De junho de 2019 a junho de 2020, foram resgatados em Santa
Catarina 1.417 animais vítima de tráfico. Destes, 1.008 foram destinados ao
Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Florianópolis. O Instituto
do Meio Ambiente (IMA) e a Polícia Militar Ambiental, com apoio da Polícia
Civil, vêm intensificando o controle e a fiscalização. Neste ano, já foram
realizadas em conjunto três operações.
Atualmente, 393 animais estão em reabilitação no Cetas. As espécies mais
comuns vítimas do tráfico são as que têm o canto mais bonito e, assim, são
vendidas por um valor mais alto. Em Santa Catarina as maiores ocorrências são
aves como trinca-ferro, canário, coleirinho, papagaio-verdadeiro,
papagaio-de-peito-roxo (na lista de espécie ameaçada de extinção).
As regiões catarinenses onde há maior número de apreensões são Caçador,
Itapema, Balneário Camboriú, Lages, Canoinhas, Tubarão, Joinville, Grande
Florianópolis e Criciúma.
Além de serem retirados do habitat, o que pode comprometer as
características naturais, para serem comercializados, muitas vezes, os animais
são transportados e mantidos em situações precárias. Para facilitar o tráfico e
o cativeiro, são dopados para parecerem mansos, ou mutilados para não fugirem.
Por isso, todos os animais apreendidos são avaliados pelos técnicos e só
quando constatado que estão saudáveis, são soltos. Outros são encaminhados para
instituições parceiras para a reabilitação. E a maioria dos resgatados em Santa
Catarina chega ao Cetas, localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, em
Florianópolis.
O Cetas
Desde 1º de junho de 2019, desde que assumiu a cogestão do Cetas, a equipe
do Instituto Espaço Silvestre recebeu e atendeu 3.239 animais, incluindo os que
já estavam em tratamento no local pela gestão anterior.
Por isso, além da soltura, existem outros encaminhamentos como
transferências para empreendimentos legalizados, repatriação para reabilitação
para soltura no local de origem, devolução para o proprietário no caso de
animais legalizados, doação no caso de animais domésticos, eutanásia quando o
animal fica com sequelas tão profundas que não há mais condições de vida. Há
ainda casos em que a situação de saúde não consegue ser revertida e o animal
vem a óbito.
O tempo necessário para recuperação depende de cada animal. Todos eles
passam por exames veterinários e laboratoriais, além de reabilitação
comportamental. Mas a soltura depende de como respondem a esse processo, da
disponibilidade de área de soltura ou de repatriação.
Um dos animais que mais chama a atenção no Cetas é um filhote gavião,
recebido recentemente após ficar ferido ao colidir com uma vidraça. Com
coloração excêntrica que imita a de um gavião-pato (adulto) é conhecido popularmente
como gavião-de-cabeça-cinza (Leptodon cayanensis).
O custo para a recuperação de cada animal também é variável. As despesas
do local que são de responsabilidade do IMA incluem alimentação, medicamentos,
recintos apropriados, cuidados especializados realizados por técnicos,
marcação, aquisição de equipamentos específicos para contenção, transporte,
aquecimento, tratamento veterinário, manejo, equipamentos de proteção
individual, entre outros.
Antes e depois
A população pode acompanhar o trabalho de reabilitação dos animais em Santa Catarina por meio das redes sociais do IMA. A partir desta segunda-feira, 1º de junho, o órgão ambiental, em parceria com o Instituto Espaço Silvestre, lançou a campanha ANTES e DEPOIS apresentando qual era a situação do animal ao chegar ao Cetas e como ficou após receber todos os cuidados. As imagens podem ser visualizadas no Instagram @imasantacatarina.
A Lei n. 9.605/98 que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente estabelece que é
crime “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”. A pena é detenção de
seis meses a um ano, e multa.
Todo cidadão é fiscal e pode denunciar alguma situação considerada
irregular com relação à fauna silvestre. A denúncia deve ser feita pelo
telefone 190.
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