O temor com a transmissão do novo coronavírus tem feito
muitas empresas repensarem a forma de trabalho. A partir da recomendação das
autoridades de saúde para que as pessoas evitem aglomerações, as companhias
incentivam, aos poucos, os colaboradores a trabalharem de casa, prática
conhecida como home office.
Para Celson Hupfer, CEO e fundador da Connect, plataforma de recrutamento
digital, trabalhar de casa requer algumas adaptações, principalmente na hora de
o trabalhador separar vida profissional e pessoal.
“Com o home office, você tem dois riscos: o primeiro é de que você perca o
foco, e o segundo é de que o trabalho envolva tanto a sua vida que você esquece
da sua própria vida pessoal”, alerta.
Além disso, Hupfer diz que é importante o profissional ter ou criar um
espaço exclusivo para os afazeres profissionais dentro de casa. O ideal é ter
um ambiente sem barulhos ou interrupções para que a produtividade seja igual ou
melhor do que seria no escritório.
“Não dá para ficar fazendo home office sem sair da cama, fazer em um
espaço com muito barulho que não seja relativamente apropriado. Crie um lugar
para você. Não pode ficar em um espaço em que você é constantemente
interrompido por questões da vida doméstica”, recomenda.
Embora o home office exija disciplina e responsabilidade, as pessoas se
beneficiam ao trabalharem de casa. É o caso da redatora Andreza de Paula dos
Santos, de 24 anos. A empresa de marketing em que ela trabalha, em São Paulo,
liberou todos os funcionários para trabalharem remotamente por conta do temor
com a disseminação do coronavírus.
Andreza conta que a mudança trouxe qualidade de vida, pois, segundo ela,
ganhou cerca de três horas no dia que costumava gastar para ir e voltar ao
trabalho. A redatora conta que, mesmo de casa, a carga horária e a rotina de
trabalho seguem iguais.
“A nossa principal linha de comunicação têm sido Whatsapp e e-mails. Até
agora está funcionando bem. Começo às nove, termino às dezoito, faço uma hora
de almoço. O que mudou é que estou acordando um pouco mais tarde, porque não
preciso mais pegar o metrô”, conta.
Na mesma linha, governos estaduais e prefeituras de várias cidades
brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, adotaram
medidas para incentivar o home office. Muitas empresas privadas passaram a
liberar os funcionários e tentam se adaptar ao novo modelo. Celson Hupfer
explica que as startups e algumas grandes empresas já utilizam o trabalho
remoto e, portanto, estão acostumadas com o modelo. Em contrapartida, ele prevê
que boa parte das empresas menores não estão preparadas e vão enfrentar
dificuldade.
“Uma boa parte das médias e pequenas empresas do que a gente chama de
economia tradicional não usam [o home office] e algumas delas vão ter muita
dificuldade para se adaptar. Especialmente porque a [falta de] prática deve
estar relacionada com alguma resistência ao modelo, muito mais com os gestores
do que com os liderados”, pondera.
Neste momento, segundo Hupfer, os gestores devem confiar nos colaboradores
e entende que as empresas devem evitar perder tempo fiscalizando se a equipe
está sendo produtiva. Na visão dele, é mais importante desenvolver uma rotina
de comunicação entre funcionários e chefes.
“Isso é sempre o mais fundamental em qualquer processo de gestão de
equipes: diálogo e boa comunicação. A única coisa é que ela será feita sem ser
cara a cara, mas com uma intermediação de tecnologia. Recomendo fortemente que
as empresas que adotam o home office mantenham uma rotina de contatos diários,
semanais, com todas as equipes e os indivíduos”, completa.
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