Caminhões são impedidos de sair e entrar para abastecer na base de Guaramirim – Foto: Thiago Bonin/NDTV
Caminhões parados
no acostamento das rodovias e nos pátios de postos de combustível. Essas cenas
se multiplicam por Santa Catarina. De Norte a Sul e de Leste a Oeste, a paralisação dos caminhoneiros,
que começou na terça-feira (7) continua em todo o Estado. E a adesão tem
provocado grandes concentrações. Só em Joinville, no Km 25 da BR-101, há
uma estimativa de 200 a 300 caminhões parados.
E é justamente no
Norte de Santa Catarina que começaram os problemas de desabastecimento de
combustível. A base de armazenamento e distribuição, em Guaramirim, está
bloqueada desde a manhã desta quarta-feira (8). De acordo com o Sindipetro
(Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Santa Catarina),
alguns caminhões conseguiram entrar e abastecer, no entanto, foram impedidos de
deixar a base para levar o combustível aos postos.
A própria base
confirmou que apenas 14 caminhões conseguiram abastecer e a média, de acordo
com eles, é de 60 a 70 caminhões que carregam em volta de feriados. Além disso,
já há postos de combustíveis com estoques de gasolina zerados em Joinville,
Schroeder e Rio Negrinho.
De acordo com a gerente do Sindipetro, Pamela Alessandra Bento, os postos podem sim registrar problema de abastecimento. Ela explica que normalmente os postos recebem os caminhões diariamente e, sem o reabastecimento nesta quarta-feira, eles já terão que trabalhar com o estoque e, caso o problema de distribuição continue, Joinville e região podem ficar sem combustível.
No entanto, de acordo com os sindicatos do Estado, até o momento, só a região Norte registrou problemas. Em Itajaí, o Sincombustíveis afirma que, neste momento, não há nenhum problema na região.
“Neste momento,
nenhum revendedor reclamou absolutamente nada. Não sei como vai ficar no
decorrer do dia, da semana. Como não tem nada de oficial, não temos como nos
manifestar, mas quando e se tivermos anormalidade, podemos falar. O que pode
acontecer não dá para falar, neste momento, na região de Itajaí está normal.
Como vai ficar depois, é outro assunto”, afirma César Ferreira Junior,
secretário executivo do sindicato.
No Oeste, a
situação é semelhante. De acordo com o Sitercomoc (Sindicado dos Trabalhadores
nas Empresas Revendedoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo), não há
nenhuma informação concreta de desabastecimento e, até o momento, o
abastecimento está normalizado.
O Sindópolis
(Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis)
afirma que, por enquanto, não há nenhum problema e que, na região, os caminhões
saíram normalmente dos terminais.
O Setcesc
(Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de SC)
afirma que está monitorando os pontos de bloqueio, mas que “é muito cedo para
dizer qualquer coisa nesse sentido de problema de abastecimento”.
O gerente
administrativo do sindicato afirma que trabalha com o cenário mais pessimista
de liberação no fim de semana, mas que não acredita em problema de
abastecimento no Estado. “Eu acho difícil que haja problema de abastecimento
porque a pauta não é a penalização da população”, finaliza.
Fetrancesc
emite nota sobre bloqueios de rodovias em SC
“O Sistema
Fetrancesc enaltece e valoriza o direito à livre manifestação, predominante nos
diversos atos realizados Brasil afora ao longo deste dia 7 de setembro. Ele
demonstra a presença viva da democracia no Território Nacional.
Contudo, paralelo a
tais manifestações, bloqueios em rodovias impedem o tráfego de caminhões, os
quais são responsáveis pela garantia do abastecimento, sobretudo em relação aos
insumos básicos, a exemplo de alimentos, medicamentos, combustíveis e
suprimentos para hospitais.
Neste sentido,
enquanto entidade representativa de mais de 18 mil empresas do Transporte
Rodoviário de Cargas em Santa Catarina, bem como responsável pelo emprego de
mais de 100 mil colaboradores, além de ciente de sua responsabilidade com o
cidadão catarinense, o Sistema Fetrancesc repudia atos de bloqueios e
impedimentos do tráfego de quaisquer veículos, sejam de pequeno ou grande porte,
independente da quantidade de pessoas em seu interior.
Tal atitude
contraria o Direito Fundamental de ir e vir, assegurado pela Constituição
Federal (art. 5º, XV), além de afrontar a democracia, uma vez em que todo e
qualquer cidadão deve respeitar a livre manifestação, porém não é obrigado a
integrá-la.
Ainda ciente de sua
responsabilidade social, as empresas do Transporte Rodoviário de Cargas de
Santa Catarina NÃO INTEGRAM quaisquer movimentos de bloqueios de rodovias e
pretendem manter suas atividades normalmente.
Para que isso
ocorra, também o Sistema Fetrancesc clama ao Estado a garantia da segurança dos
motoristas e colaboradores do setor no exercício desta atividade fundamental”.
A
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística manifesta repúdio
“A Associação
Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, vem
manifestar total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros
autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do País, por influência
de supostos líderes da categoria.
Trata-se de
movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e
reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação
Nacional dos Transportadores Autônomos.
Preocupa a NTC o
bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de
transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o
abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente
o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira
necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc.
Esperamos que as
autoridades do Governo Federal e dos Governos Estaduais adotem as providências
indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o
pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias
em todo o território nacional, como pressuposto indeclinável para o cumprimento
da atividade essencial de transporte.
As empresas de
transporte rodoviário de cargas, desde que garantido o livre trânsito dos seus
veículos, terão condições de assegurar a continuidade do normal abastecimento
em toda a cadeia de produção e consumo para a tranquilidade de todos.
A NTC deixa claro
que não apoia esse movimento, repudiando-o, orientando as empresas de
transporte a seguirem em sua atividade e orientando os seus motoristas para em
caso de bloqueio ao trânsito dos seus veículos acionarem imediatamente a
autoridade policial solicitando sua liberação”.
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