Não existem
evidências de contaminação pelo novo coronavírus por meio de alimentos, no
entanto, é preciso ter muita atenção com a segurança daqueles que os produzem,
bem como seus ambientes de trabalho. Assim, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) atualizou as
orientações para empresas do setor no que diz respeito às boas práticas de
fabricação e manipulação de produtos alimentícios durante a pandemia.
As medidas, que
visam proteger tanto os empregados quanto os consumidores, estão presentes em
três notas técnicas: a nota técnica 47/2020, sobre
uso de luvas e máscaras nos estabelecimentos; a nota técnica 48/2020, sobre
boas práticas de fabricação, acrescentando e reforçando medidas para a adequada
manipulação dos alimentos; e a nota técnica 49/2020, que
traz recomendações para os serviços de alimentação com atendimento ao cliente.
Os parâmetros
reforçados pela Anvisa têm foco na higiene e a qualidade em toda a cadeia do
processamento. O fortalecimento das boas práticas pode adicionalmente
contribuir para diminuir a transmissão direta da Covid-19 de pessoa a pessoa no
ambiente de produção, garantindo maior segurança no ambiente de trabalho no
momento em que o Brasil ainda vive estado grave de pandemia.
Atenção com o empregado
A empresa deve
traçar estratégias para a rápida identificação de casos suspeitos entre seus
empregados, de modo a impedir a transmissão no ambiente de trabalho. Os
funcionários devem ser instruídos a comunicar imediatamente qualquer suspeita,
para que possam ser afastados das atividades e cumprirem as recomendações das
autoridades de saúde.
Outra recomendação
é aumentar o espaço físico no ambiente de trabalho. O risco de um colaborador
transmitir o vírus para outro depende da distância entre eles, da duração da
exposição e da eficácia das práticas de higiene adotadas. Assim, a recomendação
da Anvisa é de que o espaçamento físico entre os funcionários seja de, pelo
menos, um metro de distância. Também é aconselhável fazer uma maior divisão dos
turnos de trabalho.
José Raimundo é
dono de um Empório em Aracaju e trabalha com panificação, um ramo que não parou
durante a pandemia. O empresário conta que precisou fazer diversas adequações
no ambiente de trabalho para proteger seus funcionários e garantir a entrega
dos produtos.
“Em relação aos
funcionários, tem o uso obrigatório de máscara, foi disponibilizado recipientes
de álcool na área de produção, isolei a área de convivência e no refeitório só
ficam dois funcionários por horário. A cada 15 minutos, são dois funcionários”,
explica José Raimundo.
O empresário diz
que todos do ramo alimentício acabaram aprendendo com a adversidade e precisam
se preparar para conviver com elas por bastante tempo ainda. “É uma questão de
adaptação. Todo mundo teve de se adaptar para encarar essa nova realidade”,
aponta.
Limpeza constante
A Anvisa reforçou a
importância da limpeza das mãos no ambiente de trabalho como uma das
estratégias para reduzir o risco de transmissão e de contaminação pelo novo
coronavírus. Todos os funcionários devem lavar cuidadosa e frequentemente as
mãos, principalmente após tossir, espirrar, coçar ou assoar o nariz, coçar os
olhos ou tocar na boca, preparar alimentos crus, como carne, vegetais e frutas,
manusear celular, dinheiro, lixo, chaves, maçanetas, entre outros objetos, ir
ao sanitário e após retornar dos intervalos.
A limpeza e
desinfecção do ambiente também devem ser frequentes e sistematizadas. A
recomendação é de que a empresa aperfeiçoe suas rotinas de limpeza, bem como a
frequência. É necessário ficar atento não apenas com superfícies, mas com
equipamentos e utensílios que entram em contato direto com o alimento.
Banheiros, vestiários, vias de acesso, maçanetas das portas e corrimãos devem
ter atenção redobrada.
Outra atenção é com
o transporte de alimentos e suas matérias-primas, que também devem obedecer às
boas práticas orientadas pela Anvisa. A recomendação é de que se faça a
higienização dos transportes, para garantir a saúde e proteção dos
colaboradores envolvidos nessa etapa.
Equipamentos de proteção
O principal aspecto
abordado em uma das notas técnicas da Anvisa é o uso de luvas e máscaras por
parte dos empregados dos estabelecimentos que trabalham com alimentação. A
publicação lembra que nos restaurantes, lanchonetes e indústrias de alimentos o
uso de luvas descartáveis não é uma exigência e não isenta o manipulador da
lavagem das mãos.
As luvas passam uma
falsa sensação de segurança, assim, as pessoas acabam negligenciando a
constante lavagem das mãos. É preciso ficar atento, por exemplo, com outras
atividades que podem ser feitas com a mesma luva que foi utilizada para
preparar alimentos, como por exemplo manipular dinheiro ou fazer limpeza do
balcão.
Em relação às
máscaras, é possível o uso de produto caseiro, desde que confeccionado com
material adequado, como algodão, usado de forma apropriada, trocado com
frequência e, se reutilizado, deve ser previamente higienizado.
A frequência de
troca da máscara deve considerar uma série de fatores, incluindo a extensão da
jornada de trabalho e o tipo de atividade desenvolvida pelo funcionário. De
maneira geral, recomenda-se a troca a cada 2 ou 3 horas de uso.
Hemerson Luz,
infectologista, explica que as regras que estão sendo impostas devem ser
seguidas com rigor para que essas atividades continuem ocorrendo. Segundo o
especialista, os funcionários devem aprender como ocorre a transmissão do
coronavírus, saber reconhecer os sintomas, inclusive alguns que até pouco tempo
não eram citados, como a perda do olfato e do paladar, e ficar atento a
detalhes que muitas vezes passam despercebido, como o trajeto até a empresa.
“Aqueles
funcionários que pegam transporte público para chegar ao trabalho devem ser
orientados a trocar de roupa, para quando chegar ao posto não usar a mesma
vestimenta que foi utilizada no transporte público”, explica Hermerson.
Segundo o
infectologista, tanto os empresários quanto os funcionários devem ficar atentos
aos cuidados não só agora, no pico da pandemia, como também nos próximos meses,
quando podem surgir focos isolados do novo coronavírus.
“Temos que
considerar que o vírus ainda está circulando no nosso meio e o que se espera
mais à frente, em uma fase mais avançada, é que apareçam focos de infecção em
locais específicos, em escritórios e empresas, por exemplo. E nestes casos,
medidas de isolamentos dessas áreas devem ser implementadas”, ressalta.
Vigilância
As normas que devem
ser seguidas pelos estabelecimentos que manipulam alimentos são fiscalizadas
pelos departamentos de Vigilância Sanitária de cada município, que neste
momento de pandemia, além das inspeções de rotina, em datas programadas, também
observam as orientações das boas práticas para evitar maiores problemas de
contágio.
Denilda Santana,
coordenadora da Vigilância Sanitária de Aracaju, conta que os estabelecimentos
são sempre orientados quanto as novas diretrizes e são passíveis de notificação
caso haja descumprimento. A coordenadora lembra que o sistema de delivery
aumentou bastante neste momento de pandemia e que o setor deve estar atento a
cuidados específicos.
“As entregas devem
ser cobertas com embalagens que possam ser higienizadas, para que o cliente
possa proceder com esse procedimento e diminuir a proliferação do vírus”,
destaca.
Denilda explica que
a Vigilância trabalha em conjunto com o consumidor, ou seja, as próprias pessoas
devem fazer, também, a inspeção dos estabelecimentos, verificando se os
funcionários estão cumprindo com as orientações. Caso não estejam, os
consumidores podem fazer a denúncia por meio da ouvidoria da Secretaria de
Saúde do município ou até mesmo diretamente com a vigilância sanitária, que de
posse do alerta, verifica o local indicado.
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