Após a privatização
de uma rede de gasodutos, a Petrobras registrou lucro recorde de R$ 18,9 bilhões de abril a junho de 2019,
o maior resultado trimestral da companhia. Ao divulgar o resultado, a Petrobras
informou que ele se deve "principalmente" à conclusão da venda, em junho, da Transportadora Associada de Gás (TAG),
que atua no transporte e na armazenagem de gás natural.
A operação faz parte do processo de privatização de "braços"
da Petrobras, prometido pelo comando da companhia e pela equipe econômica do
governo Jair Bolsonaro.
O governo e a Petrobras têm se empenhado para promover a venda de outros
ativos da companhia e concentrar esforços na área de exploração e produção de
petróleo. O plano é vender para a iniciativa privada ativos em áreas, como o
refino e o transporte e distribuição de gás.
Agora, a dúvida é qual será a velocidade - e as condições - em que esses
ativos serão privatizados. E a decisão de vendas para a iniciativa privada,
claro, continua a dividir opiniões: se o mercado aprova a iniciativa,
representantes dos funcionários são contrários ao plano.
Fila de privatização
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a privatização
de ativos da Petrobras em evento no Rio, em julho.
"O petróleo está no fundo do mar, pode ser que daqui a 20 ou 30
anos o carro seja elétrico e o petróleo fique sem valor. Então, estamos
trabalhando a mil por hora para focar a Petrobras na extração do
petróleo", afirmou Guedes, que no mesmo dia voltou a dizer que a intenção
do governo é "disparar o canhão da privatização".
Em mensagem aos investidores, divulgada com o resultado do segundo
trimestre, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que
"com um programa de desinvestimentos desenhado, a prioridade daqui em
diante será a estruturação e execução das transações".
"Estamos firmemente comprometidos em sair completamente dos
negócios de transporte e distribuição de gás natural e em reduzir nossa
participação nas compras para menos de 50%, concentrando-nos consequentemente
na exploração e produção", escreveu.
Em conferência com investidores na sexta-feira (2), Castello Branco
disse que "internamente" o plano de desinvestimentos "está
praticamente fechado".
A Petrobras já divulgou que pretende privatizar oito refinarias:
Refinaria Abreu e Lima (RNEST); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR);
Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP); Refinaria Landulpho Alves (RLAM);
Refinaria Gabriel Passos (REGAP); Refinaria Isaac Sabbá (REMAN); Lubrificantes
e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR); Unidade de Industrialização do
Xisto.
As quatro primeiras já tiveram os alertas de venda (chamados de teasers)
divulgados. As outras quatro devem ter os teasers divulgados até o fim deste
ano, segundo a Petrobras.
Outros ativos que estão no plano de vendas da companhia são a Liquigás
(distribuidora de gás liquefeito de petróleo), a participação da Petrobras na
processadora de gás argentina Mega e alguns campos - que a Petrobras diz que
são "campos maduros, com baixa produtividade e alto custo de extração e
onde não somos donos naturais".
Neste ano, a Petrobras também vendeu parte da participação da BR
Distribuidora, concluiu a venda da refinaria de Pasadena, no Texas, para a
Chevron, e vendeu suas operações no Paraguai à empresa paraguaia Copetrol.
Na mensagem aos investidores, Castello Branco mencionou vender, "no
futuro", parcial ou totalmente o que a Petrobras ainda tem em participação
na BR Distribuidora.
"Os desinvestimentos somaram US$ 15 bilhões até o final de julho, com destaque para as transações da TAG, da BR Distribuidora - primeira privatização via mercado de capitais na história do Brasil - e de campos maduros de petróleo. Ficamos ainda com 37,5% do capital da BR, que no futuro temos a intenção de vender parcial ou totalmente. Enquanto isso, vamos nos beneficiar como acionistas do enorme potencial de criação de valor da BR com a flexibilidade que possui uma empresa privada."
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