Em meio ao aumento
da inflação de alimentos que começa a estender-se para outros setores, o Banco
Central (BC) não mexeu nos juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê
de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 2% ao ano. A decisão
era esperada pelos analistas financeiros.
Com a decisão
de hoje (9), a Selic está no menor nível desde o início da série
histórica do Banco Central, em 1986. Em julho de 2015, a taxa chegou a 14,25%
ao ano. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da
economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em julho de
2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto deste ano.
Inflação
A Selic é o
principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação
oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos
12 meses terminados em novembro, o indicador fechou em 4,31%. Em
aceleração por causa da alta dos alimentos, o IPCA ultrapassou, no acumulado de
12 meses, o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Isso não ocorria desde fevereiro deste ano.
Para 2020, o CMN fixou
meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O
IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A
meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5
ponto percentual.
No Relatório de
Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a
autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia o ano em 2,1% no
cenário base. A estimativa será atualizada na próxima semana, quando
sai o relatório de dezembro.
A projeção ficou
defasada diante do repique da inflação nos últimos meses. De acordo com o
boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC,
a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,21%.
Crédito
mais barato
A manutenção da
taxa Selic em níveis baixos estimula a economia porque juros menores barateiam
o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade
econômica. No último Relatório de Inflação, divulgado em setembro, o Banco
Central projetava encolhimento de 5% para a economia neste ano. Essa
foi a segunda projeção oficial do BC revisada após o início da
pandemia de covid-19.
O mercado projeta
queda um pouco menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas
econômicos preveem contração de 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB,
soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2020.
A taxa básica de
juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso
de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros
básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas
enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária
precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de
subir.
>>>Clique e receba notícias do JRTV Jornal Regional diariamente em seu WhatsApp.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook