Os estados e os
municípios poderão contrair mais R$ 2 bilhões em empréstimos no sistema
financeiro. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a elevação do limite de
crédito dos governos locais para 2020. Com a decisão, o limite global de
contratação de operações de crédito pelos governos locais passou de R$ 18
bilhões para R$ 20 bilhões.
Essa foi a terceira
ampliação do limite de contratação de crédito pelos estados e pelos municípios
neste ano, o teto já havia sido alterado em junho e em agosto. O teto das
operações com garantia da União, quando o Tesouro Nacional cobre eventuais
inadimplências, passou de R$ 7,5 bilhões para R$ 9 bilhões, já o limite das
operações sem garantia do Governo Federal subiu de R$ 10,5 bilhões para R$ 11
bilhões.
A União tem um
limite de contratação de crédito de R$ 400 milhões, que não foi alterado nessa
reunião. Dessa forma, o teto total de operações de crédito pelos três níveis de
governo - federal, estadual e municipal - subiu de R$ 18,4 bilhões para R$ 20,4
bilhões.
Segundo o
economista Jucemar Imperatori, o aumento deve levar em consideração casos
específicos com necessidade de investimentos pontuais, também tendo em vista
que o limite de crédito ainda é para o ano de 2020, que está a poucos dias de
acabar.
“Se pensarmos que
fosse uma operação geral para todas as unidades da federação, estados e
municípios, R$ 2 bi não é nada. Se calcular na per capta dá praticamente
centavos, não dá para considerar operações que pudessem contribuir para
melhoria da qualidade de vida em geral”, pontuou.
Imperatori destacou
ainda que para a obtenção do crédito os municípios precisam se enquadrar aos
regramentos em todos os parâmetros da lei de responsabilidade fiscal,
dependendo de autorização do Tesouro Nacional.
Segundo o
Ministério da Economia, a medida não tem impacto fiscal para a União, porque as
mudanças valem para os entes públicos locais. Em nota, a pasta informou que o
novo limite foi ampliado por causa de vários eventos que alteraram as metas
fiscais para este ano e as estimativas mensais de resultado nas contas públicas
feitas pelo Tesouro Nacional.
Inadimplência
Só em outubro deste
ano a União pagou R$ 545 milhões em dívidas garantidas dos estados. Segundo o
Relatório de Garantias Honradas pela União em Operações de Crédito, as
inadimplências se referiam aos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio
Grande do Norte e o Município de São Bernardo do Campo (SP).
As garantias são
executadas pelo governo federal quando um estado ou município fica inadimplente
em alguma operação de crédito. Nesse caso, o Tesouro cobre o calote, mas retém
repasses da União para o ente devedor até quitar a diferença, cobrando multa e
juros.
O economista da
Universidade de Brasília (UnB), Newton Marques, destacou que a flexibilização
desses limites de endividamento são uma medida extraordinária que visam o
equilíbrio do bem estar social. “Nesse momento da pandemia é importante que
seja relaxado esse limite para que os estados e municípios consigam pagar os
seus compromissos, porque na crise cai a receita”, afirmou.
Todo ano, o CMN fixa
valores máximos que a União, os estados e os municípios podem pegar emprestado
no sistema financeiro. Por causa do estado de calamidade pública aprovado no
início da pandemia da Covid-19, o governo federal está dispensado de cumprir
meta de primário em 2020, que teria déficit de R$ 124,1 bilhões.
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