As pessoas que recebem o auxílio emergencial, pago pelo
governo federal durante a pandemia de covid-19, tiveram seus rendimento
aumentados em 24% em relação ao que recebiam usualmente antes da pandemia. Os
dados, divulgados nesta quinta (30), são do Centro de Estudos em Microfinanças
e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O impacto do auxílio emergencial é maior no caso dos empregados informais,
cuja elevação de renda proporcionada pelo auxílio chegou a 50%, passando de uma
média de R$ 1.344 (pré-pandemia) para R$ 2.016.
“Para aqueles que receberam o auxílio emergencial, o acréscimo de renda
mais do que compensou, pelo menos até o momento, as perdas de renda derivadas
da crise. Isso não significa que o auxílio emergencial seja excessivo, mas sim
que o nível de pobreza e desigualdade do Brasil é muito alto”, destaca o texto
do estudo.
O levantamento mostra que alguns profissionais foram mais afetados pela
pandemia, como cabeleireiros e manicure, que perderam, sem levar em conta o
auxílio emergencial, 42% da renda usual. Vendedor ambulante (-38%), motorista
(-36%), vendedor a domicílio (-33%), e artesão, costureiro e sapateiro (-33%),
também tiveram quedas acentuadas em seus rendimentos.
De acordo com o estudo, o auxílio emergencial já foi pago a cerca de 64
milhões de brasileiros, de um total de 104 milhões de solicitações. “O número
de pessoas que solicitaram o auxílio mostra que o volume de recursos do Bolsa
Família pode não ser suficiente. Existe uma parcela da população que é bastante
vulnerável, que não está sendo atendida”, destacou o coordenador do Centro de
Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, e um dos autores do
estudo, Lauro Gonzalez.
“São pessoas que não são pobres suficientemente para estarem no Bolsa
Família, mas que são pobres também, estão sujeitas aos efeitos negativos de
choques, como esse que a gente teve na pandemia. Um mecanismo mais adequado
[para corrigir isso] seria alguma coisa na linha de uma renda básica,
abrangendo um número maior de pessoas”, acrescentou.
O levantamento foi feito com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Covid-19 realizada em junho de 2020 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Benefício
O benefício foi criado pelo governo federal para tentar reduzir os efeitos
negativos na economia causados pela pandemia novo coronavírus, que obrigou o
mundo a suspender diversos setores da atividade econômica. O auxílio é
destinado a trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEIs),
autônomos, desempregados e famílias integrantes do programa Bolsa Família. A
parcela é R$ 600 ou de R$ 1,2 mil, para mães solteiras.
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