A Câmara dos Deputados retoma nesta terça (30) a análise da
medida provisória (MP) que concede linha de crédito especial para pequenas e
médias empresas pagarem a folha de salários durante a pandemia do novo
coronavírus. Parlamentares precisam analisar propostas de mudanças ao texto. A
medida é a única proposta em pauta na sessão. Assim que for concluída, a
matéria segue para o Senado.
Editada pelo governo federal em abril, a MP 944/20 cria o Programa
Emergencial de Suporte a Empregos. Pelo texto, o empregador beneficiado fica
impedido de demitir funcionários sem justa causa, no período entre a
contratação do empréstimo e até 60 dias após o recebimento da última parcela da
linha de crédito.
Recursos
O texto prevê uma linha de crédito de R$ 34 bilhões para garantir o
pagamento dos salários em empresas com receita anual entre R$ 360 mil e R$ 50
milhões. Segundo a proposta aprovada pelos deputados, em vez de dois meses
previstos inicialmente, o empréstimo poderá financiar os salários e as verbas
trabalhistas por quatro meses.
A medida prevê a liberação de até R$ 2.090,00 (valor equivalente a duas
vezes o salário mínimo por empregado) e será destinada ao processamento das
folhas de pagamento.
Segundo texto, o governo federal responderá por 85% do dinheiro das
operações, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Outros 15% serão de recursos dos bancos que atuarem no programa. As
operações de empréstimo poderão ocorrer até 31 de outubro de 2020, em
vez de 30 de junho, como previa a MP enviada pelo Executivo.
O relator da proposta, deputado Zé Vitor (PL-MG), aumentou o alcance
das empresas que podem acessar o empréstimo para incluir sociedades
simples, organizações da sociedade civil e empregadores rurais (pessoas físicas
ou jurídicas). Originalmente, estavam incluídas apenas sociedades empresariais
e sociedades cooperativas.
A taxa de juros será de 3,75% ao ano, com prazo para pagar de 36 meses e
carência, incluída nesse prazo, de seis meses para começar a pagar a primeira
parcela. Durante a carência, os juros serão contabilizados e incorporados às
parcelas.
As linhas de crédito poderão ser utilizadas para acordos homologados
perante a Justiça do Trabalho, cujo valor total não ultrapasse R$ 15 mil.
Folha de pagamento
O texto de Zé Vitor também retirou a exigência de que a folha de pagamento
dos contratantes seja processada por instituição financeira. Em sua proposta, os
empregadores ficam obrigados apenas a efetuar o pagamento de seus empregados
por meio de transferência bancária para conta de titularidade do trabalhador.
“Tal exigência, segundo apuramos, deixaria de fora do programa grande
número de empresas de pequeno porte, por exemplo, que não utilizavam o serviço
de processamento de folha por meio de bancos”, explicou o parlamentar. “Essa
inovação será benéfica tanto para os contratantes – que poderão manter suas
rotinas atuais de processamento interno de folha salarial –, quanto para as
instituições financeiras, que passarão a fiscalizar o cumprimento das
exigências legais apenas com base na apresentação dos comprovantes de
transferência bancária”, completou.
Demissão por justa causa
O relator modificou o texto sobre a proibição para as demissões sem justa
causa. Pela nova redação, a dispensa sem justa causa de empregados será
permitida considerando a proporção do total da folha de pagamento que, por
opção do contratante, tiver sido paga com recursos do programa.
Dessa forma, se a folha de pagamento tiver sido custeada com 50% de
recursos, 50% dos funcionários podem ser demitidos. Essa proibição permanece
por até dois meses após a liberação da última parcela da linha de crédito.
“Com isso, pretendemos dar maior flexibilidade aos contratantes, à vista,
por exemplo, de peculiaridades próprias de cada atividade, a exemplo da
sazonalidade de demanda”, argumentou o deputado Zé Vitor.
Dívidas trabalhistas
Os deputados também incluíram na medida a possibilidade de utilizar os
recursos para pagamento de verbas trabalhistas. Dessa forma, poderão ser feitos
pagamentos referentes a condenações transitadas em julgado e decorrentes de
acordos homologados pela Justiça do Trabalho.
O valor do débito com dívidas trabalhistas não poderá ultrapassar R$ 15
mil. O texto inclui ainda a permissão para o pagamento de débitos relativos ao
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
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