Foto: Aires Mariga/Epagri
A perspectiva de elevação de 79% na safra catarinense
de trigo é o destaque do Boletim Agropecuário de
agosto da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
(Epagri). O documento traz ainda aumento no valor de exportação da soja e
reação dos preços pagos aos produtores de milho, em decorrência da perspectiva
de queda na produção. O informativo revela também que as exportações de frango
geraram receitas de US$ 1 bilhão para Santa Catarina nos primeiros sete meses
de 2021. O Boletim Agropecuário é emitido mensalmente pela Epagri/Cepa,
com a análise econômica das principais cadeias produtivas do meio rural
catarinense.
Trigo
Se o clima ajudar, Santa Catarina deve produzir 79%
a mais de trigo na safra 2021/22, na comparação com o ciclo agrícola anterior,
alcançando uma produção superior a 307 mil toneladas. A área do estado
destinada ao cultivo do grão nesta safra já está semeada e é 60% maior do que
no ano passado, passando de 58,4 mil para 93,2 mil hectares. A produtividade
média também deve se elevar, com incremento estimado de 12%.
As baixas temperaturas e geadas não
causaram prejuízos significativos nas lavouras. O problema, a partir de agora,
é a falta de chuvas: o temor é que a estiagem se estenda por setembro e outubro
e prejudique substancialmente a safra, como aconteceu no ano passado.
Desde o início de agosto, os preços do trigo
voltaram a reagir, depois de uma variação negativa de 1,8% em julho. O aumento
recente é alavancado pela elevação nas cotações do milho, que acabam puxando os
preços do trigo para cima. Outro fator é a quebra da safra e safrinha de milho
no Sul do país, que, aliado ao aumento nas exportações de carnes, tem
pressionado para cima os preços do grão.
Soja
O ritmo de exportações de soja por Santa Catarina
está relativamente atrasado na comparação com anos anteriores. Ao contrário, o
valor de exportação do produto se elevou. Em 2020, o valor FOB obtido foi de
US$ 349,86 a tonelada, em 2021 está cerca de 22% superior, em US$ 447,19 a
tonelada. A alta dos valores de exportação, a valorização cambial, os baixos
estoques das indústrias brasileiras e a firme demanda doméstica elevaram os
preços da soja em julho em cerca de 3% em relação a junho.
Milho
Depois de uma redução em junho, os preços pagos aos
produtores catarinenses de milho voltaram a subir em julho, retornando ao
patamar de R$90,00 a saca, em média. A elevação, que impacta o agronegócio em
Santa Catarina, é forçada por problemas em série nas produções regional,
nacional e mundial. Nos âmbitos nacional e regional, a seca vem reduzindo as
estimativas de milho da segunda safra. No mercado internacional, a elevação do
consumo, a pandemia e a preocupação com a segurança alimentar levaram a
disputas internacionais e a um quadro de incerteza no preço dessa commodity.
Arroz
Os preços médios pagos ao produtor catarinense de
arroz em julho recuaram na comparação com junho e fecharam o mês em R$ 71,90 a
saca de 50kg. Prevendo margens apertadas para a próxima safra, os produtores
estão cautelosos em disponibilizar para a venda o que resta de seus estoques.
Os custos de produção são preocupação para a próxima safra.
No campo, os agricultores intensificam os trabalhos
de preparo de solo para o plantio da safra 2021/22. No Litoral Norte, aguardam
as temperaturas subirem para semear. No Sul do estado, apesar da falta de
chuva, muitos produtores iniciaram a semeadura. A restrição hídrica tem trazido
preocupação para técnicos e produtores e tem limitado o avanço das operações de
plantio.
Feijão
Santa Catarina passa por um período de entressafra
de feijão. No mercado atacadista, há pouca movimentação de compradores. Neste
cenário, os preços pagos aos produtores catarinenses de feijão-preto recuaram
3,43% em julho e os do feijão-carioca permaneceram estáveis.
Frangos
Santa Catarina exportou 91,18 mil toneladas de
carne de frango em julho (in natura e industrializada), alta de
9,2%na comparação com o mesmo mês de 2020 e queda de 1,6% em relação ao mês
anterior. As receitas foram de US$ 172,66 milhões, alta de 40,9% na comparação
com julho de 2020 e de 4,2% em relação ao mês anterior. O valor de julho
representa o melhor resultado mensal desde julho de 2019.
De janeiro a julho, Santa Catarina exportou 583,78
mil toneladas, com receitas de US$ 1 bilhão, alta de 1% em quantidade e de 9,4%
em valor na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi
responsável por 24,3% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de
carne de frango no ano.
Suínos
Santa Catarina exportou 53,17 mil toneladas de
carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em julho, 3,5% acima
do registrado no mesmo mês do ano passado e 4,3% menos do que em junho. As
receitas foram de US$ 133,50 milhões, valor 29,1% maior na comparação com julho
de 2020 e 7% menor do que no mês anterior.
De janeiro a julho, o Estado exportou 336,25 mil
toneladas de carne suína, com receitas de US$ 838,64 milhões, altas de 13,9% e
29,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2020. Santa Catarina
respondeu por 53% das receitas e 51,3%do volume de carne suína exportada pelo
Brasil.
Bovinos
Nas duas primeiras semanas de agosto o preço médio
estadual do boi gordo registrou alta de 1,7% em relação ao mês anterior,
atingindo o valor de R$ 322,351 a arroba. Também foram registradas altas nos
preços dos animais de reposição, com variações de 0,2% no caso dos bezerros de
até um ano e de 1,9% para os novilhos de um a dois anos.
Leite
Números do IBGE divulgados em agosto mostram um
baixo desempenho da produção leiteira nacional. Isso reforça as evidências de
que as elevações dos preços dos lácteos e
dos preços recebidos pelos produtores nos últimos meses foram muito mais
condicionadas por um baixo desempenho da produção brasileira, do que por
qualquer reação da demanda nacional.
Alho
Santa Catarina deve colher uma boa safra de alho,
cujo plantio está encerrado em todas as regiões. A área plantada é de 1.718
hectares, com produção total estimada de 17.541 toneladas e rendimento médio
esperado de 10.210 kg/ha. O frio intenso das últimas semanas não afetou o
desenvolvimento da cultura, que é própria do período de inverno. A
fitossanidade e o desenvolvimento das lavouras são considerados de bom a ótimo,
favorecidos pelo clima mais seco até o momento.
Em julho, foram importadas 11,49 mil toneladas de
alho, o menor volume para o mês dos últimos cinco anos. De janeiro a julho
deste ano, as importações somam 100,07 mil toneladas, redução de 11,86% em
relação ao mesmo período do ano passado.
Cebola
Santa Catarina já está com 78% da área a ser
ocupada pela safra 2021/22 de cebola plantada. As lavouras se desenvolvem em
boas condições fitossanitárias, até o momento.
O aumento na oferta da hortaliça no mercado
nacional, puxado pela produção das regiões de São Paulo, Cerrado e Triângulo
Mineiro, reduziu os preços. Esse cenário derrubou as importações em julho. Nos
seis primeiros meses de 2021 o Brasil importou 114,68 mil toneladas de cebola,
queda de 40,53% em relação ao mesmo período do ano passado.
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