Preservar as
tradições na produção de alimentos, proteger a região produtora tanto nos
aspectos culturais quanto econômicos, promover as variedades de milho crioulo,
além de acessar mercados mais exigentes, com qualidade e competitividade. Esses
serão alguns dos benefícios proporcionados pelo levantamento de Indicação
Geográfica (IG) no extremo oeste catarinense.
Para diagnosticar o
potencial da região, os consultores credenciados ao Sebrae Nacional Anselmo
Buss Junior e Helinton Lugarini conheceram em Anchieta,
nesta semana, ações realizadas pela Associação dos Pequenos Agricultores de
Milho Crioulo Orgânico e Derivados (A.S.S.O) e da Cooperativa da Agricultura
(Cooper Anchieta).
A produção de
variedades do milho e sementes crioulas em Anchieta começou em paralelo à
criação do município. De acordo com a secretária de Administração, Camila
Baronio, quando os colonizadores ocuparam a área territorial, na década de
1950, trouxeram sementes para iniciar o cultivo do milho. “A partir dali foi
mantida a cultura, que foi expandida ao longo dos anos, atingindo seu ápice de
número de produtores e de guardiãs das sementes na década de 90”,
relatou.
Atualmente, as duas
entidades locais incentivam a disseminação da tradição, a produção das sementes
crioulas e a fabricação da farinha do milho crioulo, que é comercializada no
município. Ainda entre as iniciativas, Camila destaca a promoção da Festa Nacional
das Sementes Crioulas, já realizada em sete edições. “A primeira ocorreu em
2001 e contou com a participação de lideranças de vários estados brasileiros e
de outros países. Os visitantes vieram trocar experiências, conhecimentos e
sementes. O evento sempre foi organizado pelos movimentos sociais, apenas a
última edição em 2018 foi promovida pela Administração Municipal, em parceria
com as entidades locais”, explicou.
Camila enalteceu
também que muitas pesquisas universitárias foram realizadas no município com o
propósito de analisar as propriedades das sementes, localização da produção,
qualidade dos grãos e de que maneira o clima local interfere na formação das
plantas. “Temos vários estudos científicos que contribuirão no reconhecimento
de Anchieta como a principal produtora de sementes de milho crioulo do Brasil”,
antecipou a secretária ao comentar que a produção abrange diversas propriedades
locais, além dos municípios de Guaraciaba e Palma Sola.
As entidades
preveem a expansão da produção das sementes, principalmente do milho e da
pipoca crioula, porém Camila justificou que o desafio é fazer com que os
produtores possam cultivar em grande escala. “Avaliamos como muito importante
esse diagnóstico do Sebrae para IG. Já debatíamos o assunto com outras entidades
como Epagri e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A partir desse
trabalho proposto pelo Sebrae percebemos que temos os principais requisitos
para fazer esse registro embasados no trabalho desenvolvido, na produção, na
história e nos estudos”.
A indicação dos
consultores credenciados ao Sebrae Nacional foi IG na espécie de Denominação de
Origem (DO). “Isso porque pelos estudos científicos já realizados e outros que
orientamos, o território poderá caracterizar o milho crioulo dessa região como
DO por evidenciar as qualidades e características vinculadas ao meio
geográfico, uma situação que, se bem promovida, pode garantir mercados
especiais”, analisou o Anselmo Buss Junior.
CONCEITOS
O Sebrae realiza o
diagnóstico das potenciais IGs ou MCs brasileiras por meio de avaliações
presenciais e virtuais. O levantamento, de acordo com Helinton Lugarini, será
realizado em aproximadamente 120 regiões brasileiras, além de IGs reconhecidas
ou em fase de análise pelo Instituo Nacional de Propriedade Industrial
(INPI). Em Santa Catarina serão contempladas 19 regiões.
Segundo Junior, IG
é a designação que identifica um produto ou serviço como originário de uma área
geográfica delimitada quando determina qualidade, reputação ou outra
característica essencialmente atribuída a essa origem. “IG não é criada, mas
reconhecida. Sua função é proteger e promover quem está naquele território, o
produtor com padrão de qualidade e o consumidor. Desta maneira, é possível
agregar valor ao produto final”, comentou.
>>>Clique e receba notícias do JRTV Jornal Regional diariamente em seu WhatsApp.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook