Com a repercussão
midiática nas redes sociais sobre o vídeo em que o prefeito do município de
Itajaí – SC, Volnei Morastoni, afirma que pretende adicionar aplicação retal de
ozônio como tratamento de pacientes infectados com Covid-19, muitas dúvidas
sobre a eficiência desse método foram surgindo.
Tudo começou a
partir da divulgação de um estudo em andamento conduzido pela Associação
Brasileira de Ozonioterapia (Aboz), no qual a instituição garante que esse
tipo de tratamento pode ajudar na recuperação de pessoas que contraíram o novo
coronavírus. A expectativa é de que até o fim do ano já se tenha resultados
científicos concretos sobre o estudo. “A ozonioterapia tem o objetivo de
colaborar com outras técnicas terapêuticas”, destaca o presidente da
associação, Dr. Arnoldo de Souza.
“Quando o ozônio
entra em contato com os fluidos biológicos, ele se transforma em outra
substância, o peróxido de hidrogênio e os poli aldeídos insaturados. O primeiro
vai atuar de maneira germicida. Atua melhorando a oxigenação dos tecidos,
através do estímulo dos glóbulos vermelhos. Além de tudo, melhora o perfil de
funcionamento da insulina, levando glicose para dentro da célula e favorece o
perfil de funcionamento da glândula tireoide”, explica.
O médico ressalta,
ainda, que a ozonioterapia é uma Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PIC), ofertada pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), para tratamento de algumas doenças, entre elas câncer, problemas
circulatórios, queimaduras, dores articulares, entre outras. Segundo ele,
o método, assim como outros em evidência atualmente, não atinge diretamente o coronavírus,
mas pode ajudar na recuperação de problemas específicos causados pela Covid-19.
“A ozonioterapia
pode atuar sobre todas as manifestações de fenotipagem clínica desta doença. Ou
seja, se a doença provoca inflamação nos tecidos, o ozônio combate a
inflamação. Se a doença provoca fenômenos tromboembólicos, o ozônio melhora a
circulação. Se a doença rouba o oxigênio dos tecidos, o ozônio oferece mais
oxigenação. Se a doença aumenta extremamente o estresse oxidativo do organismo,
o ozônio melhora o combate a esse estresse oxidativo”, pontua.
A pesquisa
científica da Aboz já começou a ser realizada no Brasil, em centros cadastrados
e com os mesmos procedimentos, tanto em âmbito hospitalar quanto ambulatorial.
“Pacientes com Covid-19 serão divididos em dois grupos. Um grupo vai receber o
tratamento convencional que aquela instituição venha ministrando, enquanto o
outro grupo recebe o mesmo tratamento agregado da ozonioterapiza”, afirma.
A ozonioterapia é
uma técnica que utiliza a mistura gasosa oxigênio-ozônio para fins medicinais.
De acordo com a Aboz, o ozônio é um dos oxidantes naturais mais potentes, com
importantes propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais, sendo um
poderoso germicida. O método é considerado de aplicação simples e tem baixo
custo.
Para complementar o
tratamento de pacientes com Covid-19, a forma de aplicação deste protocolo de
pesquisa será a insuflação retal (ânus), considerado por Arnoldo de Souza um
método de baixo risco, seguro e eficaz.
“Há muito
preconceito quando se fala na via de aplicação da ozonioterapia, mas a via
retal é mais segura do que a intravenosa, por exemplo. Este meio de aplicação
também é o que foi aprovado no nosso protocolo de pesquisa ambulatorial pelo
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa”, explica.
Por meio de nota, a
Sociedade Brasileira de
Coloproctologia afirma que “não recomenda a ozonioterapia como tratamento
para a Covid-19, tendo em vista se tratar de uma técnica ainda experimental e
que pode agravar a saúde do paciente”.
O Ministério da Saúde
também informou que a ozonioterapia não deve ser recomendada como prática
clínica ou fora do contexto de estudos clínicos, uma vez que os efeitos da
prática em humanos infectados por coronavírus ainda são desconhecidos e podem
ter maiores complicações.
A Resolução CFM nº 2.181/2018 define a ozonioterapia como um
procedimento que pode ser realizado apenas em caráter experimental. “Isso
implica que tratamentos médicos baseados nessa abordagem devem ser realizados
apenas no escopo de estudos que observam critérios definidos pela Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).”
Durante uma live no
Facebook na noite desta terça-feira (4), o prefeito de Itajaí – SC, Volnei
Morastoni, afirmou que existe a possibilidade de o município adotar a aplicação
de ozônio por via retal como medida de tratamento contra a Covid-19 em
pacientes com casos confirmados da doença.
“Até o momento não
há tratamento definitivo para a Covid e todas as iniciativas baseadas em
estudos científicos são importantes para auxiliar na busca pelo tratamento.
Estamos procurando diversas estratégias para prevenção e redução do impacto
desta pandemia em nosso município”, destaca Morastoni, que também é médico
pediatra e homeopata.
"É uma
aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente
vai ser via retal. É uma aplicação tranquila e rápida de dois minutos com
cateter fino, e isso dá um resultado excelente", complementa o prefeito.
Para participar do
estudo, o município deve implantar um ambulatório para tratamento de pacientes
com sintomas leves a moderados da doença com a ozonioterapia de forma
complementar. Ainda não há data prevista para o início do estudo no município.
Os pacientes poderão participar da pesquisa de forma voluntária, desde que
preencham os requisitos do estudo e assinem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da Pesquisa.
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