O primeiro conjunto de diretrizes para o retorno de alunos e
professores à sala de aula em Santa Catarina foi apresentado à sociedade na
tarde desta terça-feira, 28, em reunião virtual com representantes das 15
entidades que contribuíram com o Comitê de Retomada das Aulas Presenciais. O
objetivo do documento de 46 páginas é estabelecer os procedimentos que devem
ser adotados por todas as unidades de ensino do Estado de modo a prevenir e
reduzir a disseminação de Covid-19 no ambiente escolar quando a retomada for
possível.
O secretário de Estado da Educação, Natalino Uggioni, destacou que o
documento é resultado do trabalho conjunto das entidades no âmbito do comitê de
retomada das aulas presenciais, que reuniu-se em cinco grupos de trabalho
durante os meses de junho e julho. Além disso, Uggioni ressalta que as
diretrizes mostram como deve ser o retorno, mas que a data para que as escolas
recebam novamente os alunos apenas será confirmada quando a Secretaria de
Estado da Saúde identificar que há segurança para essa medida.
“Os trabalhos do comitê culminaram com a elaboração das diretrizes de
saúde e vigilância sanitária, currículo e questões pedagógicas, gestão de
pessoas, alimentação e transporte escolar, para quando retomarmos as aulas
presenciais. Seguimos agora para a implementação, aquisições de EPIs
necessários, ampla divulgação, capacitação, orientações e suporte técnico para
toda a rede, fazendo com que as informações cheguem até onde a educação
acontece, que é nas escolas”, ressaltou o secretário.
O documento concluído e entregue às instituições nesta terça-feira tem
como público os alunos com mais de 14 anos, que integram o Ensino Médio e
Superior, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Profissionalizante. A partir
dessas diretrizes, que serão incluídas no Plano Estadual de Contingência para a
Educação elaborado pela Defesa Civil, as unidades de ensino deverão elaborar
protocolos específicos adaptados à realidade da comunidade escolar.
“É muito bom ver o regime de colaboração sendo colocado em prática, pois é
algo necessário para construirmos a educação de qualidade. Fomos muito exitosos
nessa primeira etapa de discussões. Temos agora o desafio de fazer as
adequações para o Ensino Fundamental e a Educação Infantil, além de outro
desafio que é executar as diretrizes propostas nesse documento”, afirmou o
promotor João Luiz de Carvalho Botega, que representou o Ministério Público na
reunião.
Base para as diretrizes da Educação Infantil e Ensino
Fundamental
As diretrizes específicas para outros níveis e modalidades, como Ensino
Fundamental, Educação Especial e Ensino Infantil, também seguirão os
procedimentos descritos neste documento, com os ajustes voltados às
particularidades de cada público. Há indicação para que sejam criados Planos de
Contingência Regional e Municipal de prevenção, monitoramento e controle da
disseminação da Covid-19, levando em conta características locais e a
possibilidade de regramentos sanitários emitidos pelos municípios.
“É muito importante que as diretrizes gerais não sejam uma receita para
ser aplicada em todos os municípios. Cada município e cada escola também vão
precisar desenvolver os seus protocolos para unirmos esforços na prevenção e
combate à pandemia”, salientou a presidente da Undime-SC, Patrícia Lueders.
No decorrer dos dois meses de trabalho entre as instituições, a SED
apresentou um guia que informa aos municípios os dados demográficos dos
estudantes no Estado. O painel de dados que integra o sistema de inteligência Educação na Palma da Mão aponta por região
monitorada pela Secretaria de Estado da Saúde e por cidade, onde estão os 1,6
milhão de alunos das redes pública e privada catarinense.
O Decreto nº 724, publicado pelo Governo do Estado, suspende até 7 de
setembro as aulas presenciais nas unidades das redes pública e privada de
ensino municipal, estadual e federal, relacionadas à educação infantil, ensino
fundamental, nível médio, educação de jovens e adultos e ensino técnico em
Santa Catarina.
Síntese: Cinco Diretrizes para a retomada
1) Diretrizes Sanitárias
- Avaliar a possibilidade de retorno gradativo das atividades escolares,
com intervalos mínimos de sete dias entre os grupos regressantes (dividindo por
níveis ou cursos, por exemplo);
- Avaliar a possibilidade de retorno das atividades em dias alternados,
para turmas alternadas, como forma a ampliar a possibilidade do distanciamento;
- Providenciar a atualização dos contatos de emergência dos alunos e
trabalhadores antes do retorno das aulas, bem como mantê-los permanentemente
atualizados;
- Professores devem usar máscaras descartáveis e trocá-las ao fim de cada
aula, enquanto alunos, trabalhadores e demais visitantes podem usar máscaras de
tecido ou descartáveis e substituí-las a cada duas horas durante o tempo que
ficarem na escola;
- Aferir a temperatura de todas as pessoas com termômetro digital
infravermelho na entrada da unidade, proibindo o ingresso de quem registrar
temperatura igual ou superior a 37,8ºC;
- Escalonar o horário de saída de alunos, assim como os horários de
intervalo, refeições, utilização de ginásios, bibliotecas, pátios, entre
outros, a fim de preservar o distanciamento mínimo;
- Suspender as atividades esportivas coletivas, como futebol e voleibol,
além de avaliar a possibilidade de que as aulas de educação física sejam
temporariamente teóricas;
- Promover o isolamento imediato de qualquer pessoa que apresente sintomas
gripais, além de realizar monitoramento diário dos trabalhadores e alunos que
estejam com os sintomas.
2) Diretrizes pedagógicas:
- Garantir a validação das atividades não presenciais para o cumprimento
da carga horária mínima legal vigente estipulada para cada etapa e modalidade
de ensino;
- Assegurar as atividades escolares não presenciais aos alunos com
especificidades que não poderão retornar presencialmente;
- Avaliar com professores a posição da família, com relação ao retorno
presencial de alunos da educação especial, com foco na funcionalidade e
autonomia, sendo garantida a continuidade das atividades remotas aos que
estejam impossibilitados do retorno;
- Avaliar o desenvolvimento de cada estudante em relação aos objetivos de
aprendizagem e habilidades propostas com as atividades pedagógicas não
presenciais e, caso necessário, construir um programa de recuperação;
- Redefinir estratégias do processo pedagógico e objetivos de
aprendizagem, tendo em vista a BNCC, o CBTC ou Currículo de Referência e
constituindo uma continuidade da aprendizagem.
3) Diretrizes para Gestão de Pessoas
- Recomendar que todos os profissionais da educação respondam a um
questionário autodeclaratório antes de acessar o local de trabalho, com o
objetivo de identificar casos suspeitos de Covid-19;
- Recomendar que as redes de ensino realizem diagnóstico para mapear quais
e quantos trabalhadores e estudantes se enquadram no grupo de risco;
- Priorizar o trabalho remoto aos profissionais que se enquadram no grupo
de risco, de forma que não haja prejuízo ao serviço público;
- Prever apoio psicossocial a estudantes, familiares e profissionais da
educação;
- Realizar simulados e capacitar a comunidade escolar para entender e
respeitar as novas normativas das aulas presenciais antes do retorno.
4) Diretrizes do transporte escolar:
- Detalhamento da lotação máxima de cada veículo do transporte escolar,
considerando veículo de passeio, van, micro-ônibus, ônibus e transporte
coletivo;
- Adequar a frota de modo a compatibilizar o quantitativo de veículos com
o de passageiros a serem transportados, respeitando a limitação definida para
cada modalidade de transporte, inclusive disponibilizando linhas extras, se
necessário;
- Disponibilizar e exigir o uso simultâneo de máscaras e “face shield”, tanto para o condutor do
veículo quanto para o monitor, da entrada no veículo até o desembarque do
último aluno;
- Os motorista ou monitores escolares deverão aferir a temperatura dos
estudantes antes da entrada no transporte escolar, não permitindo o ingresso de
quem estiver com temperatura 37,8ºC ou acima;
- Realizar campanha de conscientização para que os pais e responsáveis
priorizem o transporte próprio de seus filhos, visando evitar o risco de
contaminação dentro do transporte escolar.
5) Diretrizes da alimentação escolar:
- Cada unidade de ensino deve atualizar o Manual de Boas Práticas de
Manipulação e os Procedimentos Operacionais Padronizados para adequá-los ao
período de combate à disseminação da Covid-19;
- Substituir os sistemas de autosserviço de bufê, utilizando porções
individualizadas ou disponibilizando funcionário(s) específico(s) para servir
todos os pratos e entregar utensílios;
- Estabelecer horários alternados de distribuição de alimentos e
utilização de refeitórios e praças de alimentação, com o objetivo de evitar
aglomerações;
- Organizar a disposição das mesas e cadeiras no refeitório de modo a
assegurar que a utilização proporcione o distanciamento mínimo de 1,5 metro
entre as pessoas;
- Recomendar que não sejam trazidos alimentos externos. Caso houver a
necessidade, estes deverão estar higienizados e embalados conforme
recomendações sanitárias.
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