Uma equipe
internacional de pesquisadores anunciou nesta segunda (14) a detecção
de fosfina na atmosfera de Vênus, gás que, na Terra, só existe por
atividade industrial ou produzido por micróbios de ambientes anaeróbicos (sem
oxigênio).
Esse é o indício científico
mais forte encontrado até hoje de vida extraterrestre —micróbios, no caso. O
trabalho envolveu pesquisadores de várias áreas do Reino Unido, dos EUA e do
Japão, e foi publicado no prestigioso periódico científico Nature
Astronomy.
“Com o conhecimento
atual que temos sobre química e sobre Vênus, não existe uma explicação possível
para a presença de fosfina nas nuvens do planeta que não seja vida”, diz a
astroquímica Clara Sousa-Silva, do MIT (EUA), uma das autoras do trabalho, em
entrevista por e-mail. “Mas talvez estamos deixando de enxergar alguma
informação.”
Clara estudou a
fosfina por mais de uma década porque “queria entender essa molécula simples
—que é um átomo de fósforo e alguns hidrogênios”. Fez doutorado e publicou
muitos artigos científicos. É o que os pesquisadores chamam de “ciência
básica”.
Nos últimos quatro
anos, ela começou a olhar para a possibilidade de que a fosfina pudesse ser uma
bioassinatura em mundos anaeróbicos, ou seja, um sinal capaz de identificar
vida fora da Terra em planetas rochosos desprovidos de oxigênio em suas
atmosferas.
Agora, com o novo
trabalho, a fosfina pode se tornar uma molécula-chave para bioassinatura em
mundos bem diferentes da Terra. Pobres em oxigênio, por exemplo. “Venho
insistindo no uso de fosfina para encontrar vida em exoplanetas há um tempo.
Mas não imaginava que acharia tão perto”, diz Clara.
A ideia de procurar
fosfina por perto, especificamente em Vênus, foi da líder da equipe, Jane
Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido: “Quando descobrimos os
primeiros indícios, ficamos em choque!”, disse a astrônoma em nota.
A hipótese de vida
microbiana em Vênus fora levantada há mais de 50 anos pelo talvez mais popular
astrônomo do mundo, Carl Sagan, famoso pelo livro e série “Cosmos” (lançados na
década de 1980). A teoria foi publicada em um artigo dele no periódico
científico Nature, em 1967, chamado “Vida na superfície de Vênus?”.
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