Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estudam aplicar um
antiviral originalmente usado contra hepatite C no tratamento da Covid-19. Os testes,
realizados em células in vitro mostram que a droga daclatasvir teve bons resultados
ao inibir a replicação do novo coronavírus. A droga também reduziu a produção
de substâncias inflamatórias associadas aos casos graves da doença.
No artigo científico que
divulgou a descoberta, os pesquisadores ponderam que antivirais contra o vírus
da hepatite C estão entre os mais seguros e por isso defendem a realização de
ensaios clínicos. Contudo, defendem também cautela na liberação de medicamentos
contra o novo coronavírus.
“Estamos vivendo
aquela figura de linguagem de ‘trocar o pneu do carro com carro em movimento’.
O mundo só tem 5 meses de conhecimento sobre essa doença. Não tenho dúvida que
a ciência vai entregar o melhor cronograma de antiviral, anti-inflamatório ou
anticoagulante. Só que isso leva tempo. Como a gente ainda não tem essas
respostas, o isolamento social e o uso de máscara é o recomendado”, orienta
Thiago Moreno, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em
Saúde da Fiocruz (CDTS) e líder do estudo.
Os testes tanto com
o daclatasvir como com outro antiviral usado contra hepatite C, o sofosbuvir,
foram aplicados em três tipos de células, inclusive pulmonares humanas. As duas
drogas agiram impedindo que o vírus replicasse seu material genético, contudo
foi o daclatasvir que apresentou efeitos mais potentes. A substância foi até 4
vezes mais eficiente do que a cloroquina e também mais eficiente do que a
combinação entre lopinavir e ritonavir, coquetel em fase de testes
clínicos.
O infectologista
Alberto Chebabo, do Laboratório Exame, comemora os resultados da pesquisa da
Fiocruz, mas ressalta a importância da realização de testes em humanos: “É uma
droga com atividade in vitro, como temos várias outras, mas que precisa ser
comprovada. Temos muitas substancias que nos estudos em células isoladas
certifica uma boa atuação, mas que na hora dos ensaios clínicos elas não se
mostram eficazes”, explica.
Vacina
A Fiocruz também
trabalha, em Minas Gerais, no desenvolvimento de uma possível vacina contra o
novo coronavírus, que atualmente é testada em animais. A vacina sintética
contém pequenas partes de proteínas do vírus Sars-CoV-2 capazes de induzir a
produção de anticorpos específicos no processo de defesa do organismo.
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