O dólar fechou em alta e renovou recorde nominal mais uma
vez nesta sexta-feira (7), fortalecido também no exterior por conta de dados
econômicos positivos dos EUA e repercutindo a desaceleração da inflação
brasileira.
A moeda norte-americana encerrou o dia em alta de
0,82%, vendida a R$ 4,3198. Na máxima da sessão, marcou R$ 4,3234 – maior valor nominal já atingido durante as negociações.
No dia anterior, fechou em forte alta de 1,08%,
vendida a R$ 4,2847. No ano, acumula alta de 6,86%. O recorde de fechamento,
até agora, é de R$ 4,2850, alcançado em 31 de janeiro.
Cenário local
O movimento de alta do dólar está alinhado com a valorização
da moeda em relação a outras de mercados emergentes. No entanto, mesmo com a
cotação nas alturas, os juros futuros se ajustam em baixa, após a inflação oficial de
janeiro ficar abaixo da expectativa do mercado, destaca o Valor
Online.
O IPCA de janeiro registrou o menor nível para o mês
desde o início do Plano Real ao subir 0,21%. Isso voltou a trazer
questionamentos sobre o espaço para novos cortes da Selic, mesmo depois de o
Banco Central declarar que é adequada a
interrupção do afrouxamento monetário, segundo o Valor Online.
A analista You-Na Park-Heger, do Commerzbank, nota que
o real sofreu significativamente nas últimas semanas com especulações de cortes
nas taxas de juros.
"Agora que isso aconteceu e o BC anunciou que não
há mais reduções na agenda, o real não deve sofrer mais pressão de depreciação
por esse lado. No entanto, a taxa de juros historicamente baixa permanece um
fator oneroso para o real, especialmente porque o juro real está próximo de
zero", diz a analista.
Assim, o Commerzbank não espera uma recuperação do
real por enquanto e diz que a moeda brasileira continua vulnerável a fases de
maior aversão a risco.
Além disso, continuam no foco as preocupações dos
investidores com o coronavírus e com o impacto sobre a economia. Ontem, os
economistas do J.P. Morgan revisaram a projeção de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano de 2% para 1,9%, na esteira da
disseminação do novo vírus.
Mercado
de trabalho dos EUA
Os mercados observam também relatório de emprego do
Departamento do Trabalho dos EUA, que apontou a criação de 225 mil postos em
janeiro, mas alta do desemprego de
3,5% para 3,6% no mês passado.
Os números ajudam a confirmar a resiliência da
economia americana em um momento onde não apenas a zona do euro continua
enfraquecida, como também o surto de coronavírus na China pesa sobre os preços
das commodities e sobre as moedas de países produtores, ressalta o Valor
Online.
"Tínhamos uma visão um pouco menos otimista no
início do ano para o dólar, que parecia querer passar a cair contra algumas
outras moedas commodities. Aí veio o coronavírus e mudou tudo", disse ao
Valor Online José Faria Junior, diretor da WIA Investimentos. "Quando se
olha o quadro externo, vemos que segue bastante benigno para o dólar."
O Banco Central ofertou nesta sexta-feira até 13 mil
contratos de swap cambial para rolagem do vencimento abril de 2020.
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