China indica que Brasil estará na frente da fila para receber insumos para produção de vacinas

23/01/2021 - 07h12

O governo do presidente Jair Bolsonaro ouviu de autoridades chinesas em Pequim que “parceiros estratégicos”, como o Brasil, passarão na frente de outros países na lista de envio de insumos para a produção de vacinas contra a covid-19. A informação é do Valor.

Ontem (21), a Embaixada da China no Brasil divulgou uma nota em que se compromete a fazer “máximos esforços” para conseguir viabilizar essas exportações para o Brasil.

A sinalização sobre os insumos foi dada ao embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet, pelo ministro de Negócios Estrangeiros do país, Wang Yi.

De acordo com o site, Estivallet teve a oportunidade de conversar com Wang após contato com o chefe do Departamento de América Latina e Caribe do ministério, Zhao Bentang, normalmente o interlocutor máximo da chancelaria chinesa com a comunidade diplomática latino-americana em Pequim.

Os chineses relataram, segundo um auxiliar do presidente, que o atraso no envio dos imunizantes é uma questão técnica, e não política, apesar do desgaste provocado por criticas do presidente Jair Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo.

“Diante dos apelos para acelerar o fornecimento, eles responderam que há uma fila de países a serem atendidos, mas que “parceiros estratégicos como o Brasil” estarão na frente da fila, disse esse auxiliar”.

Apesar da suposta garantia de boa vontade da China, conforme os relatos, há uma preocupação no governo com o “timing” para equacionar o impasse.

De acordo com o jornal, o que entrou no radar dos negociadores em Brasília é a proximidade do Ano Novo chinês, no dia 12 de fevereiro, quando o país praticamente para por uma semana – é o maior feriado nacional.

O temor é menos com eventuais paralisações na fabricação dos imunizantes por causa do feriado do que uma demora adicional para fazer contatos oficiais, obter licenças com a burocracia chinesa, providenciar soluções logísticas.

Nesses dias costuma haver uma desmobilização geral em empresas e no próprio governo em Pequim. Qualquer pendência fica mais difícil de resolver.

Os auxiliares presidenciais atribuem, segudndo o Valor, à pesada burocracia chinesa, além da falta de produção em escala suficiente para atender todos os países, a demora no envio dos insumos.

“Também foi indicado que a exportação de insumos para vacinas a partir da China está condicionada à aprovação do Grupo de Prevenção e Controle Conjunto do Conselho de Estado, com procedimento aparentemente novo e pouco claro para as diversas agências com as quais a embaixada conversou”, diz um telegrama diplomático escrito por Estivallet, conforme reprodução de uma fonte ouvida pelo Valor.

A embaixada em Pequim conversou ainda com representantes do Ministério do Comércio, da Comissão Nacional de Saúde (equivalente ao nosso Ministério da Saúde) e da GAAC (correspondente à Receita Federal).

A sinalização dos chineses ocorre no momento em que o país está carente de insumos para a fabricação no país da Coronavac e da vacina AstraZeneca /Oxford. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possuem, respectivamente, convênios de transferência de tecnologia para fazer os imunizantes em solo brasileiro.

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