Promotor de Justiça, João de Almeida Foto e Texto: Camila Pompeo | WH Comunicações
01/07/2019 - 19h54
Lucas Gomes dos Santos, autor do disparo que tirou a vida do advogado Joacir Montagna, começou a ser ouvido por volta das 17h desta segunda-feira (1º). Montagna foi morto em 13 de agosto de 2018 em seu escritório de advocacia em Guaraciaba.
Conforme o juiz Márcio Cristófoli, Lucas fez acordo de colaboração premiada e, por isso, é ouvido como testemunha. Durante a fala de Lucas, os outros quatro réus foram retirados do plenário.
Estão sendo julgados cinco denunciados sendo Adelino José Dala Riva (contratante), os irmãos Lucas, Abel e David Gomes dos Santos e José de Almeida (tio dos três irmãos) por seis crimes, sendo o principal homicídio qualificado por motivo torpe, mediante pagamento de sentença.
Quando conheceu Adelino Dala Riva, Lucas Gomes dos Santos era foragido do sistema prisional do Rio Grande do Sul. Ele disse alega que o primeiro contato com Adelino se deu por conta de uma proposta para trabalhar em uma propriedade rural e que, somente depois de saber que o comparsa também já havia estado preso, é que entraram no assunto sobre o crime.
Respondendo os questionamentos do promotor João de Almeida, Lucas argumentou que Adelino teria falado que a vítima seria um advogado e que este havia "tirado bastante dinheiro dele em uma causa que havia defendido, mas que mesmo assim foi condenado e queria se vingar". Lucas então disse que precisava de dinheiro e aceitou cometer o crime.
No dia 6 de agosto, ambos se deslocaram de Chapecó à Guaraciaba, onde ficaram nas proximidades da Prefeitura Municipal para vigiar a vitima em seu local de trabalho, que fica nas proximidades. Conforme Lucas, Adelino foi mostrar a ele onde ficava o escritório de Joacir Montagna. Adelino teria dito que Montagna não estaria armado e que teria pelo menos uma secretária dentro do escritório.
Naquele dia, ambos passaram à pé em frente ao escritório e depois com um veículo Parati. Posterior a isso, ambos se deslocaram a São Miguel do Oeste onde pararam em uma padaria da cidade para fazer um lanche.
Lucas contou ter dito à Adelino que no escritório seria difícil de cometer o crime e Adelino teria dito que havia um outro lugar onde o advogado trabalhava e que poderia cometer o crime na parte da tarde. Imagens de câmeras de monitoramento flagraram a dupla fazendo um trabalho de reconhecimento das imediações do escritório de Montagna.
A dupla voltou a Guaraciaba em uma segunda oportunidade para descobrir onde estava localizado o segundo local onde Joacir Montagna trabalhava e poderiam cometer o crime. No entanto, não conseguiram se localizar. Por conta disso, Lucas aceitou cometer o crime no escritório da vítima. Após acertarem o local onde ocorreria o assassinato, ambos se deslocaram novamente à Chapecó.
Adelino teria informado Lucas de que o advogado estaria no escritório a partir das 8h. Para se certificarem do horário, os réus contataram o escritório de Montagna e questionaram uma secretária que repassou a informação acreditando que era um possível novo cliente na linha.
Lucas confirmou durante o depoimento que havia virado a noite anterior ao assassinato bebendo e usando drogas e depois foi a um baile. No caminho ao escritório de Montagna, Lucas subiu na motocicleta pilotada pelo irmão David Gomes dos Santos. Segundo ele, em nenhum momento informou os dois irmãos que iria cometer um assassinato, apenas justificou a eles que cometeria um assalto. Ele alega que os irmãos aceitaram porque também precisavam de dinheiro, sendo que um deles para tratamento de saúde.
Antes de cometer o crime, Lucas orientou David a esperá-lo com a motocicleta ligada para agilizar o momento da fuga. Ele disse que subiu os degraus e somente quando estava fora da visão da rua, puxou a arma da cintura anunciando um suposto assalto.
O depoente disse que mandou as secretárias se deitarem no chão, perguntou por Joacir e seguiu em direção à sala do advogado. Naquele momento já engatilhou a arma anunciando o suposto assalto. Lucas disse que em nenhum momento ordenou que Montagna se abaixasse, mas o advogado se agachou por trás da mesa de seu escritório e foi nesse momento que ele efetuou o disparo. Lucas alega ter ficado com receio de que o advogado pudesse ter algum armamento escondido.
Na saída do escritório, Lucas disse que foi questionado pelo irmão David sobre o barulho de um tiro. Ele alega que justificou para o irmão que o assalto teria dado errado, que o advogado teria reagido e, por isso, efetuou o disparo. Lucas havia orientado que o outro irmão, Abel, os esperasse nas proximidades de onde foi abandonada a motocicleta e a arma utilizada no crime posteriormente. Lucas alega que a fuga se deu pelo município de Campo Erê na tentativa de evitar passar por possíveis barreiras da PRF de Guaraciaba e Maravilha.
Quando voltou a Chapecó, Abel deixou Lucas na casa de um tio, de onde o autor do disparo enviou uma mensagem a Adelino dizendo que havia "feito o serviço”. Em 40 minutos Adelino chegou ao local com a quantia de R$ 7,5 mil em dinheiro e uma arma de fogo como parte do pagamento, no valor de R$ 2,5 mil, totalizando os R$ 10 mil que haviam sido prometidos a ele. Questionado pelo promotor sobre o que fez com o dinheiro, o reú justificou ter gasto tudo em drogas e boates.
Após o crime e o pagamento dos R$ 10 mil, Lucas e Adelino teriam destruído seus aparelhos celulares para evitar que fossem descobertos. A partir de então, eles não teriam mais se encontrado. Lucas sustenta que Adelino não teve nenhum tipo de contato com os irmãos, David e Abel.
O julgamento dos réus deve seguir até pelo menos quarta-feira (3). Uma mulher e seis homens compõe o Conselho de Sentença e ficarão confinados em um hotel sem qualquer contato com o mundo externo e com aparelhos eletrônicos até o final do julgamento.
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