Com preços,
produtividade e exportações em alta, a cadeia produtiva do arroz em Santa
Catarina comemora um bom momento, impulsionado pelo aumento da demanda.
Com as últimas colheitas realizadas até o início de junho, os preços seguem
estáveis, contrariando as expectativas dos analistas, que esperavam queda nos
valores diante da maior oferta do produto no mercado.
Gláucia de Almeida
Padrão, analista do Centro de
Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), explica
que na primeira quinzena de junho os produtores catarinenses de arroz receberam
em média R$ 55,96 pela saca de 60 quilos. No ano passado, nesta mesma época, o
valor estava em R$ 45,84, já corrigida a inflação do período. “Em termos
absolutos tivemos uma alta de 22%”, ressalta a analista.
Essa alta é inédita
para os produtores catarinenses de arroz. Na avaliação de Gláucia, ela vem se
configurando desde dezembro, quando a estiagem em Santa Catarina e no Rio
Grande do Sul apontava para uma safra ruim de arroz. Com base na expectativa de
baixa oferta do produto, os preços se mantiveram e vieram crescendo. No início
de março, a corrida dos consumidores ao mercado, em decorrência da pandemia da
Covid 19, fez a demanda pelo cereal crescer e, consequentemente, os preços do
arroz seguirem em tendência de alta, que se mantém até agora.
Produtividade
Apesar do cenário
de estiagem, calor excessivo e ataque de pragas, a produtividade também
surpreendeu. No Sul do estado, nas microrregiões de Criciúma e Araranguá, as
produtividades superaram as obtidas na safra 2018/19 em 14,74% e 10,63%,
respectivamente.
No Alto Vale, o
andamento da colheita também confirmou rendimentos superiores aos do ano
anterior na microrregião de Rio do Sul.
Para Gláucia, o
investimento em tecnologia por parte dos agricultores, com acesso a sementes de
qualidade e cultivares de alto potencial produtivo, é um dos motivos que
explicam a alta produtividade do arroz catarinense. Santa Catarina é o segundo
maior produtor de arroz do país, atrás do Rio Grande do Sul, posição que deve
manter neste ano, avalia a analista. O estado também divide com o vizinho
gaúcho a liderança do país na produtividade do grão.
A área plantada com
arroz na safra 2019/20 foi de 149.592 hectares. Esse número já está corrigido
com base no mapeamento por imagens de satélite coordenado pelo Centro de
Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina
(Epagri/Ciram).
Exportações
O arroz não é um
produto tradicional na carteira de exportações catarinense, mas neste ano o
produto ampliou a sua presença no mercado internacional. Segundo Gláucia, entre
janeiro e maio de 2019 Santa Catarina exportou nove vezes mais arroz do que no
mesmo período do ano passado. O exportado nos cinco primeiros meses de 2020
também supera em 2,3% o volume de arroz que foi vendido ao exterior pelo estado
durante todo o ano passado.
A alta nas
exportações do arroz catarinense se deve ao aquecimento do mercado externo,
avalia a analista da Epagri/Cepa. Os principais países compradores foram África
do Sul, Senegal e Namíbia.
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