Foto: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Na mira de
parlamentares que querem uma CPI para apurar distorções nos números do
primeiro turno e da Polícia Federal, as pesquisas Ipec (Inteligência em Pesquisa
e Consultoria), ex-Ibope, custaram R$ 23,4 milhões em 2022. Em seguida, aparece
o Datafolha, com R$ 14,2 milhões. A informação está registrada na base de dados
abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi consultada nesta sexta-feira
(7).
Segundo os dados,
as três pesquisas mais caras realizadas pelo Ipec, no valor de R$ 347.659 cada,
contratadas pela TV Globo, entrevistaram, no total, 9.024 eleitores entre os
dias 13 de setembro e 1º de outubro. A média de entrevistados nas pesquisas era
de 1.000 eleitores.
Já o Datafolha, que
costumava entrevistar entre 1.000 e 6.800 eleitores nas pesquisas anteriores,
declarou que recebeu R$ 617.972 para uma pesquisa com 12.800 eleitores, nos
dias 30 de setembro e 1º de outubro, na véspera do 1º turno das eleições.
Os institutos estão na mira da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pesquisa, que nesta quinta-feira (6) conseguiu alcançar o número de assinaturas suficiente para a abertura da investigação.
No caso do Ipec, em todas as pesquisas o instituto informou que foi utilizada uma equipe de entrevistadores e supervisores "devidamente treinados para o trabalho". Após a coleta das informações, 20% dos questionários foram submetidos a uma fiscalização para verificação das respostas e adequação dos entrevistados aos parâmetros amostrais.
O Datafolha também
informou ao TSE que os entrevistadores são treinados e recebem instruções
específicas para cada projeto realizado. A coleta foi feita com a utilização de
tablet e questionário eletrônico e, no mínimo, 30% dos questionários de cada
pesquisador era checado novamente.
O Ipec realizou em
agosto sete levantamentos de inteção de voto ao Palácio do Planalto.
Considerando apenas os votos válidos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha 52%
das intenções de voto. Com a margem de erro de 2 pontos percentuais, o Ipec se
aproximou do resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que
registrou 48,43% dos votos para o petista.
Diferente das
projeções sobre Bolsonaro, nos sete levantamentos do Ipec, o atual presidente
da República manteve as intenções de voto em 37%. Com a margem de erro de 2
pontos percentuais, Bolsonaro teria, no máximo, 39% dos votos. No entanto, ele
terminou o primeiro turno com 43,20%. O mesmo aconteceu com o Datafolha, que
previa na última pesquisa que Bolsonaro tivesse 36% das intenções de votos,
contra 50% de Lula.
Ao R7,
na terça-feira (3), o Ipec disse que as pesquisas eleitorais medem a intenção
de voto no momento em que são feitas e que quando feitas continuamente ao longo
do processo eleitoral são capazes de apontar tendências, "mas não são
prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato
terá".
Sobre os resultados
das amostras para a Presidência da República que indicaram um resultado muito distante
do obtido por Bolsonaro após a apuração das urnas, o Ipec respondeu que isso
pode ter acontecido por causa dos votos de eleitores que estavam indecisos ou
que deixaram de votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) para votar em
Bolsonaro. "Tais fatores já demonstravam uma provável migração de votos
desses dois candidatos para Jair Bolsonaro."
Já sobre o
faturamento com pesquisas eleitorais, o Ipec respondeu que o valor é compatível
com o volume de pesquisas contratadas por seus clientes e que "atua com
práticas comerciais de mercado para as metodologias utilizadas nas pesquisas de
intenção de voto, com preços tabelados, para pesquisas divulgadas ou não".
O Datafolha foi
igualmente questionado pela reportagem, mas não retornou o contato até a última
atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.
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