O Brasil possui negociações em torno de 350 milhões de doses
de vacinas contra a covid-19, de acordo com o plano de vacinação contra a
covid-19 apresentado pelo governo federal. Portanto, o país deve comprar mais
de um tipo de imunizante, mas a chance de cada brasileiro poder escolher qual
vacina irá tomar é mínima, segundo o pediatra Juarez Cunha, presidente da SBIm
(Sociedade Brasileira de Imunizações).
Ele destaca que, como já é sabido, no começo não haverá doses suficientes
para toda a população e as estratégias de vacinação vão ser elaboradas de
acordo com os imunizantes que estiverem disponíveis no país.
"Mesmo esse quantitativo que o ministério está programando, não é
suficiente para a população em geral. Teremos um número bem inferior ao
necessário. Eu acho pouco provável que os locais tenham mais de uma opção, mas
se tiverem, talvez [as pessoas] possam escolher", afirma.
No entanto, o plano de imunização apresentado nesta semana pelo Ministério da Saúde já prevê que os grupos prioritários recebam a vacina desenvolvida em parceria pela empresa AstraZeneca e a Universidade de Oxford, portanto, eles não poderão escolher.
As vacinas previstas no plano de imunização
Esse é o único imunizante específico para o qual o governo federal já tem
um acordo fechado, com a garantia de 220 milhões de doses até o final de 2021:
100 milhões serão entregues até o primeiro semestre e o restante será fabricado
nacionalmente a partir de julho, por meio da transferência de tecnologia
para Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Além disso, disso, foram asseguradas mais 42,5 milhões de doses por
meio do Covax Facility, aliança global liderada pela OMS (Organização Mundial
da Saúde) que tem o objetivo de garantir aos países em todo o mundo o acesso
equitativo a vacinas seguras e eficazes contra a covid-19. Segundo a pasta,
isso permite que o Brasil tenha, ao menos, mais nove imunizantes entre suas
opções.
O plano de vacinação também informa que foram firmados "memorandos de
entendimento, que expõem a intenção de acordo" e podem sofrer alterações
para a aquisição de seis vacinas: Pfizer/BioNTech, Janssen, Instituto Butantan,
Bharat Biotech, Moderna, Gamaleya.
De acordo com o texto, as negociações com as duas primeiras candidatas são
as mais avançadas. A previsão é que sejam adquiridas 70 milhões de doses da
vacina desenvolvida pela Pfizer com a BioNtech e 38 milhões de doses do
imunizante da Jassen ao longo de 2021.
Na última quinta-feira (17), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, confirmou que
existem negociações com o Instituto Butantan, em São
Paulo, para adquirir um primeiro lote de 46 milhões de doses da CoronaVac.
Além de conseguir vacinas em quantidade suficiente para proteger toda a
população, Cunha cita outro desafio que será preciso enfrentar: como a maioria
delas exige a aplicação de duas doses, será preciso garantir que as pessoas
recebam o mesmo produto em ambas as vezes, pois ainda não existem pesquisas
sobre os efeitos da intercambialidade de imunizantes.
"A gente não sabe se a pessoa ficaria protegida e nem se seria
seguro. Enquanto não tivermos estudos liberando o uso de duas vacinas [na mesma
pessoa], temos que ser cuidadosos", explica.
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