sexual em série, pela internet, usando perfis
falsos, de garotas, no Facebook. A investigação teve duração de quinze meses e
constatou o crime em vários municípios de Santa Catarina.
A organização criminosa executava complexa articulação para extorsão de
vítimas, intimamente expostas em enganosas trocas de mensagens por aplicativo.
A ação que prendeu integrantes da quadrilha, na terça-feira, 07/07, em Criciúma
faz parte da Operação Aletheia. A investigação apontou indícios dos crimes de
organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade
documental/ideológica e corrupção de menores.
Três advogados confirmaram que os criminosos também fizeram vítimas em
Taió. Os homens casados procuram os advogados depois que foram ameaçados a
depositar dinheiro em contas bancárias do Rio Grande do Sul e São Paulo.
Contatamos algumas pessoas que foram vítimas do esquema. Mantivemos o
anonimato.
“Vi que a menina era bonita, e me pediu para ser amiga no Facebook, depois
começou a puxar conversa pelo messenger. Pediu o número do Whatsapp. Eu me
empolguei e dei trela pra ela. Daí me pediu se podia mandar foto de nudes, eu
deixei e ela também me pediu. Depois disso, o padrasto dela entrou na conversa dizendo
que ela era de menor, me apavorei”.
A atuação dos criminosos começa com a criação de perfis falsos de mulheres
jovens em redes sociais. Estes perfis são utilizados para adicionar e
arrebanhar potenciais vítimas. As conversas migravam para outros aplicativos de
mensagens, onde eram realizadas conversas de cunho sexual e trocas de fotos e
vídeos íntimos.
Depois, vem a ameaça. Com o perfil fake, os criminosos conseguem
identificar esposas e parceiras, e se caso a vítima não depositasse o dinheiro,
poderiam enviar fotos e prints das conversas para as companheiras. Com medo de
exposição, a maioria das vítimas sequer registra Boletim de Ocorrência. Um dos
advogados ouvidos pela reportagem, disse que pelo menos uma dúzia de clientes o
procuram para saber o que fazer. “Pensa na pressão que os bandidos fizeram com
meu cliente”.
A investigação apontou, ainda, que o grupo simulava que os pais da suposta
interlocutora tiveram acesso às conversas e vídeos. Alegavam que a menina era
adolescente e, a partir daí, passavam a extorquir dinheiro para que o conteúdo
íntimo não fosse divulgado para familiares da vítima ou para a polícia. O grupo
assumia identidade de policiais e até criava mandados de prisões para dar
veracidade aos golpes. Com medo, as vítimas realizavam pagamentos de grandes
quantias em contas bancárias. Em uma das contas do grupo, a movimentação mensal
superou os R$ 80 mil.
A operação no sul, do Estado foi coordenada pelo Delegado de Polícia Yuri
Miqueluzzi, titular da DRR/DIC. Quatro pessoas envolvidas tiveram a prisão
preventiva decretada. Foram cumpridos, ainda, oito mandados de buscas em
residências.
O trabalho investigativo apurou a participação de, pelo menos, seis
pessoas no golpe. Os cumprimentos das prisões e buscas tiveram a participação
de 50 policiais civis, com atuação de integrantes da DRR/DIC, DRE/DIC, DH/DIC,
CORE (Recursos Especiais da PC), SAER (Helicóptero da PC), 1ª DP, 2ª DP e
DPCAMI de Criciúma, DP de Forquilhinha, DP de Içara e DP de Balneário Rincão.
O nome da operação Aletheia é uma referência a um personagem da mitologia
grega associada à verdade. Citada em uma das fábulas de Esopo, com o
ensinamento de que algo falso pode às vezes começar com sucesso, no entanto,
com o tempo, a verdade “Aletheia” prevalecerá.
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