Sob os olhares do
presidente Jair Bolsonaro, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas,
brigadeiro Raul Botelho, e o almirante Craig Faller, comandante do U.S.
Southern Command (SouthCom, o Comando Sul, na sigla em inglês), assinaram o
acordo militar que aprofunda a cooperação em defesa do Brasil com os Estados
Unidos.
Autoridades do
governo brasileiro afirmam que o acordo poderá ampliar a presença da indústria
bélica do País no mercado americano.
A medida é o
principal anúncio da viagem do presidente à Flórida e foi oficializada em
visita de Bolsonaro ao Comando Sul, que supervisiona as Forças Armadas dos EUA
na América Latina e Caribe, na cidade de Doral, perto de Miami.
O acordo se insere
na política do governo de aproximação cada vez maior do Brasil com os EUA.
O acordo RDT&E,
que na tradução significa Pesquisa, Desenvolvimento, Testes e Avaliações,
facilita o desenvolvimento e pesquisa de tecnologias emergentes e harmoniza
produtos de defesa com as especificações americanas e da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte).
A ideia começou a
ser negociado em 2017, no governo Michel Temer, e as tratativas saíram do papel
depois da designação do Brasil como um aliado preferencial fora da OTAN.
A classificação foi
anunciada pelos EUA em março do ano passado, no âmbito da visita de Bolsonaro
ao presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca.
“Assinamos um
acordo histórico hoje, que abrirá caminho para compartilhamento ainda maior de
experiências e informações”, afirmou o almirante Faller, da Marinha dos EUA.
“Trabalhamos muito
próximos das nossas nações aliadas.”
O Brasil é o
primeiro país da América Latina a integrar o acordo. “Hoje assinamos mais um
acordo inédito com os EUA, que poucos países têm”, afirmou o ministro da Defesa
do Brasil, Fernando de Azevedo e Silva.
O País é ainda o
primeiro do hemisfério Sul a entrar para o clube de parceiros americanos. O
clube inclui França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Índia, Suécia, Estônia,
Finlândia, Noruega e Coreia do Sul.
O acordo agora deve
ser ratificado pelos parlamentos dos dois países. O Palácio do Planalto espera
que ele não enfrente grande oposição no Congresso, em razão dos benefícios que
pode trazer para a indústria brasileira.
Financiamento
O RDT&E não
envolve financiamento de projetos ou de aquisição de produtos. Mas o acordo
permite que se negocie a adesão ao RDT&E Fund, que comporta o acesso ao
fundo americano.
O acordo de hoje
estabelece os critérios jurídicos para cooperação, bem como as áreas das
parcerias.
O custo de cada
projeto será definido caso a caso e, para cada um deles, será necessário
assinar um termo específico dentro do RDT&E.
Já o RDT&E Fund
é um novo passo, que não se confunde com o primeiro, e serve para custear
especificamente a parte americana dos projetos, sejam eles individuais dos EUA
ou compartilhados com parceiros.
A parte do Brasil é
não é financiado por este fundo.
Há, no entanto, a
possibilidade de o lado americano contratar empresas brasileiras para
desenvolver a parte americana da cooperação.
Neste caso, as
empresas contratadas pelo lado americano poderão ser pagas com o RDT&E
Fund.
Por isso, o acordo
assinado hoje é visto como uma abertura de portas. Não apenas para cooperação
técnica e acesso a tecnologias, mas também como um passo adiante para que se
estabeleça a aliança comercial.
Essa ampliação está
em discussão entre os dois governos e pode ser o próximo passo para as relações
militares entre os países.
Atualmente, o setor
da indústria de Defesa no Brasil – estatal e privado – mantém 250 mil empregos
diretos e indiretos, em áreas que vão desde fabricação de munição até a
construção de mísseis e foguetes.
Segundo estudo do
Ministério da Defesa de dezembro, o Brasil ocupava a 11.ª posição no ranking
internacional de gastos de Defesa, com US$ 27,8 bilhões. Destes, cerca de 70%
cobriram despesas com pessoal ativo e inativo e apenas 11% eram investimentos.
A relação entre o
PIB e os gastos com defesa, que estava em tendência de queda desde 2010,
começou a aumentar a partir de 2016, pulando de 1,35% para 1,51% do PIB brasileiro
em 2018.
A Marinha, com o
projeto dos submarinos convencionais e nuclear e a aquisição de fragatas,
respondia por 50% dos investimentos na área, seguida pela Força Aérea, com a
renovação de seus caças, com 27% dos investimento. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
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