86 milhões de brasileiros fazem parte de algum dos grupos de risco da Covid-19, diz pesquisa

13/05/2020 - 14h19

Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que mais da metade da população adulta brasileira está no grupo de risco da Covid-19. São 86 milhões de pessoas que apresentam ao menos um dos fatores que pode aumentar o risco de complicações, caso haja contaminação pelo coronavírus.

Dos 54% de adultos dentro dos grupos de risco, 30% deles têm ao menos um fator que pode causar o agravamento do quadro em caso de contaminação, 15% têm dois fatores, enquanto 9% têm 3 ou mais.

Foram considerados grupos de risco idosos (acima de 65 anos), portadores de doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas (em particular doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral - AVC).

Também foram incluídos outros fatores de risco, provenientes de estudos mais recentes realizados nos Estados Unidos e na Europa, como doença renal crônica, obesidade, asma e tabagismo.

A pesquisa foi coordenada por Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp). O artigo será publicado na Revista de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo.

O estudo considerou dados de 51.770 participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. São as informações mais recentes da área. “Em 2019, teve início uma nova edição da PNS, que ainda não foi concluída”, afirmou Rezende.

Os autores ainda consideraram sexo, cor da pele, escolaridade e unidades federativas do Brasil.

Análise por estados

A pesquisa também retrata a proporção no grupo de risco por estados.

Nesse caso, observa-se uma predominância de estados do Sul e Sudeste entre os que têm maior fatia da população nos grupos de risco, com Rio Grande do Sul (58,4%), São Paulo (58,2%) e Rio de Janeiro (55,8%) nas primeiras posições.

Por outro lado, Amapá (45,9%), Roraima (48,6%) e Amazonas (48,7%) são os estados com menor proporção de populações nos grupos de risco.

Para Rezende, a explicação também passa pelos fatores socioeconômicos.

“Há duas possíveis explicações para essa diferença. Uma tem relação com a maior expectativa de vida nos estados do Sul e Sudeste, onde o nível socioeconômico da população é maior e, portanto, há mais idosos. A outra seria o menor acesso ao diagnóstico médico no Norte e Nordeste, que poderia ter enviesado os dados sobre a prevalência de doenças como diabetes e hipertensão, que, muitas vezes, são assintomáticas no início”, diz.

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