Avanço do coronavírus em frigoríficos no Oeste de SC preocupa autoridades

07/05/2020 - 21h28

Com um salto no número de casos nas últimas semanas, o Oeste de Santa Catarina tem concentrado um grande volume de registros de coronavírus, e a participação de frigoríficos na disseminação da doença tem mobilizado setores para amenizar riscos aos trabalhadores da agroindústria.

​Cidades com menos de 10 mil habitantes como Ipumirim e Lindóia do Sul possuem índices de contaminação entre os maiores do Estado, e a circulação pode ter começado entre trabalhadores de frigoríficos na região. Na cidade de Paial, que tem apenas 1,7 mil habitantes, dois casos já foram confirmados, entre eles um bebê de quatro meses de idade. O pai da criança trabalha em um frigorífico onde houve confirmação de covid-19.

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), que acompanha a situação, as plantas que mais preocupam em Santa Catarina ficam em Ipumirim e Concórdia, mas há investigação em várias indústrias nas regiões Oeste, Meio Oeste, Alto Uruguai Catarinense e no Sul de Santa Catarina.

Ainda conforme o MPT, há casos confirmados de covid-19 em frigoríficos nas cidades de Chapecó, Concórdia e Ipumirim. Em Concórdia, dos 121 casos de covid-19 confirmados até esta quarta-feira (6), 72 eram de trabalhadores do setor segundo a Secretaria de Saúde de Santa Catarina. Já no caso da planta da JBS em Ipumirim, o procurador do MPT Sandro Sardá disse que 44 casos foram confirmados entre os 1,3 mil empregados. Sardá chegou a recomendar que a unidade fique fechada por 14 dias.

- É inadmissível a minimização dos problemas. Do contrário, podemos ter uma tragédia nos frigoríficos, superior à área da saúde. Não defendo o fechamento, a atividade econômica deve prosseguir. Mas em alguns casos extremos, para impedir um prejuízo maior à sociedade, é fundamental se considerar uma parada por 14 dias - afirmou o procurador em audiência pública da Assembleia Legislativa de SC (Alesc) nesta quarta-feira.

Procurada pela reportagem do Diário Catarinense, a assessoria de imprensa da JBS afirmou que não tem conhecimento de qualquer recomendação para suspender as atividades, e que está “adotando medidas para garantir a segurança, saúde e prevenção para todos os seus colaboradores”. A empresa afastou colaboradores dos grupos de risco, vacinou todos os funcionários para H1N1 e adotou outras medidas de isolamento social.

É inadmissível a minimização dos problemas. Do contrário, podemos ter uma tragédia nos frigoríficos, superior à área da saúde.

A proposta de parar a atividade dos frigoríficos foi um dos principais temas debatidos na audiência pública da Alesc na quarta-feira. O secretário de Estado da Agricultura, Ricardo de Gouvea, disse que uma interrupção poderia resultar em problemas sanitários que trariam o risco de fechar mercados para a produção catarinense do setor.

O Governo do Estado também se manifestou sobre os casos de coronavírus em frigoríficos na coletiva de imprensa por meio da internet na quarta-feira. Questionado sobre o avanço da doença, o secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou que o governo está estudando os números específicos da contaminação na indústria agropecuária:

- A gente percebe claramente que sim, houve um aumento de transmissão dentro de alguns frigoríficos, em regiões bem específicas, e por termos identificado isso que já começamos a atuar junto com os municípios com ações da vigilância estadual e das vigilâncias municipais. De fato aumentou, esse quantitativo ainda não está consolidado, mas esses municípios tiveram suas estruturas fortalecidas, e são justamente nessas regiões que teremos reuniões para discutir outras atitudes.

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