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O resultado da eleição presidencial em outubro e a posse do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro, gerou movimento nas agências de turismo e consultorias de Santa Catarina. Segundo esses estabelecimentos, catarinenses estariam considerando migrar para outros países.
Pouco tempo após o resultado do segundo turno, em que o ex-presidente Lula foi eleito pela terceira vez, percebeu-se a intensa atividade nos canais de contato da Cia dos Vistos, de Florianópolis.
A companhia diz que a média de 50 ligações e mensagens diárias saltou para quase 1000, somente na primeira semana após o resultado. “Esse salto superou a alta que já se via após o primeiro turno”, disse a empresa.
Conforme a
companhia, o “boom” na procura por vistos já era esperado para essa eleição:
“Tivemos clientes que já adiantaram e disseram que iriam querer sair do Brasil
se o Lula ganhasse.”
A empresa ainda diz
que já era esperado que houvesse um aumento na procura, porém, a expectativa
não era tão alta. “Foi um aumento considerável, estávamos esperando, mas não
tanto”, informou.
Perfil dos
migrantes
Nas eleições de
2018, também houve um aumento na procura por informação sobre sair do país.
Mas, neste ano, os clientes têm um perfil diferente.
Conforme as
empresas, na eleição passada em que Bolsonaro se elegeu, quem procurava a
migração eram pessoas LGBTQIA+, mulheres e profissionais como professores, que
“se viam ameaçados pelo futuro governo”.
Neste ano, a
característica mudou. Houve muita procura por parte de empresários,
proprietários de terra, pessoas ligadas ao agronegócio e busca pela cidadania
europeia.
“É visível a
diferença de público”, diz a companhia. Os destinos mais procurados pelos
catarinenses são Portugal, Itália e Estados Unidos, informa a Cia.
Para o empresário
Luiz*, de Florianópolis, “vontade é o que não falta”. “Estamos só esperando o
visto ser aprovado e vamos tentar sair daqui. Não vejo mais solução no Brasil”,
diz. O empresário procurou o visto para Portugal já no primeiro turno, visando
o futuro.
O país português é
um dos mais procurados, diz a companhia. “Não exige visto para boa parte de
benefícios e é considerado uma porta de entrada para a União Europeia.
Igualmente a Itália, que é muito procurada pela cidadania”, explica.
Busca por
cidadania
Parte dos
catarinenses que não aceitaram o resultado das eleições foram às ruas para
pedir intervenção militar. Outra parte, insegura com o futuro, tem buscado
apoio de agências para viver no exterior.
Os argumentos vão
desde especulações sobre a política econômica do presidente eleito, ao medo de
que o país se aproxime do regime socialista, como o de países vizinhos.
Venezuela e Nicarágua são frequentemente citados.
Esse é o caso do
autônomo Antônio*, de São José, que desde outubro vem procurando
ajuda para obter a cidadania italiana e quer viver no país de seus avós.
Inconformado, ele diz que agora não é possível “esperar muito” do Brasil.
“Viver em um país
socialista é perder sua liberdade de ir e vir, perder seus bens que você
adquiriu com muito trabalho”, afirma. “É uma vergonha o nosso presidente ser um
ladrão. Onde o povo elege um ladrão, ladrão também é”, justifica.
*Foram usados
pseudônimos para esconder a identidade dos participantes
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