Após o lançamento
do Plano Safra 2020/2021, que contará com R$ 236,3 bilhões em crédito para
apoiar a produção agropecuária nacional, a ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, salientou a atenção com a agricultura
familiar, enumerando as medidas previstas no Plano que objetivam o apoio do
pequeno e médio produtor, segmentos do setor que mais precisam de ajuda do
Governo Federal.
Ao lado dos
secretários de Agricultura Familiar, Fernando Schwanke, e de Política Agrícola,
a ministra se reuniu pela internet com o diretor-geral do Instituto
Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero; o
presidente da Cresol Confederação, Cledir Magri; o diretor executivo de Crédito
do Sicredi, Gustavo Freitas, e o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
A intenção foi expressar o desejo da pasta, por meio das medidas, de ampliar a
produção dos agricultores familiares.
“Espero que com
este Plano a gente possa avançar dentro do que o Ministério da Agricultura tem
se proposto a fazer por esse segmento produtivo, que é a inclusão, cada vez
mais, facilitar o crédito, fazer com que ele chegue na ponta, com programa para
os jovens, programas de tecnologia, moradia rural, entre outros”, destacou a
ministra.
O secretário
Fernando Schwanke foi quem detalhou as ações do Plano Safra relacionadas à
agricultura familiar, com destaque para o aumento de recursos no Pronaf e
Pronamp, para a diminuição das taxas de juros, a ampliação de limites de
crédito, o programa de habitação e de inclusão de jovens no mercado de
trabalho.
Segundo Fernando, a
agricultura familiar responde pela maioria dos produtores no país e merecem a
atenção dada pelo ministério neste novo Plano. “São ações importantes que o
ministério vem tomando para esse seguimento que é tão importante, são 80% dos
proprietários rurais do Brasil, em torno de 3,7 milhões de famílias de
agricultores familiares, além de 300 mil famílias de pequenos proprietários que
já não se enquadram dentro do Pronaf, mas são pequenos produtores”, destaca o
secretário.
“Este ano, foram
alocados para o Programa Nacional de Agricultura Familiar, o Pronaf, R$ 33
bilhões e é importante salientar que esses valores correspondem a um aumento de
quase 6% em relação ao ano passado. Todos os anos o Pronaf vem recebendo mais
recursos. Fizemos este ano o maior Plano Safra da história do Brasil, tanto no
Plano Safra geral quanto nos recursos da agricultura familiar.”
Mais créditos, menos juros
No Plano Safra
2020/2021, foram alocados para o Programa Nacional de Agricultura Familiar, a
quantia de R$ 33 bilhões. Esse valor corresponde a um aumento de quase 6% em
relação ao Plano do ano passado. Segundo Fernando, todos os anos o Pronaf vem
recebendo mais recursos, mas agora, além de um montante recorde de crédito, há
de se destacar também a queda nos juros, o que vai ajudar ainda mais pequenos e
médios produtores a se recuperarem após a crise instaurada com a pandemia.
“Importante
salientar também a queda dos juros do Pronaf. Ele caiu da faixa 1 de 3% para
2,75%, o que significa uma queda de 8,33% da taxa de juros. E dos 4,6% do Plano
Safra do ano passado para 4% esse ano, que são 13% a menos da taxa de juros
dentro do Pronaf”, observa o secretário. “Isso é relevante e nesse momento que
o Brasil vive, nessa pandemia, realmente foi um Plano Safra muito adequado ao
nosso momento atual.”
Dos R$ 33 bilhões
disponibilizados do Plano para a Agricultura Familiar, pouco mais de R$ 19
bilhões serão direcionados para custeio, enquanto que um pouco menos de R$ 14
bilhões vão para investimento. A taxa de juros de 2,75% indicada pelo
secretário diz respeito ao custeio, já os 4%, para investimento.
O Pronaf é
direcionado a ajudar pequenos produtores, mas os médios, amparados pelo
Pronamp, também receberam mais créditos e uma menor taxa de juros. Foram
disponibilizados R$33,2 bilhões, um aumento de aproximadamente 25% com relação
à safra anterior. Os recursos poderão ser utilizados para custeio, a uma taxa
de 5% ao ano, e para investimentos, com taxas de 6% ao ano.
Segundo a
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a redução na taxa de juros para
os diferentes tomadores é muito bem-vinda e necessária em resposta as reduções
sistemáticas na taxa Selic e que mantiveram seu ritmo de queda no início de
junho.
Remy Gorga Neto,
presidente da Organização das Cooperativas do Distrito Federal (OCDF), lembra
que o aumento no crédito é importante para a manutenção da atividade produtiva
das pequenas propriedades que geral um percentual enorme dos alimentos que
chegam às mesas dos brasileiros.
“Fundamental essas
modificações no Plano Safra porque o pequeno e médio produtor, o agricultor
familiar e as suas cooperativas merecem um olhar diferenciado com relação ao
crédito. Crédito com linhas mais facilitadas, com carência, com prazos são
fundamentais para que os produtores continuem desenvolvendo sua atividade, possam
se manter e girar os negócios nas cooperativas aos quais estão vinculados”,
ressalta Remy.
Pronaf-Bioeconomia
Uma das novidades
do Plano Safra é o Pronaf-Bioeconomia. É a possibilidade de financiamento para
custeio e investimentos para os sistemas produtivos de exploração extrativista
e de produtos da sociobiodiversidade, ecologicamente sustentável, sistemas
produtivos de ervas medicinais, aromáticas e condimentares, de produtos
artesanais e da exploração de turismo rural. A taxa de juros está prevista em
2,75% e vai contemplar todos os biomas brasileiros.
O diretor-geral do
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero,
elogiou a possibilidade de financiamento para custeio e investimentos de
cadeias produtivas da bioeconomia.
“Muito acertada
esta decisão. Além de produzirem alimentos para a cesta básica, os agricultores
familiares são guardiões da sociobiodiversidade”, destacou Otero.
Crédito Fundiário
O novo Plano fez
alguns ajustes na proposta de financiamento para aquisição de imóvel rural. O
agora Projeto Técnico de Financiamento excluiu a limitação de investimentos
básicos. Até então, para se ter acesso ao crédito, o valor estava limitado a R$
27,5 mil.
Além da redução da
taxa de juros do PNCF Empreendedor de 5,5% para 4%, ainda foram prorrogadas as
parcelas vencidas ou vincendas de 1° de Janeiro de 2020 a 30 de Dezembro de
2020 para agricultores que tiveram prejuízos em decorrência de estiagem ou seca
nos municípios com decretação de situação de emergência ou estado de calamidade
pública.
Residência profissional agrícola
O Ministério fez
questão de destacar a criação do Programa Residência Profissional Agrícola.
Espelhado na Residência Médica, a iniciativa tem como objetivo apoiar a
formação de profissionais com as competências necessárias para a atuação nas
áreas de ciências agrárias, favorecendo a inserção desses profissionais no
mercado de trabalho.
O programa terá
disponível R$ 30 milhões em dois anos com o intuito de beneficiar 1,5 mil
jovens estudantes e recém-egressos entre 15 e 29 anos dos cursos de ciências
agrárias. O primeiro edital de chamamento terá orçamento de R$ 17,1 milhões e
vai contemplar 900 alunos.
Habitação no Campo
Fernando Schwanke
também destacou as mudanças no Programa Pronaf Habitação. Agora, além dos
produtores, seus filhos também poderão se beneficiar com os financiamentos para
construírem suas casas e permanecerem no Campo. Segundo ele, o programa
financiou, em 2019/2020, R$ 400 milhões de reais para agricultores familiares,
beneficiando 8 mil famílias que construíram ou reformaram residências rurais.
Agora, os jovens terão a mesma oportunidade e com melhorias.
“Este ano, fizemos
uma mudança bastante importante, a redução da taxa de juros de 4,6% para 4%
também para as moradias rurais e fizemos uma mudança no manual do crédito
possibilitando o financiamento da construção e reforma para os filhos dos
agricultores familiares, o que reforma muito a nossa estratégia do ministério
para a sucessão familiar rural”, ressalta o secretário.
O presidente da
OCDF vê a iniciativa como fundamental, lá que dá subsídios para que os jovens
possam mirar um futuro que envolva o negócio ao qual já está acostumado desde
cedo.
“Essas linhas que
podem melhorar a infraestrutura desse pequeno produtor, melhorar sua habitação,
e para o próprio filho do produtor, de modo a fixá-lo, dá mais motivação para
que o jovem, filho de pequenos produtores rurais não pensem só simplesmente em
ir para as cidades e os grandes centros, mas que tenham também uma condição de
melhor conforto para continuar auxiliando na produção da agricultura familiar”,
destaca Remy.
Seguro rural
O Seguro Rural
também recebeu mais recursos no Plano Safra 2020/2021. Nesta nova leva, serão
disponibilizados R$ 1,3 bilhão para apoiar os produtores rurais na contratação
de uma apólice, o maior montante desde a criação do programa de seguro rural.
O Mapa estima a
contratação de 298 mil apólices, num montante segurado da ordem de R$ 52
bilhões e cobertura de 21 milhões de hectares.
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