O dólar fechou em alta pelo sexto dia seguido nesta
sexta-feira (3), engatando a sétima semana consecutiva de ganhos em meio à
cautela generalizada após os casos de coronavírus no mundo superarem 1 milhão,
com dados sobre o emprego nos Estados Unidos destacando
o impacto econômico da pandemia.
A moeda norte-americana encerrou o dia com alta de
1,18%, vendida a R$ 5,3274, novo recorde nominal de cotação (sem considerar a
inflação). Na semana, a moeda acumulou alta de 4,38%. No
ano, a alta é de 32,86%.
Já o dólar turismo fechou a R$ 5,53, sem considerar o
IOF.
Nesta sessão, o Banco Central realizou leilão de até
10 mil swaps cambiais tradicionais com vencimento em outubro de 2020 e janeiro
de 2021, para rolagem de contratos já existentes.
Cenário externo
Os casos globais de coronavírus ultrapassaram 1 milhão na
quinta-feira, com mais de 52 mil mortes, uma vez que a pandemia explodiu nos
Estados Unidos e o número de mortos avançou na Espanha e na Itália, de acordo
com dados da Reuters.
O impacto econômico de tamanha disseminação continuou
assustando os mercados, principalmente após dados norte-americanos praticamente
confirmarem uma recessão na maior potência do mundo.
Nesta sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA
disse que os empregadores do país cortaram 701 mil empregos no mês
passado, depois de criarem 275 mil postos de trabalho em
fevereiro. A taxa de desemprego disparou de 3,5% para 4,4%.
"Os Estados Unidos cortaram 701 mil empregos em
março, evidenciando os primeiros efeitos do coronavírus no mercado de trabalho
americano(...) Aqui, o reflexo foi imediato com o dólar comercial subindo
fortemente", explicou em nota à Reuters Jefferson Rugik, da Correparti
Corretora.
"O coronavírus segue assolando o globo, e, dentre
os países afetados, neste momento os EUA são o que está em evidência,
acrescentou à Reuters Ricardo Gomes da Silva Filho, também da Correparti.
Em nota, a Infinity Asset disse que "o problema
continua a ser a ausência de um espectro temporal, pois a restrição à demanda
pela paralisação se une ao temor pela perda de emprego e renda, os quais se
convertem em adicionais restrições à demanda, piorando a atividade econômica
como um todo".
"O quanto mais avançar tal cenário, mais se
aprofundará a recessão e mais difícil será sua saída. Tal discussão só
conseguirá ganhar corpo nas próximas semanas, com a possível redução do pico de
casos nos EUA e Europa."
Cenário
local
Em 2020, o dólar já acumula alta de mais de 30% contra a
moeda brasileira. Apesar de a crise de saúde ser fator importante para essa
valorização, analistas apontam a falta de fluxo estrangeiro nos mercados
brasileiros como uma pressão adicional sobre o real.
O atual patamar da Selic, em mínima histórica de
3,75%, colabora para a redução do investimento vindo do exterior, uma vez que
reduz rendimentos atrelados à taxa básica de juros, tornando alguns ativos
brasileiros menos atraentes.
No Brasil, as medidas econômicas do governo estão no
radar dos investidores. Na quarta-feira, foi anunciado programa de preservação
de empregos que permite redução de salário e jornada de até 70% por um período
de três meses, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos
trabalhadores, ou a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias.
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