Foto: WASHINGTON ALVES/REUTERS
Os
dois últimos corpos da queda do paredão no Lago de Furnas, em Capitólio no sábado (8), foram encontrados na tarde deste domingo
(9). A informação foi confirmada pelo Corpo de
Bombeiros de Minas Gerais durante coletiva de imprensa.
Ao todo são 10 mortos no
acidente. Sete foram
encontrados ainda no sábado e os outras três nas buscas deste domingo.
Investigação
do acidente
Ainda não se sabe o que
provocou o acidente. Além da Polícia Civil, a Marinha informou que um inquérito será instaurado para
apurar as causas do deslizamento de pedras no Lago de Furnas.
Mortes
O Corpo de Bombeiros de
Minas Gerais confirmou 10 mortes pelo deslizamento.
Já foram confirmados que
entre as vítimas, há 4 mulheres e 4 homens; não foram divulgados os outros
gêneros.
No sábado, o coronel dos
bombeiros Edgard Estevo, disse primeiramente que a estimativa era que 20
pessoas estivessem desaparecidas. Entretanto, em entrevista para a EPTV, afiliada da Globo, o tenente Pedro Aihara afirmou
que seriam quatro pessoas desaparecidas e que eles
conseguiram contato com as outras vítimas. Pouco depois, o número foi
atualizado para três
desaparecidos.
Feridos
no acidente
Segundo o Corpo de Bombeiros
de Minas Gerais, 32
pessoas foram atendidas por causa do acidente, a maioria com ferimentos leves.
Dessas, 27 foram atendidas
e liberadas: 23 delas da
Santa Casa de Capitólio e outras 4 da Santa Casa de São José da Barra, a 46 km de Capitólio.
2 pessoas com fraturas
expostas foram para a Santa Casa de Piumhi, a cerca de 23 km de Capitólio;
Um paciente internado na
Santa Casa de Passos, a 74 km de Capitólio, é um jovem de 26 anos e morador de Pimenta (MG).
Ele será deve ser operado nesta segunda-feira (10) e em seguida deve ter alta;
a terceira pessoa que estava internada em Passos foi para um hospital particular e está estável.
Ninguém foi identificado até
agora. Guarnições de Passos e Piumhi foram deslocadas para a região para prestar atendimento às vítimas.
Lugar
turístico
A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por
turistas por sua beleza natural.
Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas
chuvas recentes: na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia
emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã deste sábado.
Neste sábado (8), Defesa
Civil de Minas Gerais havia feito um alerta sobre chuvas intensas e a
possibilidade de ocorrências de "cabeça d'água' em Capitólio, mas não há confirmação que essa foi a causa do
acidente. A Marinha disse que investiga o motivo de os passeios serem mantidos.
O porta-voz do Corpo de
Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, explicou que a formação rochosa do local é do
tipo sedimentar, o que torna as estruturas dos paredões frágeis, e a quantidade
de chuvas agravou a situação por acelerar a erosão. Veja a explicação sobre a
situação do solo:
"A gente tem uma
formação rochosa que é basicamente composta por rochas sedimentares, então são
rochas que naturalmente têm uma resistência muito menor à atuação dos ventos,
da água, dos elementos naturais que atuam sobre a região", explicou
Aihara.
"Uma outra situação que
acabou infelizmente agravando foi porque a rocha cai numa trajetória
perpendicular. Geralmente, quando a gente tem ruptura por
tombamento, a rocha sai de uma forma mais fatiada, ela escorre por aquela
estrutura e cai de uma forma ou diagonal ou então mesmo em pé. Nesse caso, como
a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente
acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas", explicou o bombeiro.
Para o especialista em
gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo, uma tromba d'água – inicialmente
citada pelos bombeiros como motivo do deslizamento – pode ter agido como um
gatilho para o deslizamento, mas não foi necessariamente a causa do problema.
Para Melo, a rocha se desprenderia de
qualquer jeito, por causa da erosão:
"Essa rocha já estava
com muita erosão, totalmente fragmentada, ela iria desabar em algum momento. A
tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como
também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão,
por um processo natural", afirmou.
Nestes casos, segundo o
especialista, o gerenciamento de risco consiste em isolar o local.
"Não tem muito o que
fazer nessas situações. O gerenciamento de risco é: manter distância. Você tem
que isolar a área. A única gestão de risco que é feita é isolar a área.
Infelizmente ali as embarcações estavam muito próximas e o desabamento
aconteceu nesse mesmo momento", explicou Melo.
O geólogo Fábio Braz, da
Sociedade Brasileira de Geologia, relacionou o desprendimento das rochas às
chuvas – intensas e por um longo período – e classificou o acidente como
"raro":
"Fica cada vez mais
evidente que realmente as fortes chuvas contribuíram para a queda desse bloco.
Esse fraturamento vertical é típico de regiões de cânion. A gente também
observa nos cânions do Rio São Francisco o mesmo tipo de feição", explicou.
"É um fenômeno raro. Não descaracteriza o apelo turístico da
região de Capitólio. É preciso, sim, que sejam tomadas, a partir dessa
tragédia, as precauções necessárias, as distâncias, que seja calculado por
especialistas na área de geotecnia qual a distância segura desses
paredões", disse Braz.
Marinha
vai apurar causas
Por meio de nota, a Marinha
do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas,
circunstâncias do acidente (Veja nota completa mais abaixo).
A Polícia Civil de Minas
informou que está no local para identificar os danos e as causas do acidente.
Confira
a íntegra da nota da Marinha
A
Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da
manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a
região dos cânions, em Capitólio-MG.
A
DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o
local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio
necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para
a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.
Um
inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente/fato
ocorrido.
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