Foto: Cleia Viana/CâmaradosDeputados/Divulgação
A Câmara dos Deputados aprovou,
por 392 votos a 71, o projeto que muda a incidência de ICMS sobre combustíveis
e estabelece um valor fixo por litro para o imposto. Os deputados vão apreciar
agora os destaques – sugestões de mudança que podem mudar o teor do texto. Em
seguida, a proposta deve seguir para o Senado, onde tem poucas chances de avançar
em razão da resistência dos Estados, que temem perder arrecadação.
Pelo texto
aprovado, a cobrança passará a ser “ad rem”, ou seja, um valor fixo por litro –
a exemplo de impostos federais PIS, Cofins e Cide. O modelo substituirá a
cobrança atual, que é “ad valorem”, ou seja, um porcentual sobre o valor o
preço de venda.
O ICMS hoje incide
sobre o preço médio ponderado ao consumidor final, que é atualizado a cada 15
dias. Por isso, quando a Petrobras aumenta o preço do combustível, a
arrecadação dos Estados também cresce, mesmo que as alíquotas permaneçam
inalteradas.
O ICMS sobre
gasolina varia hoje de 25% a 34% – em São Paulo, por exemplo, é de 25%, e no
Rio de Janeiro, de 34%. Sobre o diesel, as alíquotas variam de 12% a 25%; sobre
o etanol, de 12% a 30%; e sobre o gás de cozinha, de 12% a 25%.
Freio nas
sucessivas altas
A proposta é uma
tentativa de dar freio ao aumento dos
combustíveis e do gás de cozinha, que tem pressionado o
bolso dos consumidores. A desvalorização do real frente ao dólar e o aumento do
preço do barril de petróleo são as principais causas do aumento dos preços.
A Petrobras tem
posição dominante de mercado: é praticamente a única fornecedora do País e
detinha 98% do mercado de refino até 2019. Quase 7% da gasolina consumida no
País entre janeiro e junho deste ano foi importada.
Dados recentes da
ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) apontam que o botijão
de 13 quilos chega a custar R$ 135 no País, e a média geral do preço passou de
R$ 98,47 para R$ 98,67. Desde março deste ano, o combustível já subiu cerca de
90%. Já a gasolina tem preços variando de R$ 4,690 (Cascavel-PR) a R$ 7,249
(Bagé-RS). No ano, a gasolina registra alta de 57,3%.
De acordo com o
parecer do relator, Dr Jaziel (PL-CE), as mudanças aprovadas hoje podem reduzir
o preço ao consumidor em 8% para a gasolina, 7% para o etanol e 3,7% para o
diesel.
Diferentemente do
projeto enviado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Legislativo no início do ano,
o texto aprovado mantém a autoridade de cada Estado para fixar o ICMS. A
proposta enviada pelo governo em fevereiro, rejeitada pelos líderes,
determinava que as alíquotas seriam iguais em todos os Estados.
As alíquotas
definidas deverão ser mantidas por 12 meses sem alteração. Haverá, ainda, um
teto para esse valor: ele não poderá ser superior à alíquota praticada nos dois
últimos anos. Já na primeira vez em que elas forem definidas, elas deverão ser
inferiores às praticadas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020.
Estados são contra
Os Estados se posicionaram
contra a aprovação do texto. Segundo os secretários estaduais de Fazenda,
haverá uma perda de R$ 24 bilhões para as finanças estaduais e de R$ 6 bilhões
para os municípios.
Em nota, o Comsefaz
(Comitê Nacional de Secretários de Fazenda Estaduais) pediram aos deputados que
rejeitassem o projeto. Para eles, a mudança não trará qualquer efeito para
diminuir o preço dos combustíveis, já que não altera os demais fatores que têm
provocado a alta dos preços.
Para os Estados, a
política de paridade internacional de preços da Petrobras tem demonstrado há
anos inadequação e lesividade à economia brasileira. O Comsefaz ressalta ainda
que o ambiente adequado para alterar o ICMS é a reforma tributária em
tramitação no Congresso.
O relator, no
entanto, defendeu a proposta e disse que os governadores “não perdem” com ela.
Segundo o deputado Dr Jaziel, o prejuízo divulgado pelos Estados considera um
preço elevado para o barril e para o dólar. “E se tiver que perder, é uma perda
pequena e que vale a pena, já que o povo não tem de onde tirar”, afirmou.
O deputado Hildo
Rocha (MDB-MA) orientou a bancada a votar contra o texto e aproveitou a votação
para criticar a política cambial do governo. “A política cambial exercida por
Paulo Guedes não é correta. Estamos permitindo essa desvalorização que diminui
o poder de compra do brasileiro”, afirmou.
A líder do PSOL,
Talíria Petrone (RJ), disse que o projeto é uma farsa. “Estão vendendo ilusões
ao povo brasileiro. Haverá uma queda marginal no preço da ponta em 2022, mas a
base de cálculo dos dois anos anteriores fará com que os preços subam novamente
em 2023”, disse.
>>>PARTICIPE DO GRUPO DE NOTÍCIAS NO WHATSAPP.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook