Um estudo realizado
pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) aponta
que o petróleo que atinge o litoral do Nordeste veio da Venezuela. A informação
foi divulgada pela diretora da entidade, a pesquisadora Olivia Oliveira,
durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (10).
"Nossos
estudos agroquímicos evidenciam que o óleo é proveniente de uma bacia da
Venezuela. Foram diversas análises geoquímicas, a partir da coleta dessas
amostras. Esse trabalho realmente revelou que se trata de um petróleo produzido
na Venezuela", afirmou Olivia.
Apesar da afirmação dos pesquisadores, o governo de
Nicolás Maduro nega que a Venezuela é responsável pelo petróleo que atinge as praias do
litoral nordestino. Conforme o comunicado, não há evidências de
vazamentos de petróleo nos campos de petróleo da Venezuela que possa ter
causado danos ao ecossistema do Brasil.
De acordo com a diretora do Instituto da UFBA, o
resultado que comprova a nacionalidade do resíduo foi encontrado após diversos
testes comparativos com sete amostras coletadas em Sergipe e duas na Bahia.
"Nós
temos diversos dados da literatura onde mostram perfis cromatográficos,
resultados que nós produzimos no laboratório. Além disso, nós temos um banco de
óleo de diversas partes do mundo, que também fazemos essa comparação. Através
de análises como essas, chegamos ao resultado", disse.
Segundo a pesquisadora, os dados apontam também que
a substância se assemelha com petróleo cru. Ainda não há informações, no
entanto, de quanto tempo o resíduo está no mar, nem se é proveniente de um
navio ou não.
"Se
parece muito com petróleo cru. Mas não deixamos a possibilidade de ser bunker,
combustível de navio. Seria um óleo mais pesado. Um óleo mais de resíduo. Mas
ainda não temos a real certeza. O óleo apresentava uma certa degradação. Pode
ser um óleo cru, como poderia ser bunker, onde a parte crua, onde a parte do
diesel que é utilizada com esse bunker foi evaporada", completou a
diretora.
Conforme a pesquisadora, todas as análises
desenvolvidas na UFBA serão encaminhadas para Instituto do Meio-Ambiente e
Recursos Hídricos (Inema).
Manchas na Bahia
Seis cidades baianas já foram atingidas pelas
manchas de petróleo entre 3 de outubro, quando a substância chegou no estado, até a manhã desta quinta-feira (10). O
último município atingido foi Camaçari, que já tem 3 praias contaminadas. No total, são 14 localidades
afetadas no estado. São elas:
Guarajuba, Itacimirim e
Arembepe (Camaçari)
Mangue seco e Coqueiro
(Jandaíra)
Barra da Siribinha , Barra
do Itariri , Sítio do Conde e Poças (Conde)
Baixio e Mamucabo
(Esplanada)
Subaúma e Porto do Sauipe
(Entre Rios)
Praia do Forte (Mata de São
João)
Todos os municípios afetados ficam no litoral norte
do estado. De acordo com a Marinha, Arembepe é a praia mais ao sul do estado
atingida pelo petróleo até então.
Em Conde, a cerca de 185 km de Salvador, 18 toneladas de óleo foram retiradas da areia da praia de Sítio de Conde até
a quarta-feira (9), segundo informações divulgadas pelo fiscal ambiental da
cidade Ari da Silva Manaia.
Na praia de Poças, no município de Conde, a cerca
de 150 km de Salvador, grandes placas de óleo se acumulam nas pedras e na
areia. Segundo a prefeitura do município, são 40 quilômetros de praias
atingidas pelas manchas. Pescadores dizem que os peixes da região estão contaminados.
Na praia de Siribinha, que também fica no município
de Conde, as manchas de óleo são menores, mas estão espalhadas por quase toda a
área. Barraqueiros que atuam na região afirmam que a poluição vem afastando os
turistas das praias.
O Projeto Tamar informou que o óleo adere à pele e
é de difícil remoção. A substância também pode causar irritação, em caso de
contato com os olhos ou de inalação. A instituição também disse que o petróleo
cru pode conter compostos considerados cancerígenos.
Para fugir das manchas do óleo, os especialistas do
Projeto Tamar levaram 500 filhotes das praias de Conde e Jandaíra e soltaram na
Praia do Forte, 100 quilômetros ao sul, onde a quantidade das manchas é bem
menor.
Manchas no Nordeste
Mais de 130 praias já foram afetadas pelo problema
em todo o Nordeste. Há registro em todos os nove estados da região. A Bahia foi
o último a ser atingido.
O Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartaruga nas
regiões afetadas, para preservar os animais que são desovados na Bahia. Segundo
o Projeto, os filhotes correm risco de morte se entrarem em contato com a
substância.
Além das investigações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Marinha do Brasil e outras instituições do Nordeste e do Brasil, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) tentam descobrir a origem da mancha.
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