O governo do
presidente Jair Bolsonaro ouviu de autoridades chinesas em Pequim que
“parceiros estratégicos”, como o Brasil, passarão na frente de outros países na
lista de envio de insumos para a produção de vacinas contra a covid-19. A
informação é do Valor.
Ontem (21), a
Embaixada da China no Brasil divulgou uma nota em que se compromete a
fazer “máximos esforços” para conseguir viabilizar essas
exportações para o Brasil.
A sinalização sobre
os insumos foi dada ao embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet, pelo
ministro de Negócios Estrangeiros do país, Wang Yi.
De acordo com o
site, Estivallet teve a oportunidade de conversar com Wang após contato com o
chefe do Departamento de América Latina e Caribe do ministério, Zhao Bentang,
normalmente o interlocutor máximo da chancelaria chinesa com a comunidade
diplomática latino-americana em Pequim.
Os chineses
relataram, segundo um auxiliar do presidente, que o atraso no envio dos
imunizantes é uma questão técnica, e não política, apesar do desgaste provocado
por criticas do presidente Jair Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo.
“Diante dos apelos
para acelerar o fornecimento, eles responderam que há uma fila de países a
serem atendidos, mas que “parceiros estratégicos como o Brasil” estarão na
frente da fila, disse esse auxiliar”.
Apesar da suposta
garantia de boa vontade da China, conforme os relatos, há uma preocupação no
governo com o “timing” para equacionar o impasse.
De acordo com o
jornal, o que entrou no radar dos negociadores em Brasília é a proximidade do
Ano Novo chinês, no dia 12 de fevereiro, quando o país praticamente para por
uma semana – é o maior feriado nacional.
O temor é menos com
eventuais paralisações na fabricação dos imunizantes por causa do feriado do
que uma demora adicional para fazer contatos oficiais, obter licenças com a
burocracia chinesa, providenciar soluções logísticas.
Nesses dias costuma
haver uma desmobilização geral em empresas e no próprio governo em Pequim.
Qualquer pendência fica mais difícil de resolver.
Os auxiliares
presidenciais atribuem, segudndo o Valor, à pesada burocracia chinesa, além da
falta de produção em escala suficiente para atender todos os países, a demora
no envio dos insumos.
“Também foi
indicado que a exportação de insumos para vacinas a partir da China está
condicionada à aprovação do Grupo de Prevenção e Controle Conjunto do Conselho
de Estado, com procedimento aparentemente novo e pouco claro para as diversas
agências com as quais a embaixada conversou”, diz um telegrama diplomático
escrito por Estivallet, conforme reprodução de uma fonte ouvida pelo Valor.
A embaixada em
Pequim conversou ainda com representantes do Ministério do Comércio, da
Comissão Nacional de Saúde (equivalente ao nosso Ministério da Saúde) e da GAAC
(correspondente à Receita Federal).
A sinalização dos
chineses ocorre no momento em que o país está carente de insumos para a fabricação
no país da Coronavac e da vacina AstraZeneca /Oxford. O Instituto Butantan e a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possuem, respectivamente, convênios de
transferência de tecnologia para fazer os imunizantes em solo brasileiro.
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