O presidente Jair
Bolsonaro assinou uma Medida Provisória (MP n° 1.040/2021) que moderniza e desburocratiza
o ambiente de negócios no Brasil. O objetivo do governo federal é melhorar a
classificação do país no ranking Doing Business do Banco Mundial, passando da
atual 124ª posição para os 50 primeiros colocados.
Entre as melhorias,
o documento simplifica a abertura de empresas, protege investidores
minoritários, facilita o comércio exterior de bens e serviços e libera
construções de baixo risco.
O secretário
especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia,
Carlos da Costa, falou, durante a assinatura da MP, sobre as expectativas de
melhoria no ranking.
“Essa Medida
Provisória tem potencial de nos levar a 80ª posição. E temos mapeadas, para que
nos próximos meses, já tenhamos outras medidas com um potencial nos levar a
posição 47”, anunciou.
Principais pontos da MP
Entre os principais
pontos da Medida Provisória está a diminuição de burocracias, como unificação
das inscrições fiscais federal, estadual e municipal no CNPJ; eliminação de
análises de endereço de empresa; checagem do nome do empreendimento pela
internet e permissão para que a Aneel delimite prazos máximos para obtenção de
energia elétrica.
Em relação aos
conselhos e assembleias, a MP determina a participação de conselheiro
independente no conselho de administração da empresa e proíbe o acúmulo de
cargos em companhias de grande porte.
Para facilitar o
comercio exterior, o texto inclui o fim da exigência de licenciamento de
importação, em razão de características das mercadorias, quando não existe um
ato normativo com essa previsão; criação de um novo sistema de comércio
internacional em substituição ao Siscoserv; fim da exigência de que importações e
exportações estatais ou bens com favorecimento tributário sejam feitos por
navios com bandeira brasileira; entre outros pontos.
O assessor-chefe de
Ambiente de Negócios da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e
Competitividade do Ministério da Economia, Michael Dantas, comenta como a MP
vai facilitar a vida do empresário brasileiro.
“A MP vai tornar
mais simples a abertura de empresas. Antes tínhamos uma média de 17 dias nas
capitais; e agora queremos levar um dia para o país inteiro. Ela vai dar mais
segurança e uma série de relações jurídicas, que garantam que, se um empresário
precisar entrar com processo, que isso ocorra mais rapidamente”, afirma.
Michael também
destaca a agilidade no acesso à eletricidade ao abrir um empreendimento,
garantida pela Medida Provisória.
Ranking Doing Business
O ranqueamento
Doing Business do Banco Mundial mede a qualidade dos ambientes de negócios de
190 países, desde o momento em que o empreendedor abre uma empresa, até o
fechamento do negócio.
Michael Dantas,
destaca a importância de estar bem classificado.
“Uma melhoria no
Doing Business está diretamente relacionada a atração de investimento
estrangeiro direto. Então ele melhora a percepção do nosso país; do país que
está sendo avaliado”. O assessor também diz que o ranqueamento é focado em
pequenas e médias empresas.
No entanto, segundo
o professor de Gestão de Negócios e Processos do IBMEC/DF, Ulisses Sampaio, tão
importante quanto a classificação no Doing Business, são as medidas que as
economias adotam para subir no ranking e melhorar seus desempenhos.
Plano do governo brasileiro
O plano do governo
federal para avançar no ranking não envolve apenas a MP 1.040/2021, como
detalha o assessor-chefe de Ambiente de Negócios da SEPEC.
“Primeiro, a gente
espera subir 10 posições, nesse ano, por conta de melhorias implementadas no
nosso registro de imóveis – que foi simplificado – e melhorias na obtenção de
eletricidade – que foi acelerada. Além disso, nós temos a Lei de Falências, que impacta no indicador de
execução de contratos, que nos daria mais cinco posições”, detalha.
A expectativa é
avançar 20 posições com a MP do ambiente de negócios e mais nove com o
licenciamento urbanístico integrado – que é a emissão de alvará de construção
para obras de baixa complexidade, de forma simplificada e online.
Michael Dantas
afirma que o governo federal já está preparando uma nova Medida Provisória
sobre registros de propriedade e de garantiras, o que traria mais 13 posições
para o ranking.
Além disso, a
Receita Federal assumiu o compromisso de implementar uma série de mudanças,
além da reforma tributária, o que contribui para melhorar os indicadores de
tributação e comércio exterior.
O porta-voz da
SEPEC ressalta que o plano leva em conta a melhoria no desempenho dos outros
países.
“Essa nota que
estamos projetando, se fosse hoje, nos levaria a posição 40. Então porque
estamos falando que chega no top 50? Porque os demais países também vão
melhorar. Precisamos incorporar estes aspectos.”
O professor do
IBMEC/DF, Ulisses Sampaio, afirma que essa é uma meta ousada do governo
federal. A MP ainda vai tramitar no Congresso Nacional, com expectativa de
aprovação ainda em 2021. Caso aprovada, o país terá um ano para subir 20
posições, o que segundo o professor é um curto prazo.
“Importante
ressaltar que nenhum país da América Latina figura entre as 50 primeiras
posições, o que seria algo inédito o Brasil entrando nessa classificação. Pelos
números, nós vemos que não será uma tarefa fácil e que, para isso acontecer,
exigirá do governo medidas agressivas para mudança nesse cenário”, avalia.
O professor de MBAs
da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Rochlin, também avalia que as medidas não
serão suficientes para ficar entre 50 primeiros colocados no ranking Doing
Business.
“As medidas
adotadas, por si só, não são suficientes para fazer com que o país avance 74
posições no ranking. As medidas têm um cunho administrativo, um tanto limitado.
Podem ajudar na rapidez com que empresas possam ser abertas. Mas não acredito
que, pelas medidas adotadas apenas, a gente consiga avançar tanto em termos de
competitividade”, afirma.
A Medida Provisória
já está valendo, mas segue para análise do Congresso Nacional e se não for
aprovada, dentro dos prazos estipulados pela lei, perde a validade.
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