Empresas
interessadas em produzir sementes dos milhos desenvolvidos pela Epagri têm até o
dia 26 de agosto para se inscrever no edital dechamada pública. É a chance para ingressar em um negócio
lucrativo, já que o interesse dos agricultores familiares pela tecnologia
cresce a cada ano.
Serão selecionadas
até duas empresas especializadas em produção de sementes de milho para produzir
e comercializar, sem exclusividade, sementes dos cultivares de milho SCS154
Fortuna, SCS155 Catarina e SCS156 Colorado.
Felipe Bermudez,
melhorista genético de milho do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar da
Epagri (Epagri/Cepaf), conta que, em 2020, foram necessários apenas alguns dias
para vender todas as sementes de milho disponibilizadas. Em 1 de julho e Epagri
ofereceu 19.130 quilos de sementes de milho Catarina, 11.100 quilos de Fortuna
e 3.280 quilos de Colorado. As sementes do Catarina se esgotaram em menos de 24
horas. Como não há empresas licitadas, a multiplicação e venda das sementes vêm
sendo feitas pela própria Epagri, situação que se pretende alterar em 2021.
Exigências
O pesquisador da
Epagri lembra que a empresa interessada precisa atender algumas exigências para
se inscrever no edital. Entre outras condições, ela precisa estar inscrita no
Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), ter uma unidade de
beneficiamento própria, terceirizar ou utilizar a da Epagri de Campos Novos por
mrio de contrato de prestação de serviços.
O prazo de vigência
do contrato será de 10 anos. A empresa vencedora da licitação vai pagar pela
aquisição da semente genética produzida pela Epagri. Além disso, serão
recolhidos para a Epagri royalties anuais de 5% sobre o valor
total bruto das vendas de sementes comercializadas. A semente produzida deverá
atender às normas e padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura.
Milho VPA
Os milhos
desenvolvidos pela Epagri são do tipo VPA (Variedade de Polinização Aberta) e
demandaram mais de uma década de estudos cada um. Para chegar aos milhos VPA,
os pesquisadores da Epagri escolheram grãos de plantas com as características
que desejavam reproduzir. Essas sementes foram cultivadas em um mesmo espaço e
foram se cruzando naturalmente. Ao longo de seis ou sete gerações, as espigas
melhores foram selecionadas até que se chegou a uma nova variedade de
polinização aberta.
Bermudez ressalta
que o milho VPA é diferente do transgênico e do híbrido. Ele é resultado de
melhoramento genético em campo, sem alteração de genes em laboratório. É um
produto rústico, muito adequado à produção familiar, já que não exige grandes
investimentos em tecnologia, como adubação e defensivos. O custo da semente
também é bem mais acessível a pequenos agricultores, na comparação com híbridos
e transgênicos.
Na safra 2019/20 os
milhos da Epagri também se comportaram melhor diante da estiagem que se apresentou. Seu ciclo
diferenciado e sua rusticidade contribuíram nessa hora. O agricultor Zênio
Genésio Szostak, de Irineópolis, optou pelo Fortuna e as espigas apresentaram
preenchimento normal de grãos, apesar da pouca chuva. Renan Daniel de Oliveira,
de Rio do Oeste, semeou o Catarina e não sofreu grandes perdas na sua plantação
com a estiagem, principalmente quando comparou seus resultados com o do
vizinho, que plantou semente híbrida. César Dalprá, de Lontras, plantou o
Colorado, que enfrentou a estiagem e respondeu muito bem depois da chuva e
também impressionou pelo bom rendimento na alimentação dos animais.
O bom resultado dos
milhos VPA da Epagri vem de sua grande plasticidade genética. Uma planta é
geneticamente diferente da outra, o que significa que ele pode sofrer com
variações climáticas, doenças e pragas, mas apresenta maior estabilidade que o
híbrido, evitando perdas maiores de safra. No caso dos híbridos, como as
plantas são geneticamente muito parecidas, terão reações similares a situações
de estresse, gerando perdas maiores no caso de ocorrência desses imprevistos.
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