O secretário do
Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta segunda-feira (3) que os
governadores deveriam vir à Brasília nesta semana e pressionar os deputados
para que os estados não sejam excluídos da reforma da Previdência.
Em entrevista à radio CBN pela manhã, Mansueto Almeida explicou que a
retirada dos entes federativos da reforma que tramita na Câmara dos Deputados
dificultaria o ajuste de contas, pois cada estado e município teria de aprovar
sua própria alteração de regras previdenciárias. Na análise de Mansueto, eles
teriam, nesse caso, de passar por uma "briga longa junto ao poder
legislativo local".
Se permanecerem dentro da reforma, as mudanças passariam a "valer
automaticamente" para eles, observou Mansueto Almeida.
"Nós temos hoje uma realidade muito clara em quase todos os estados
do Brasil. Em média, dois terços dos servidores públicos estaduais estão em
regimes especiais de aposentadoria e se aposentam, em média, aos 49 anos de
idade. Eu vou falar isso de forma muito clara: enquanto no Brasil as pessoas
estiverem se aposentando aos 49, 50, 50 e tantos anos de idade, não haverá
ajuste fiscal [das contas públicas] neste país", declarou.
Neste fim de semana, o relator da proposta de reforma da Previdência na
comissão especial da Câmara, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que
o déficit previdenciário de estados e prefeituras soma R$ 96 bilhões por
ano. Sob pressão para deixar as previdências estaduais e
municipais de fora da reforma, o deputado ainda não decidiu se irá mexer neste
ponto no parecer final.
Também nesse sábado (1º), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que gostaria que o Congresso mantivesse estados e municípios dentro da
proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo.
Ele ponderou, porém, que o "impasse" sobre o tema deve ser resolvido
pelos parlamentares e, portanto, disse não ter "nada a ver com isso".
Regra de 'ouro'
O secretário do Tesouro Nacional também pediu que o Congresso Nacional
aprove um crédito suplementar de R$ 248 bilhões para que o governo possa pagar
despesas previstas para este ano sem descumprir a chamada "regra de ouro".
Essa regra impede que o governo contraia dívida para cobrir despesas
correntes, como o pagamento de salário de servidores. A lei admite que o
governo se endivide apenas para fazer investimentos, que podem depois se
refletir em crescimento da economia e em aumento da arrecadação.
Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o
projeto em que o governo pede ao Congresso um crédito suplementar para evitar o
descumprimento da chamada "regra de ouro" neste ano "embananou de novo".
Isso porque, de acordo com ele, há a previsão de que não seja necessário
utilizar todo o espaço de R$ 248 bilhões – para novo endividamento – solicitado
pelo governo federal. A necessidade atual, segundo o Tesouro, poderia ser
menor, de R$ 146,7 bilhões.
Mas, de acordo com Mansueto, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) de 2019, assim como o orçamento deste ano já foram aprovados contendo o
valor inicial, de R$ 248 bilhões, uma mudança neste momento também geraria a
necessidade de alteração dessas leis – atrasando o pagamento de despesas.
Por isso, ele pediu que o valor inicial seja aprovado. Caso isso não ocorra até meados de junho, explicou o secretário, algumas despesas já começarão a ficar comprometidas, como aqueles com o Plano Safra – crédito para agricultor – e o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) – salário mínimo dado a pessoa com deficiência e ao idoso de baixa renda. "O dinheiro está na conta única do Tesouro, mas, para gastar, precisa de autorização do Congresso Nacional", concluiu.
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