Foto: Divulgação / SAR
Grande importador de milho, Santa Catarina discute rotas
alternativas para manter o abastecimento e reduzir a dependência externa. A
intenção é continuar incentivando o plantio de cereais de inverno e o cultivo
de milho grão para serem utilizados na ração animal. Essa foi a pauta do
encontro do secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento
Rural, Altair Silva, com o presidente do Conselho Consultivo da Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura, Francisco
Turra, e lideranças do setor produtivo catarinense nesta quinta-feira, 5.
"Para Santa Catarina, o milho é o grão de ouro. O nosso
setor produtivo de carnes e leite não para de crescer e sabemos que nossa
demanda será cada vez maior. Por isso, nós tomamos a frente e lançamos um
projeto que incentiva a produção de cereais de inverno para a ração. Em seu
primeiro ano, ainda de forma experimental, já temos resultados animadores.
Descobrimos que há uma grande demanda dos produtores e uma oportunidade para avançarmos
na produção e na pesquisa, podemos ser protagonistas nesse processo. Se nós
ocuparmos as áreas vazias no inverno, tanto em Santa Catarina quanto no Rio
Grande do Sul, podemos aumentar muito a competitividade do nosso
agronegócio", destaca o secretário Altair Silva.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, juntos, possuem 8 milhões
de hectares plantados no verão e apenas 1 milhão de hectares são ocupados no
inverno. "Os reflexos da falta de milho nesses estados podem ser
observados pela queda da produção de carne de frango nos últimos anos. Nós
iniciamos uma forte campanha para incentivar o cultivo de cereais de inverno no
Rio Grande do Sul, mas em Santa Catarina, com o envolvimento do Governo do
Estado, a iniciativa deu ainda mais certo. Queremos unir esforços para
avançarmos ainda mais", explica o ex-ministro Francisco Turra.
A importância do milho para SC
O agro catarinense consome mais de sete milhões de toneladas
de milho por ano e grande parte desse volume é importado de outros estados ou
países. Na safra 2020/2021, as lavouras do estado sofreram com a estiagem
prolongada, além dos ataques da cigarrinha-do-milho, e a produção acabou com
uma queda de 27%. As estimativas do Centro de Socioeconomia e Planejamento
Agrícola (Epagri/Cepa) apontam para uma colheita de 1,8 milhão de toneladas,
sendo necessário importar cerca de 5,5 milhões de toneladas do grão este ano.
Para reduzir a dependência de milho e os custos de produção da cadeia produtiva de carnes e leite, a Secretaria da Agricultura lançou o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno. Com investimento de R$ 5 milhões, os produtores receberam apoio para cultivar trigo, triticale, centeio, aveia e cevada - que devem ser utilizados para fabricação de ração. No primeiro ano de ação já foi percebido um aumento de 70% na produção de trigo e safra deve chegar a 290 mil toneladas - um recorde histórico para Santa Catarina.
Potencial para cultivo de cereais de inverno
Os catarinenses cultivam em média 340 mil hectares de milho e 890 mil hectares de soja e o potencial para produção de cereais de inverno chega a 800 mil hectares. A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, ressalta que o Estado deu início a algumas ações, em parceria com as cooperativas e a iniciativa privada, e já colhe os resultados. "Com essa junção de esforços teremos um aumento de 30 mil hectares no cultivo de trigo, um acréscimo significativo. Nós sabemos que temos muito a avançar mas já começamos a dar os primeiros passos".
A Epagri também potencializou as pesquisas para entender qual
a melhor época de plantio e qual o cultivar se adapta melhor a cada região do
estado.
Lideranças presentes
O encontro também contou com a participação do presidente da
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc),
Plínio de Castro; do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso; do presidente da
Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do
Estado de Santa Catarina (Fetaesc), José Walter Dresch; do diretor executivo da
Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina
(FecoAgro/SC), Ivan Ramos; do diretor superintendente do Sindicato e
Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivo Luiz
Panho; do gerente executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes
(Sindicarnes-SC), Jorge Luiz de Lima; e do ex-deputado Odacir Zonta.
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