Após 13 anos da
morte de padre Léo Tarcísio Gonçalves Pereira, será aberto neste sábado
(7) o inquérito do processo de beatificação, que irá elevar
oficialmente o sacerdote à condição de “Servo de Deus”, na Comunidade Bethânia,
em São João Batista, na Grande Florianópolis. Ele acumula relatos
de fiéis de graças alcançadas, cura de doença e conversões.
Apesar do ato ser
considerado o primeiro passo oficial para a beatificação, a trajetória do
sacerdote abriga uma longa história e o pedido também envolve uma série de
estudos, pesquisas e análises. O aval do Vaticano para a abertura do caso
ocorreu em 8 de dezembro de 2019, dia em que padre Léo completaria 29 anos de
sacerdócio.
Padre Léo morreu em
4 de janeiro de 2007 vítima de uma infecção generalizada devido a um câncer no
sistema linfático. Ele ficou conhecido por suas pregações, pelo jeito peculiar
de evangelizar, que valorizava a simplicidade e o humor ao abordar exemplos
concretos do cotidiano. Além disso, mesmo doente, seguiu com os trabalhos de
evangelização, um dos eventos marcantes para os fiéis é o "Hosana
Brasil", de 2006.
"Contando
'causos' do dia a dia, as pregações de padre Léo arrastavam multidões e foram
responsáveis por muitas histórias de conversão. Tantos são também os
testemunhos de graças alcançadas por intercessão do sacerdote, relatos esses
que têm sido reunidos pela Comunidade Bethânia", explica padre Lúcio
Tardivo, autor da causa de beatificação.
Entre as ações de
Padre Léo, está a criação da Comunidade Bethânia, que é um centro de
acolhimento com 170 vagas e já atendeu mais de 6,5 mil pessoas em tratamentos
contra dependência de drogas.
Desde a morte do
padre Léo, a comunidade tem recebido vários testemunhos. Os relatos são feitos
por meio de cartas, e-mails e até mesmo pelas redes sociais. Desde então, o
material tem sido arquivado no Recanto de São João Batista, que é sede da
comunidade, inaugurado em 12 de outubro de 1995.
Caminho da
beatificação
O caminho da
beatificação começou a tomar forma em 2017, quando o arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, autorizou o pedido
apresentado pela Comunidade Bethânia para a abertura do processo na Igreja
Católica. O postulador romano será Paolo Villota, que também cuidou da causa de
Santa Dulce dos Pobres.
A Congregação para
as Causas dos Santos concedeu em 2019 o chamado “Nihil Obstat” (nada consta) para cada uma das causas,
que garante não haver impedimentos por parte da Santa Sé.
Abertura do
processo
Com a abertura
oficial prevista para este sábado, padre Léo entrará de fato em processo de
beatificação. O Instituto Padre Léo, comandado pelo vice-presidente da
Comunidade Bethânia, padre Lúcio Tardivo e vice-postulador da causa, será quem
vai cuidar dos testemunhos dos milagres, ficando responsável também por
encaminhar ao processo de beatificação.
A partir da
abertura oficial, devem iniciar a investigação de testemunhos de graças e
possíveis milagres alcançados pelos fiéis.
Trajetória
9 de outubro de
1961: Léo Tarcísio Gonçalves Pereira
nasceu em 9 de outubro de 1961, em uma família humilde de Delfim Moreira, no
vilarejo conhecido por Biguá, no Sul de Minas Gerais. Antes de ingressar no
seminário foi torneiro mecânico e também trabalhou em uma fábrica de armas, em
Itajubá (MG).
Apesar da
proximidade com a igreja, ainda jovem ele teve experiência com droga. Ele
fumava e também consumiu maconha com os amigos. Entre seus depoimentos, ele
disse que o vício começou com colegas, mas nunca foi revelado ao pai que morreu
em 2004.
O uso de
entorpecentes chegou ao fim quando Léo decidiu seguir a vocação sacerdotal.
Apesar de largar a maconha, ele continuou fumando cigarros até 1998, quando
abandonou definitivamente o vício;
De 1982 a 1990: Em 1982, ingressou no Seminário
Dehoniano na cidade de Lavras (MG), pertencente à Congregação dos Padres do
Sagrado Coração de Jesus, na qual ordenou-se sacerdote em 1990. Em seguida,
atuou na formação de novos religiosos e sacerdotes, e foi diretor do Colégio
São Luís, em Brusque, no
Vale do Itajaí;
1995: Após perceber a necessidade de
criar um local que proporcionasse um novo jeito de viver para acolher
dependentes químicos e pessoas com AIDS, padre Léo fundou em 12 de outubro de
1995 a Comunidade Bethânia;
Entre 1999 e 2006: Foi por meio da TV Canção Nova,
que sua voz e presença foram amplificadas. Entre 1999 e 2006, atuou em
programas católicos. Além disso, escreveu 27 livros, a partir da temática
religiosa.
2007: Padre Léo faleceu em 4 de
janeiro de 2007, aos 45 anos, vítima de infecção generalizada por causa de um
câncer no sistema linfático. Os restos mortais estão no Recanto de São João
Batista, em uma capela reservada, no memorial dedicado ao fundador da
Comunidade Bethânia para visitações;
2017: Em outubro de 2017, os sacerdotes da
Comunidade Bethânia, os padres Vicente de Paula Neto, Lúcio Tardivo e Elinton
Costa fizeram o pedido oficial ao arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis,
Dom Wilson Tadeu Jönck, da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de
Jesus, para que desse início ao processo de beatificação;
2019: em 8 de dezembro de 2019, dia em que
padre Léo completaria 29 anos de sacerdócio, a Congregação para as Causas dos
Santos concedeu o chamado “Nihil Obstat” (nada consta), que garante não haver
impedimentos por parte da Santa Sé para a abertura dos processos.
2020: no dia 7 de março será
oficializada a abertura do inquérito para o processo de beatificação e será
elevado à condição de “Servo de Deus”.
Exigências
O autor da causa, padre Tardivo, explica que o processo de beatificação tem um grau de exigência avançado, passa por um processo diocesano e romano para que o título seja dado a quem realmente impactou a vida das pessoas por meio da fé.
Critérios para reconhecimento
Pedido feito para o
padre: é necessário que a pessoa não tenha
pedido para outro santo, apenas para o beato e Nossa Senhora Aparecida, para
garantir que quem intercedeu pela cura foi ele;
Instantâneo: a graça precisa ter sido alcançada
imediatamente após o pedido;
Duradouro: é importante que a cura seja para a
vida toda;
Sem sequelas: se a cura não é completa, o milagre
não será considerado para a canonização;
Reconhecimento
científico: a ciência precisa
reconhecer que ela não tinha condições de curar da maneira que aquela pessoa
foi curada.
Oração
Pai
santo, Pai querido, Pai amado, nós Te louvamos e Te bendizemos, por que nos
criastes por amor. Em Teu filho Jesus salvastes o mundo e no poder do Espírito
Santo restauras o homem e a mulher.
Nós
Te louvamos e Te bendizemos pelo Teu servo Pe Léo que chamastes à vida e ao
sacerdócio, para ser instrumento do teu amor no mundo. Com sua missão, descobrimos
que Tu és um Deus amoroso e alegre, e que sempre nos envolve em Tua
misericórdia.
Com
ele, muitos cristãos retomaram o caminho da conversão, da restauração e da cura
interior.
Pelo
seu testemunho de fé, muitos casais e milhares de pessoas se dispuseram a
buscar as Coisas do Alto, por meio da perseverança na fé.
No
seu abraço acolhedor muitos filhos e filhas, desfigurados pela dependência
química e pela marginalização, foram acolhidos como o próprio Cristo na
Comunidade Bethânia.
Assim,
nós Te pedimos que pela intercessão do Teu servo Pe Léo possamos alcançar a
graça: (fazer o pedido).
Glória
ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e
sempre. Amém!
Títulos concedidos
pela igreja
Servo de Deus: título que a pessoa recebe ao ser
iniciado o processo de beatificação;
Venerável: título decretado quando comprova-se
que a pessoa viveu as virtudes cristãs de forma heroica ou que sofreu martírio;
Beato: título decretado quando se comprova
um milagre por intercessão da pessoa. O beato pode ser venerado dentro da
Igreja Católica na sua região;
Santo: título decretado quando se comprova
um segundo milagre por intercessão da pessoa após a beatificação. O santo pode
ser venerado na Igreja Católica em todo o mundo.
Processos em Santa
Catarina
Somente Madre
Paulina recebeu o título de santa na Arquidiocese de Florianópolis. Ela foi
beatificada em 1991 e canonizada em 2002. Em Santa Catarina, outros cinco
processos de beatificação/canonização estão em aberto:
Beata Albertina
Berkenbrock - Diocese de Tubarão
Servo de Deus Frei
Bruno Linden - Diocese de Joaçaba
Servo de Deus
Marcelo Henrique Câmara - Arquidiocese de Florianópolis
Servo de Deus Padre
Aluísio Boeing - Diocese de Joinville
Servo de Deus Padre
Léo Tarcísio Gonçalves Pereira - Arquidiocese de Florianópolis
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