
Priscila Rodrigues Garrido Bratkowski, médica Infectologista
Nas últimas semanas, percebeu-se aumento importante dos
atendimentos de casos de dengue no HRTGB e na região. Vamos falar sobre o
assunto.
Um pouco de história
O mosquito Aedes aegypti surgiu na África e de lá se espalhou
para Ásia e Américas, principalmente através do tráfego marítimo. No Brasil,
chegou durante o século 18, provavelmente nas embarcações que transportavam
escravos (os chamados navios negreiros).
Há relatos de epidemias de dengue já em 1916, em São Paulo, e
em 1923, em Niterói. O mosquito chegou a ser considerado erradicado na década
de 50, porém foi reintroduzido no país, oriundo de países vizinhos.
Mais recentemente, a doença no Brasil apresenta ciclos
endêmicos e epidêmicos, com epidemias explosivas ocorrendo a cada 4 ou 5 anos.
Dados epidemiológicos
Nos últimos dez anos, têm-se observado, além do elevado
número de casos, o aumento da gravidade da doença e, consequentemente, de
hospitalizações.
Em Santa Catarina desde o início do ano de 2022, vem se
registrando um grande aumento nos casos de dengue, especialmente na região
Oeste. O estado evidenciou um aumento de 144% no número de notificações de
casos suspeitos em comparação ao mesmo período do ano de 2021, e de 108%, no
número de casos confirmados da doença.
Entre os casos confirmados de dengue, 22 apresentaram sinais
de alarme e 10 óbitos foram registrados, sendo quatro confirmados e seis ainda
em investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde.
O mosquito
A transmissão da dengue acontece durante a picada da fêmea do
mosquito Aedes
aegypti infectado com vírus.
O mosquito vive na região urbana e possui hábitos diurnos,
ou seja, a hematofagia (alimentação), cópula (reprodução) e oviposição (postura
de ovos) ocorrem durante o dia.
Os ovos são colocados em grupos a milímetros acima
da superfície da água (e não diretamente nela). Quando chove, o nível da água
sobe, entra em contato com os ovos e esses eclodem em poucos minutos. Em um
período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até
dar origem a um novo mosquito, que vive de 15 a 20 dias.
A fêmea se alimenta de sangue humano a cada 3 dias em média para maturar seus
ovos. Uma fêmea infectada pode ter várias alimentações sanguíneas curtas
em diferentes hospedeiros, disseminando assim o vírus.
Uma vez contaminada com o vírus da dengue, após um período de
8 a 12 dias de incubação, a fêmea torna-se vetor permanente da doença.
Calcula-se que haja uma probabilidade entre 30 e 40% de chances de suas crias
já nascerem também infectadas.
O vírus e suas manifestações
O vírus da dengue apresenta quatro sorotipos denominados
DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
Após a picada, os sintomas podem surgir entre quatro e 10
dias. A infecção não é transmitida pelo contato direto com pessoas infectadas.
Quando causa sintomas, a primeira manifestação da dengue é a
febre alta de início abrupto, que tem duração de dois a sete dias, associada à
dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos.
Manchas pelo corpo estão presentes em 50% dos casos, podendo haver coceira
associada. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes.
No que se refere à forma mais grave, conhecida como febre
hemorrágica da dengue, há um agravamento do quadro no terceiro ou quarto dia de
evolução, com aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso
circulatório. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações
neurológicas, como convulsões e irritabilidade.
É importante observar a presença dos sinais de alerta
(vômitos persistentes, dor abdominal, hipotensão postural, hemorragias e
inquietação) e, na presença desses, procurar imediatamente atendimento médico.
Diagnóstico e tratamento
A doença é confirmada através de exame de sangue (pesquisa
de antígeno NS1 ou de anticorpos IgM/IgG).
Não há um remédio específico eficaz contra o vírus da dengue.
O tratamento é realizado a base de analgésicos e antitérmicos e pode ser feito
no domicílio. Indica-se hidratação com aumento da ingestão de água e
líquidos como sucos, chás, soros caseiros. Não devem ser usados medicamentos
com ácido acetilsalicílico (AAS), por aumentar o risco de hemorragias. Já a
dengue hemorrágica deve ser manejada em ambiente hospitalar.
Prevenção da doença
Uma vez que os focos de mosquito já estão instalados e o
vírus já se disseminou, como medida individual de proteção, sugere-se o uso de repelentes.
Os repelentes devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo
e podem ser utilizados por cima da roupa também. Lembrar de reaplicar de acordo
com a indicação de cada fabricante e em caso de suor excessivo ou contato com
água. Não há contra indicação para uso em gestantes, desde que o produto tenha
registro na ANVISA.
O uso de repelentes em crianças requer alguns cuidados. O
produto não deve ser utilizado em crianças menores de 6 meses. De 6 meses a 2
anos, podem ser utilizados aqueles à base de IR3535. Acima dessa idade, também
podem ser utilizados os repelentes a base de icardina e DEET, devendo-se
observar a concentração do produto. O uso deve se restringir a 3 vezes por dia,
lembrando que nunca deve aplicar o repelente diretamente no rosto.
Como medida de proteção coletiva e prevenção de novos surtos,
devemos todos nos esforçar para diminuir a infestação pelo mosquito Aedes aegypti. Para isso,
sugerimos:
- por
- Jornal Regional
- FONTE
- Hospital Regional Terezinha Gaio Basso de São Miguel do Oeste | Priscila Rodrigues Garrido Bratkowski, médica Infectologista - CRM - SC 16927|RQE 9386 | Diretora técnica - Katia Bugs – médica - CRM 10375 – Nefrologista - RQE 5333
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