No trabalho incansável de tentar suprir a demanda por
respiradores mecânicos, aparelhos usados para tratar pacientes com sintomas
graves de covid-19, o SENAI realiza, em todo país, a manutenção dos itens
danificados. Além do setor industrial, a força-tarefa contra o coronavírus
também conta com o apoio das Forças Armadas. Segundo o Ministério da Defesa, 27
mil militares foram mobilizados para garantir que os respiradores cheguem até
os locais onde serão consertados.
“A gente chegou à conclusão que, além da necessidade de aquisição de
respiradores, existiam no país muitos respiradores que estavam sem funcionar
por falta de manutenção que nem era tão complicada assim e que poderia ser
feita pelas unidades do SENAI espalhadas pelo país”, afirma o assessor especial
do Ministro da Defesa, Vice-Almirante Carlos Chagas.
Como parte da “Operação COVID-19”, a Força Aérea Brasileira transportou,
apenas em abril, 18 respiradores danificados que estavam em Brasília e em
Macapá para Belo Horizonte, onde há pontos de manutenção do SENAI. Na mesma
linha de ação, a Marinha e o Exército levam, até a capital mineira,
equipamentos de cidades como Barbacena, Juiz de Fora e Lagoa Santa.
Nesta semana, 64 aparelhos serão recolhidos e levados para unidades da
instituição em Curitiba, Manaus, Natal, Recife, São Luís e São Paulo, segundo o
Ministério da Defesa. A unidade do SENAI que vai receber o maior número de
respiradores para manutenção fica em Salvador. Lá, 32 aparelhos vindos do
Maranhão, Rio de Janeiro, Amazonas, Acre e Distrito Federal vão passar por
reparos.
O gerente executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI, Marcelo Prim,
aponta que o setor industrial não tem medido esforços para reduzir os efeitos
da crise e garante que as empresas parceiras estão devidamente capacitadas para
fazer a manutenção correta dos equipamentos.
“Temos uma estimativa que 3.600 respiradores estão fora de manutenção
atualmente. Cada respirador pode ser usado de duas a três semanas. Assim, nesse
período de pandemia, a gente tem uma expectativa de que cada respirador possa
salvar entre cinco e dez vidas. Se a gente colocar de volta esses 3.600
respiradores rapidamente em operação nos hospitais e no sistema de saúde, a
gente pode salvar até 36 mil vidas”, estima Prim.
Rede do bem
Em pouco mais de 20 dias, o + Manutenção de Respiradores já obteve
resultados expressivos. Dos 1.436 equipamentos enviados para conserto, 191
passaram por manutenção e estão em fase final de calibragem, enquanto outros
210 já foram devolvidos para unidades de saúde de origem.
Todo processo de manutenção e reposição de peças é gratuito. Participam da
iniciativa liderada pelo SENAI montadoras de veículos e indústrias do aço e de
mineração, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São
Paulo (USP), o Ministério da Saúde, o Ministério da Economia, a Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira de
Engenharia Clínica (ABEClin).
A estimativa é de que o Brasil tenha, atualmente, pouco mais de 65 mil
ventiladores espalhados na rede privada e no Sistema Único de Saúde (SUS). Até
o momento, segundo dados da LifesHub Analytics e da Associação Catarinense de
Medicina (ACM), mais de 3,6 mil ventiladores pulmonares estão fora de operação
no Brasil, seja porque foram descartados ou porque têm necessidade de
manutenção.
“Em um nível de utilização intensa, esses respiradores podem apresentar
mais defeitos do que o usual. A doença exige muito dos respiradores”, explica o
médico e presidente da ACM, Ademar José de Oliveira Paes Junior. “Sem os
respiradores, o sistema vai entrar em colapso. A gente precisa aumentar a linha
de produção nacionalmente”, alerta.
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