O dólar caiu mais
de 2% ante o real nesta segunda-feira (25), fechando o dia no menor patamar
desde o fim de abril, com o mercado estendendo a reação do fim da semana
passada ao conteúdo do vídeo de reunião ministerial, que, para analistas de
mercado, não trouxe elementos novos com potencial de fortalecer chance de
impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Na sessão, o dólar
à vista terminou em queda de 2,08%, a R$ 5,458 na venda. É o menor patamar
desde 30 de abril (R$ 5,438) e a maior desvalorização percentual diária desde
29 de abril (-2,94%). A cotação passou todo o pregão em baixa. Na mínima,
desceu a R$ 5,4440 (-2,33%) e, na máxima, foi a R$ 5,5305 (-0,78%).
A queda do dólar
neste pregão é a quarta consecutiva, período no qual a divisa cedeu 5,26%. É a
maior perda acumulada em quatro sessões desde junho de 2018.
O ambiente externo
mais positivo também ajudou a reduzir a demanda por proteção no mercado
doméstico, o que permitiu ao real contabilizar o melhor desempenho global nesta
segunda.
O cenário político
continuou no foco dos agentes financeiros nesta sessão, a primeira em que o
mercado à vista de dólar repercutiu a decisão, na sexta-feira, do ministro do
STF Celso de Mello de permitir a divulgação do vídeo, com exclusão de apenas
dois trechos, da reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril.
A reunião era apontada
pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro
teria tentado interferir na Polícia Federal.
A expectativa pela
decisão do ministro do STF sobre a liberação ou não do material havia dominado
o mercado na sexta-feira, e o veredicto foi conhecido por volta de 17h, quando
as operações no mercado de dólar à vista estavam encerrando. O mercado futuro —
que fecha às 18h —, porém, capturou as reações, e os contratos de dólar da B3
chegaram a ceder 0,81%, depois de o dólar à vista ter fechado em queda de
apenas 0,15%.
A queda do dólar no
mercado à vista nesta segunda-feira, portanto, refletiu um ajuste ao movimento
do segmento futuro na sessão anterior. Mas mesmo o dólar no mercado futuro
ainda perdia fôlego nesta sessão, sinal de que o mercado tirou do radar um
cenário disruptivo.
"Por não ter
nada de novo, tendo a acreditar que não deveria haver um aumento de
probabilidade de qualquer cenário de impeachment ou complicação política",
disse Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos.
Nesta sessão, a
moeda brasileira, de longe, liderou os ganhos entre os principais rivais, num
dia de dólar fraco contra vários pares emergentes e sem a referência de Wall
Street, cujas operações permaneceram fechadas pelo feriado do Memorial Day nos
EUA.
Mas incertezas
políticas podem permanecer. "Não obstante, a crise política deve
continuar, dessa vez com o foco nas acusações de Paulo Marinho sobre vazamentos
da Operação Furna da Onça por um delegado da PF para Flávio Bolsonaro",
avaliou a Guide Investimentos. O depoimento de Marinho, que é suplente do
senador Flávio Bolsonaro, está previsto para terça-feira.
Para Étore Sanchez,
economista-chefe da Ativa Investimentos, embora o real esteja performando bem
nos últimos dias, parte do movimento também decorreu de fatores externos.
"O Brasil não virou a sensação de uma hora para a outra. E a redução do
risco político de curto prazo não significa que qualquer outro risco que vier
será fichinha", alertou.
Analistas do CIBC
Capital Markets, braço do Canadian Imperial Bank of Commerce, avaliam que
"vazamentos de investigações continuarão sendo prejudiciais" para
aqueles com posições compradas em reais.
"Revisamos
nossa previsão para a taxa Selic para entre 2% e 2,25% até o final de 2020. A
clara postura de queda de juros do BC (Banco Central), apesar dos maiores
riscos fiscais, também deve pressionar o real no curto prazo", disseram em
nota. A meta Selic está em 3%.
O Banco Central
vendeu nesta segunda-feira todos os US$ 2 bilhões ofertados em leilão de
rolagem de linhas de dólares com compromisso de recompra e colocou também o
lote integral de 12 mil contratos de swap cambial tradicional, também para
rolagem.
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