Após nove meses da
pandemia do novo coronavírus no Brasil, os primeiros casos de contaminação em
animais com a SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, foram identificados. Dois
cachorros, um buldogue francês e um vira-lata, receberam o diagnóstico
positivo, em Curitiba, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). No último
mês a equipe de estudo multicêntrico da universidade, que irá examinar amostras
de cães e gatos de outras seis capitais, ajudou a Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT) a também diagnosticar uma gatinha com a doença.
Nos casos dos cães,
os donos testaram positivo para o vírus em um primeiro momento. A suspeita é de
que eles tenham transmitido para os pets em razão do contato próximo, como por
dormirem nas mesmas camas. Os sintomas observados nos animais infectados foram
secreção nasal e espirros.
De acordo com
Alexandre Biondo, professor e coordenador da pesquisa na Universidade Federal
do Paraná, os animais podem se infectar pelo vírus, mas isso não se equivale a
dizer que eles têm a doença ou são transmissores.
“A Covid-19 é a
doença causada pelo SARS-CoV-2. Cães e gatos são considerados resistentes ao
vírus, ao contrário de outras espécies animais, como por exemplo os visons e
hamsters que são muito sensíveis e podem desenvolver a doença e transmiti-la às
pessoas. Os cães são mais resistentes que os gatos e, apesar de nós termos
feito a detecção de dois deles em Curitiba, não foram considerados
transmissores”, explica.
O primeiro animal
com a doença no mundo foi identificado em março em HongKong, na China. De
acordo com a professora Valéria Dutra da UFMT, que identificou a gatinha
infectada em Cuiabá, é possível que desde a chegada do vírus outros animais
tenham sido infectados, mas sempre com sintomas leves.
“Acredito que
identificamos o vírus nos animais só agora porque faz pouco tempo que
começamos essas coletas. No início da pandemia a preocupação era com a detecção
do vírus em humanos, mas um tempo depois, começamos a pensar nessa
possibilidade de saúde única e de testar os animais também. É possível que
desde o início da pandemia mais animais possam ter tido contato com esse vírus.
Com o decorrer da pesquisa vamos ter ideia da porcentagem de animais infectados
na nossa população”, planeja.
Segundo estudos já
publicados, gatos podem se infectar e transmitir para outros gatos, mas não há
registros para cães. O professor ainda reforça que o contato mais íntimo entre
humanos e pets pode infectar os bichinhos, sendo indicado o distanciamento e o
uso de máscara em caso de confirmação para tutores que testarem positivo.
A pesquisa
Os dados estão
sendo registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Todas as amostras são enviadas para confirmação no TECSA Laboratório
Animal, para que sejam testadas em outro laboratório de referência. Apesar dos
primeiros resultados positivos, não existe nenhum caso confirmado de cães e
gatos transmissores do vírus ou com registro da doença Covid-19.
O objetivo é
coletar material de pelo menos 100 animais de cada capital participante do
projeto para poder ter o conhecimento da prevalência e se há outros sinais
clínicos ainda não identificados.
Quem tiver
interesse em participar da pesquisa deve entrar em contato por meio do site da
UFPR https://www.ufpr.br/portalufpr/A equipe de atendimento irá até o domicílio coletar o material dos
moradores e também dos animais.
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