Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
As contas públicas
fecharam o mês de setembro com saldo positivo, resultado do aumento
da arrecadação do Tesouro Nacional. O setor público consolidado,
formado por União, estados, municípios e empresas estatais, registrou superávit
primário de R$ 10,746 bilhões no mês passado, ante superávit primário de R$
12,933 bilhões em setembro de 2021.
Os dados foram
divulgados nesta segunda-feira (31) pelo Banco Central. O superávit
primário representa o resultado positivo das contas do setor público (despesas
menos receitas), desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.
Em 12 meses,
encerrados em setembro, as contas acumulam superávit primário de R$ 181,358
bilhões, o que corresponde a 1,93% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos
os bens e serviços produzidos no país). No ano, de janeiro a setembro, há superávit
de R$ 130,802 bilhões, ante resultado positivo de R$ 14,171 bilhões no mesmo
período do ano passado.
Em 2021, as contas
públicas fecharam o ano com superávit primário de R$ 64,7 bilhões, 0,75% do
PIB. Foi o primeiro ano de resultados positivos nas contas do setor público,
após sete anos de déficit. Em 2020, as contas públicas tiveram déficit primário
recorde de R$ 702,950 bilhões, 9,41% do PIB, em razão dos gastos com a pandemia
da Covid-19.
Dados isolados
No mês passado, o
Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) apresentou
superávit primário de R$ 11,113 bilhões ante o superávit de R$ 708 milhões em
setembro de 2021.
A receita líquida
cresceu 6,04% em termos reais, por volta de R$ 8,8 bilhões, puxada pelo
recebimento de dividendos de empresas estatais, que pagaram à União pouco mais
de R$ 13 bilhões, sendo que a Petrobras pagou quase a totalidade desse valor.
Já as despesas tiveram redução interanual de 1,1%. O BC destaca que em 2021 as
despesas ainda estavam aumentadas em razão dos gastos com a pandemia de
covid-19.
O montante do
superávit do Governo Central difere do resultado divulgado no último
dia 27 pelo Tesouro Nacional, de superávit de R$ 10,954 bilhões em setembro,
porque, além de considerar os governos locais e as estatais, o BC usa uma
metodologia diferente, que leva em conta a variação da dívida dos entes
públicos.
Os governos
estaduais tiveram superávit no mês passado, registrando R$ 3,253 bilhões, ante
superávit de R$ 7,265 bilhões em setembro de 2021. Já os governos municipais
anotaram déficit de R$ 2,932 bilhões em setembro deste ano. No mesmo mês
de 2021, houve superávit de R$ 3,174 bilhões para esses entes.
No total, os
governo regionais (estaduais e municipais) tiveram superávit de R$ 321 milhões
em setembro de 2022 contra resultado positivo de R$ 10,439 bilhões no mesmo mês
de 2021. Segundo o BC, a queda no superávit vem da queda na arrecadação desses
entes, principalmente do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), que teve variação de quase 6,5% em termos reais.
Por outro lado, as
transferências regulares do governo federal no âmbito do compartilhamento de
impostos e outras normas federativas cresceram, fruto natural do aumento da
arrecadação federal. Entretanto, elas não foram capaz de compensar a redução
das despesas próprias dos governos regionais. Já as empresas estatais federais,
estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras,
tiveram déficit primário de R$ 688 milhões no mês passado.
Despesas com juros
Os gastos com juros
ficaram em R$ 71,364 bilhões no mês passado, contra R$ 35,628 bilhões em agosto
e R$ 54,952 bilhões em setembro de 2021. Nesse aumento, há os efeitos das
operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de
dólares no mercado futuro), que, nesse caso, contribuíram para a piora da conta
de juros no mês passado. Os resultados dessas operações são transferidos para o
pagamento dos juros da dívida pública, como receita, quando há ganhos, e como
despesa, quando há perdas.
No mês passado, a
conta de swaps teve perdas de R$ 24,7 bilhões, contra ganhos R$ 11,3 bilhões em
agosto. Na comparação interanual, em setembro de 2021, as perdas do BC também
foram menores, de R$ 16,8 bilhões.
Na comparação entre
setembro de 2021 e 2022, também contribuiu para a evolução dos juros o aumento
do estoque da dívida e da alta da taxa Selic no período, que passou de 6,25% ao
ano em setembro do ano passado para os atuais 13,75% ao ano. Por outro lado, a
queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação
oficial, nos últimos meses, contribui para a redução dos juros.
O resultado
nominal, formado pelo resultado primário e os gastos com juros, se elevou. Em
setembro, o déficit nominal ficou em R$ 60,618 bilhões, contra o resultado
negativo de R$ 42,018 bilhões em igual mês de 2021.
Em 12 meses, o
setor público acumula déficit R$ 410,637 bilhões, ou 4,36% do PIB. O resultado
nominal é levado em conta pelas agências de classificação de risco ao analisar
o endividamento de um país, indicador observado por investidores.
Dívida pública
A dívida líquida do
setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos
federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 5,487 trilhões em setembro, o que
corresponde a 58,3% do PIB. Em agosto, o percentual da dívida líquida em
relação ao PIB estava em 58,2%.
Em setembro de
2022, a dívida bruta do governo geral (DBGG), que contabiliza apenas os
passivos dos governos federal, estaduais e municipais, chegou a R$ 7,262
trilhões ou 77,1% do PIB, contra 77,5% (R$ 7,231 trilhões) no mês anterior.
Assim como o resultado nominal, a dívida bruta é usada para traçar comparações
internacionais.
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