Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) alertou o governo federal sobre o risco de
invasão aos prédios dos três Poderes, em Brasília, horas antes dos atos
ocorrerem. De acordo com a agência, órgãos de segurança pública do Distrito
Federal também foram avisados com antecedência de 48 horas.
Segundo a agência,
os alertas foram transparentes e apontaram que seriam manifestações com volume
e violência. As sinalizações da Abin tiveram como base um alerta emitido pela
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de que havia um volume
incomum de ônibus sendo fretado para Brasília e isso necessitava de uma atenção
maior das autoridades.
Para o especialista
em Direito e Processo Penal e mestre em Direito das Relações Sociais pela
PUC/SP, Leonardo Pantaleão, a partir do momento em que os alertas são emitidos
e não são tomadas medidas preventivas a respeito das perspectivas dos atos,
pode se cogitar uma eventual negligência por parte dos governantes.
“Se os alertas
foram de fato emitidos, todos tiveram ciência dos riscos potenciais daquela
data e, mesmo assim, entenderam por bem que não era necessário um incentivo
maior ao próprio efetivo da segurança pública, então pode ocorrer a
caracterização de uma negligência e, consequentemente, as responsabilizações
dela decorrentes", pontua.
Segundo o Ministro
da Justiça, Flávio Dino, nos dias que antecederam os atos, houve uma preparação
baseada nas responsabilidades constitucionais do governo do Distrito Federal,
mas mudanças foram realizadas de última hora. “O governo do DF afirmou que a
garantia da ordem pública estava adequada. Não obstante, este entendimento nós
tivemos uma mudança de orientação administrativa em que o planejamento que não
comportava a entrada de pessoas na Esplanada foi alterado na última hora. Ainda
assim, havia por parte do governo do Distrito Federal uma visão de que a
situação estaria sob controle”, afirma o ministro.
Segundo a PM, 100%
de seu efetivo foi acionado, o que abrange “todos os policiais que não estejam
de atestado médico”, para retomar a área. Porém, a decisão de aumentar o
efetivo foi tomada só depois que se iniciou a depredação dos três prédios.
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública no
Distrito Federal. Após isso, o ministro Alexandre de Moraes determinou o
afastamento do governador Ibaneis Rocha pelo prazo de 90 dias.
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