A primeira vacina
do mundo contra a Covid-19, chamada Sputnik V, foi registrada nesta terça-feira
(11) pelo governo da Rússia. O país já fechou contrato para produzi-la em cinco
países, segundo a agência de notícias russa Sputinik, o que capacitará a
fabricação de 500 milhões de doses em um ano.
No Brasil, o país
negocia sua fabricação com o Instituto Butantan, em São Paulo, e com
a Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), do governo do Paraná.
A Sputnik V utiliza
o mesmo princípio da vacina de Oxford, desenvolvida pela Universidade de Oxford
com a empresa AstraZeneca, que passa por testes no Brasil, segundo o governo do
Paraná. É composta por adenovírus, vírus que causa o resfriado comum, enfraquecido,
e fragmentos do novo coronavírus, para estimular o corpo a produzir anticorpos.
São necessárias duas doses de vacina. É uma tecnologia que nunca foi usada em
grande escala.
“O gene do
adenovírus que causa a infecção é removido e um gene com o código da proteína
de outro vírus é inserido. O elemento inserido é pequeno e de uma parte não
perigosa do vírus, seguro para o corpo, mas que leva o sistema imunológico a
reagir e produzir anticorpos que protegem da infecção”, explicou a agência.
A vacina foi desenvolvida
pelo Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia, em Moscou, em
conjunto com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo).
As duas primeiras
fases de testes foram concluídas e seus resultados serão publicados neste mês,
de acordo com a agência. “A produção em massa da vacina está prevista para
setembro”, informou. Mas ela começaria a ser distribuída à população russa em
1º de janeiro de 2021.
A terceira e última
fase de testes serão feitas nos Emirados Árabes Unidos, na Arábia Saudita e nas
Filipinas, e Cuba deverá começar a produzir o medicamento em novembro, segundo
a agência. A Rússia teria recebido pedido de 20 países, totalizando a produção
de 1 bilhão de vacinas, ainda de acordo com o Sputinik News.
Os testes começaram
em 18 de junho em duas instituições russas e incluíram 38 voluntários. Todos os
participantes desenvolveram imunidade, segundo o governo russo. O primeiro
grupo recebeu alta em 15 de julho e o segundo, em 20 de julho.
Nesta terça-feira
(11), o presidente Vladimir Putin afirmou que a vacina é segura após dois meses
de testes em humanos. “Sei que ela age de forma bastante eficaz, formando uma
imunidade estável e, volto a dizer, passou em todos os testes necessários”,
afirmou Putin, segundo o Sputinik News.
“Uma de minhas
filhas foi vacinada, ela participou dos testes. Após a primeira dose, teve 38ºC
de febre. No dia seguinte, cerca de 37ºC. E é tudo. Depois da segunda dose, a
temperatura também subiu um pouco e, logo depois, já estava tudo bem, ela se sente
bem e [os anticorpos] estão altos.”, acrescentou.
Segundo o ministro
da Saúde do país, Mikhail Murashko, a vacina continuará passando por testes
clínicos com a participação de milhares de pessoas.
A velocidade do
desenvolvimento e a falta de transparência levaram à desconfiança em relação ao
imunizante. O Reino Unido, os EUA e o Canadá acusaram a Rússia de ter usador
hackers para tentar roubar pesquisas sobre a vacina contra a covid-19.
A agência de
notícias estatal ressaltou nesta terça-feira (11), em editorial, que ela é
segura. “Hoje muitas mídias e políticos ocidentais questionam a rapidez da
criação da vacina contra a covid-19 na Rússia, levantando dúvidas sobre sua
eficácia e autenticidade. O segredo por trás de tal rapidez é a experiência da
Rússia em pesquisa vacinal”, afirma.
“Desde a década de
1980, o Centro Gamaleya tem liderado o esforço para desenvolver uma plataforma
tecnológica usando adenovírus, normalmente transmitindo o resfriado comum, como
veículos que podem induzir material genético de outro vírus dentro de uma
célula”, acrescentou.
Sobre a rapidez da
produção, explicam que a plataforma tecnológica baseada em adenovírus torna a
criação de novas vacinas mais fácil e rápida, por meio da modificação do vetor
com o material genético de novos vírus. “O processo de modificação vetorial e a
produção em escala demora poucos meses”.
Desde 2015,
pesquisadores russos têm trabalhado no modelo de dois vetores, daí a ideia de
usar dois tipos de vetores adenovirais, Ad5 e Ad26, na vacina contra a covid-19.
Segundo a estatal, o uso de dois vetores é uma tecnologia única, desenvolvida
pelos cientistas do Centro Gamaleya, o que diferencia a vacina russa de outras
vacinas vetoriais de adenovírus em desenvolvimento ao redor do mundo.
Utilizando o método
de dois vetores, o Centro Gamaleya desenvolveu e registrou uma vacina contra o
ebola, aplicada em 2 mil pessoas no Guiné em 2017 e 2018.
“A Universidade de
Oxford está usando um adenovírus de um macaco, o qual nunca foi usado antes em
uma vacina aprovada, ao contrário dos adenovírus humanos. A Johnson &
Johnson está usando o adenovírus Ad26 e a chinesa CanSino o adenovírus Ad5, os
mesmos vetores usados pelo Centro Gamaleya, mas eles ainda terão de dominar a
técnica de dois vetores”, finaliza.
>>>Clique e receba notícias do JRTV Jornal Regional diariamente em seu WhatsApp.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook