Teich é o substituto de Mandetta no comando da Saúde
O médico
oncologista Nelson Luiz Sperle Teich foi escolhido por Jair Bolsonaro como o
novo ministro da Saúde. Ele vai substituir Luiz Henrique Mandetta, que foi
demitido do cargo na tarde desta quinta-feira (16).
Teich é carioca e
formado em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele
chegou a ser cotado para a pasta da Saúde antes da posse de Bolsonaro na
Presidência.
O oncologista foi
consultor de saúde durante a campanha eleitoral de Bolsonaro e assessorou o
secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da
Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a janeiro de 2020.
Teich fundou o
Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) em 1990. Em 2005, o grupo foi
adquirido pela UHG/Amil.
Também fundou e é
presidente do Instituto COI de Educação e Pesquisa, uma organização sem fins
lucrativos criada em 2009 para fazer pesquisas clínicas e trabalhar com
programas de formação nas diversas áreas de tratamento do câncer, como
hematologia, oncologia, radioterapia, física da radiação, enfermagem e
farmácia.
Teich coordena a
parceria com o programa de consultoria MD Anderson, criada com o objetivo ser
um centro integral de câncer no Rio de Janeiro.
O médico tem
mestrado em economia da saúde pela Universidade de York, MBA em saúde pelo
Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (COPPEAD) e em gestão e empreendedorismo pela Harvard
Business School.
Em um artigo
publicado na rede social Linkedin em 3 de abril com o título COVID-19:
Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil, Teich destacou que
"estamos vivendo um tempo de guerra e tempos de guerra, apesar de todas as
dificuldades e perdas, são períodos onde grandes inovações acontecem, inclusive
na saúde".
Ele ponderou sobre
isolamento horizontal (para todos) e vertical (apenas para grupos de risco).
Disse que "diante da falta de informações detalhadas e completas do
comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade
do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes,
a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa
atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a
melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o
isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender
melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do
país."
"Outro tipo de
isolamento sugerido é o isolamento vertical", escreveu. "Essa
estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva
para o problema. Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das
transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as
pessoas com maior risco de morte pela covid-19 em casa e liberarmos aqueles com
menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas
assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto
risco que foram isoladas e ficaram em casa. O ideal seria um isolamento
estratégico ou inteligente."
Teich defendeu em
seu artigo que o isolamento social "deveria ser personalizado".
"Um modelo semelhante ao da Coreia do Sul. Essa estratégia demanda um
conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de
rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes
em massa para covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo
que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia
celular. Esse monitoramento provavelmente teria uma grande resistência da
sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de
dados pessoais."
Saída de
Mandetta
A demissão de Luiz
Henrique Mandetta foi confirmada pelo próprio agora ex-ministro, no Twitter,
após uma reunião com Bolsonaro.
"Acabo de
ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da
Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso
SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de
planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o
nosso sistema de saúde está por enfrentar", escreveu.
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