Um levantamento
realizado pelo TCE/SC (Tribunal de Contas de Santa Catarina) para
verificar as ações do governo de Santa Catarina na compra de vacinas contra
a Covid-19, apontou que ainda será necessário
um investimento de aproximadamente R$ 584 milhões em imunizantes.
Os dados indicam
que o Estado possui um total de 5 milhões e 481 mil pessoas a serem vacinadas,
e para isso, há a necessidade de 10 milhões e 962 mil doses. Até o atual
momento, ainda restam 9 milhões e 943 mil doses a serem compradas, de acordo
com o relatório.
O estudo destaca ainda que existem limitações produtivas e de disponibilidade de imunizantes no mercado nacional e mundial, e por isso é dever dos governos estadual e municipais estarem atentos a todas as movimentações, e preparados administrativamente para agirem imediatamente em busca do incremento vacinal catarinense.
Pela análise do Tribunal de Contas, foram aplicadas, até o dia 26 de março de 2021, 639 mil doses da vacina contra a Covid-19, o que representa 5,83% do total de doses necessárias para vacinar a população adulta catarinense e 11,03% da necessidade para vacinar o grupo prioritário.
Do total aplicado,
508 mil são relativas à 1ª dose e 130 mil são relativas à 2ª dose.
SC aplicou 62,7% das doses que recebeu
A pesquisa,
realizada por meio da DAE (Diretoria de Atividades Especiais), apontou outro
aspecto importante no tema: um certo descompasso entre o quantitativo de doses
entregues e a aplicação de doses de vacinas até o momento.
Santa Catarina
recebeu cerca de 1,1 milhão de doses, e aplicou 639 mil, o que representa 62,7%
do total das doses em mãos.
“Esse fato pode se
dar pela decisão estratégica em segurar vacinas para aplicação da 2ª dose e/ou
devido a problemas na gestão da vacinação que precisariam ser investigados,
situações que podem agravar o ritmo ainda lento da vacinação no Estado”,
ressalta o levantamento.
Já a diretora da
DAE, Monique Portella, faz críticas à gestão da SES
(Secretaria de Estado da Saúde) e indica os passos
necessários para melhorar o cenário.
“O hiato existente
entre o montante de doses distribuídas e aplicadas nos municípios confirma a
gestão inadequada.
A SES precisa
delimitar aos municípios, de forma clara, metas e cronogramas para que o Estado
possa cobrar e alimentar um planejamento próprio, que não se confunde ao plano
nacional de vacinação”, defende Portella, que é auditora fiscal de controle
externo.
Grupo prioritário
Das 9 milhões e 943
mil doses que faltam para concluir a vacinação, que incluem, claro, a 1ª e 2ª
doses, o relatório detalhou também o número específico para o grupo
prioritário.
Considerando apenas
esse público, faltariam 6 milhões e 658 mil doses, com um investimento
necessário aproximado de R$ 391 milhões em imunizantes.
Recomendações à Secretaria de Estado da Saúde
Por fim, o
relatório do TCE indica 12 medidas que devem ser seguidas pela SES no processo
de compra de vacinas e fiscalização de aplicações, para combater a pandemia da
Covid-19.
-Controlar efetivamente a vacinação realizada pelos municípios
catarinenses, principalmente em relação aos dados e às informações da
utilização legítima do imunizante distribuído;
-Verificar o cumprimento dos planos, nacional e estadual, de vacinação
contra a Covid-19 pelos Municípios Catarinenses, principalmente quanto à
garantia da ordem de prioridade da vacinação a partir dos grupos de riscos;
-Editar documento técnico de orientação aos Municípios Catarinenses com
ações e estratégias, claras e detalhadas, que garantam a vacinação dos próximos
públicos-alvo, à medida que as idades diminuem, visto o aumento significativo
do número de pessoas das faixas etárias mais baixas da população catarinense,
segundo a pirâmide etária de Santa Catarina, o que vai exigir maior estrutura
vacinal;
-Fornecer suporte técnico e instrumental necessário aos Municípios
Catarinenses com o objetivo de agilizar a aplicação da vacina em estoque e
ainda não aplicada;
-Orientar os municípios catarinenses sobre a necessidade de publicidade
massiva, principalmente por meio das redes sociais oficiais, informando os
dias, os horários, a público-alvo e os locais onde ocorrerá a vacinação, bem
como indicando os procedimentos necessários para sua realização;
-Incentivar a adesão da população à vacinação contra a Covid-19 por meio
de campanhas publicitárias informativas, principalmente por meio das redes
sociais oficiais, de forma a demonstrar a importância da imunização à pessoa
vacinada e à coletividade;
-Incentivar a realização da busca ativa à vacinação contra Covid-19 por
parte dos Municípios, que devem utilizar sua estrutura administrativa –
principalmente de agentes públicos das Secretarias Municipais de Saúde (por
exemplo, Agentes de Saúde) e de Assistência Social (por exemplo, Assistentes
Sociais) – para “sensibilizar” e “buscar” aqueles munícipes que não tenham se
vacinado nos períodos oficiais porventura informados;
-Criar canal de diálogo incentivado com a sociedade, no site do Poder
Executivo, para recebimento e apuração de eventuais denúncias sobre
irregularidades na vacinação, especialmente quanto à eventual “fura-fila”, bem
como divulgue esse canal à sociedade, principalmente por meio das redes sociais
oficiais;
-Criar canal de combate ao compartilhamento de notícias falsas sobre a
vacinação contra a Covid-19, denominadas fake news, no site do Poder Executivo,
com a realização dos esclarecimentos técnicos necessários à sociedade e a
devida comunicação aos órgãos competentes sobre eventual prática, bem como
divulgue esse canal à sociedade, principalmente por meio das redes sociais
oficiais;
-Realizar levantamento técnico, baseado em dados estatísticos confiáveis,
acerca da necessidade de imunizantes para atender a população catarinense,
atualizando-o constantemente e divulgando-o no site do Governo, incluindo no
estudo o mapeamento dos fabricantes mundiais de vacina contra a Covid-19 que se
enquadram nas regras de contratação e de segurança sanitária do Brasil
definidas pela Lei (federal) nº 14.124/2021 e pela Resolução da Diretoria
Colegiada nº 476/2021 da Anvisa;
-Elaborar plano de contingência, de fácil e rápida execução, que preveja
um fluxograma administrativo adequado para realizar eventuais aquisições de
imunizantes pelo Estado, com eficiência e celeridade que assunto requer,
mapeando nesse plano a estrutura organizacional e os agentes públicos
responsáveis para execução das tarefas; e
-Ampliar o diálogo entre as três esferas de governo (União, Estados e
Municípios), em especial com o Ministério da Saúde, órgão federal de
coordenação nacional da vacinação, a fim de buscar alternativas que supram as
necessidades com imunizantes à população catarinense.
Estado já reservou R$ 300 milhões
A secretaria emitiu
uma nota, e destacou que já tem R$ 300 milhões reservados para compras de novas
doses.
“O Governo do
Estado segue neste momento o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do
Ministério da Saúde, e entende que o Governo Federal é o ente com maior
capacidade de negociação e distribuição das doses.
Cabe destacar
que a política de imunização brasileira é reconhecida internacionalmente pela
sua solidez e abrangência. Há uma preocupação que a aquisição por parte de
Estados e Municípios, ao invés da compra centralizada, possa gerar uma pressão
adicional no mercado de vacinas que já está bastante demandado.
No entanto, o
Governo do Estado já encaminhou carta de intenção de compra das vacinas da
Jenssen e Oxford-Astrazeneca. E já reservou R$ 300 milhões em caixa para a
compra de novas doses suplementares.”
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