Os municípios catarinenses passam por um dos períodos mais
críticos dos últimos quatorze anos em relação a falta de chuva. A estiagem que
afeta Santa Catarina é a mais severa desde 2006 e poderá piorar nos próximos
dias, já que as previsões meteorológicas não apresentam chuva considerável para
o Estado.
Diante desse cenário, a
Federação Catarinense dos Municípios (FECAM), por meio dos Colegiados de Defesa
Civil (CDC), Procuradores e Advogados (CEPAM) e Agricultura e Pesca (COSAPESC)
e Escola de Gestão Pública Municipal (EGEM) realizou na quinta-feira (30/4),
videoconferência sobre orientações para decretação de emergência em casos de
estiagem e cenário para as próximas semanas.
Para o presidente da FECAM,
Saulo Sperotto, as orientações da área da Defesa Civil estadual ajudarão a
agilizar o encaminhamento dos decretos, uma vez que as defesas civis municipais
precisam manter canal direto de troca de informações com as Coordenadorias
Regionais de Defesa Civil (COREDECs) e abastecer documentalmente a plataforma
do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), para registro e
reconhecimento.
Sperotto destacou o quanto é
desafiador lidar com o período crítico de estiagem e aliar com os esforços das
prefeituras no enfrentamento ao Coronavírus. “Temos que garantir abastecimento
para atender toda cadeia produtiva e para as necessidades básicas da
população”, comenta o presidente, lembrando que a principal maneira de
enfrentar a COVID-19 é a limpeza e higiene, sendo água fundamental neste
momento.
De acordo com o coordenador do
Colegiado da Defesa Civil do Estado, Fabrício Melo, historicamente o Oeste é
uma região com mais registros de escassez, principalmente pela atividade
pecuária e de agricultura, que exige consumo maior de água. “Infelizmente temos
uma previsão de pouca chuva para os próximos dias e bem abaixo da média nos
próximos meses. Precisamos ter precaução para tentar remediar a situação”,
disse.
Além de técnicos vinculados à
Defesa Civil dos municípios, participaram da videoconferência o secretário
adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura, Ricardo Miotto; a
meteorologista da Epagri, Maria Laura Rodrigues; o gerente da Epagri/CEPA,
Reney Dorow e o diretor de Extensão Rural e Pesqueira, Humberto Bicca. Também o
presidente do Colegiado de Secretários Municipais de Agricultura e Pesca de
Santa Catarina (COSAPESC), Daniel Peach; a coordenadora do Colegiado de
Procuradores do Sistema FECAM, Juliana Plácido e o coordenador de fiscalização
da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS), Willian Jucelio
Goetten.
O decreto estabelece uma
situação jurídica especial para facilitar a gestão administrativa pública na
execução das ações de socorro e assistência humanitária para a população
afetada, reestabelecendo serviços essenciais e recuperação de áreas atingidas
pelo desastre.
Apesar de todo trâmite
necessário e a orientação que os municípios devem continuar encaminhando seus
pedidos, a FECAM endereçou ofício ao governador Carlos Moisés, requerendo que o
Estado de Santa Catarina decrete situação de emergência nos municípios
atingidos pela estiagem. O objetivo é agilizar a situação das análises e também
para que os gestores municipais possam regular condições de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa
civil, ligadas a estiagem.
A FECAM mantém a rotina de
encaminhar às prefeituras os relatórios da Defesa Civil sobre municípios em
situação de emergência e os procedimentos que devem ser adotados. Além disso,
os Colegiados da FECAM orientam os gestores e técnicos da Defesa Civil dos
municípios para atentarem aos prazos de envio das informações via S2iD, para
homologação da Situação de Emergência no Estado, seu reconhecimento na União,
bem como dos documentos necessários para sua efetivação.
As ações articulam as
condições de emergência (tanto quanto a pandemia quanto a estiagem) e são
combinadas com outras frentes de atuação. Nessas frentes, advogados e
procuradores orientam os gestores municipais com relação à atos de pessoal,
tributos municipais, alimentação escolar e assistência social, revisão de
contratos, requisição de bens e serviços, condutas e vedadas e entre outros
diversos assuntos, em período crítico de vivência com a pandemia.
A falta de chuva em Santa
Catarina é a pior registrada desde 2006. Com isso, além do problema com o
abastecimento urbano e rural, a estiagem já causou uma quebra de 10% na safra
de milho, 6,6% no feijão e 4,4% na soja, segundo a Secretaria de Agricultura.
A previsão climática para os
meses de maio e junho não é otimista para o setor produtivo catarinense. A tendência
é que a estiagem persista com chuva abaixo da média prevista.
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