Pacientes adultos internados com quadro grave de coronavírus que receberam corticoide ficaram
2,6 dias a menos no respirador mecânico que os pacientes que não receberam a
droga. A conclusão é de um estudo brasileiro publicado nesta quarta-feira (2)
na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os cientistas acompanharam 299 pacientes submetidos ao
respirador mecânico por causa da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG),
internados em 41 UTIs do país. A idade média do grupo era de 60 anos.
Segundo os pesquisadores, o corticoide foi capaz de
recuperar mais rapidamente o pulmão dos pacientes, diminuindo a permanência
deles na ventilação mecânica e, consequentemente, diminuindo as chances de
complicações da doença.
Chamado de Coalizão III, o estudo foi conduzido por um
grupo de hospitais, rede e instituto de pesquisas nacionais intitulado Coalizão
Covid-19 Brasil, que avalia a eficácia e a segurança de potenciais terapias
para pacientes com coronavírus. A iniciativa conduz nove estudos ao todo.
Um dos primeiros estudos a relacionar o corticoide com
uma melhora nos casos graves de coronavírus foi realizado pela Universidade de
Oxford. Publicado em 16 de junho, a pesquisa britânica mostrou
que diminuiu em um terço a taxa de mortalidade de pacientes entubados.
Da classe dos corticosteroides, a
droga que age como um anti-inflamatório e imunossupressor (inibe a ação do
sistema imunológico). Sua forma de ação, seja como anti-inflamatório como
imunossupressor é diferente de acordo com a dose aplicada.
O que diz a OMS
Ainda nesta quarta, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) publicou
uma revisão de estudos, em formato de meta-análise que compilou os resultados
do Coalizão III e de outras pesquisas que utilizaram corticoides em Covid-19. Os
resultados demonstraram, em linhas gerais, que a administração de corticoides
reduz a mortalidade em pacientes graves com coronavírus.
Com base na revisão dos estudos, a OMS também publicou
orientações sobre o uso do medicamento nesta quarta.
"Recomendamos
corticosteroides para o tratamento de pacientes críticos com casos graves da
Covid-19. Sugerimos não usar corticosteroides no tratamento de pacientes que
não tenham casos graves da Covid-19", informa documento da OMS.
O documento também informa que os
corticoides fazem parte da lista de medicamentos essenciais da OMS, e que eles
estão "disponíveis em todo o mundo a um baixo custo".
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